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    • Talibã anuncia a volta do apedrejamento de mulheres até a morte no Afeganistão

    A notícia alardeia o apedrejamento público feminino até a morte e também manifesta a revolta com o retorno do açoitamento público para homens, mulheres e crianças e, ao que dá a entender, outras práticas como estas. Nos últimos 40 anos temos assistido, incrédulos e indignados, às práticas a que as pessoas vêm sendo submetidas - em especial a população feminina - em vários locais do planeta: as proibições de estudar, de trabalhar, de circular, de serem vistas ou ouvidas e muito mais. Suely Marchesi comenta.

    • Data :28/12/2024
    • Categoria :

    Grupos de defesa dos direitos humanos no Afeganistão apontam que a volta dos apedrejamentos foi permitida pelo silêncio da comunidade internacional […]

    por Giovanna Gomes
    ggomes@caras.com.br
    Publicado em 30/03/2024, às 11h30

    Máteria completa em: https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/historia-hoje/taliba…

    O comentário é de: Suely Marchesi

    A notícia alardeia o apedrejamento público feminino até a morte e também manifesta a revolta com o retorno do açoitamento público para homens, mulheres e crianças e, ao que dá a entender, outras práticas como estas. Nos últimos 40 anos temos assistido, incrédulos e indignados, às práticas a que as pessoas vêm sendo submetidas - em especial a população feminina - em vários locais do planeta: as proibições de estudar, de trabalhar, de circular, de serem vistas ou ouvidas e muito mais. A ativista acusa o “silêncio internacional” e a conivência com a violência que parece não ter fim nem limites.

    Em minha carreira como educadora, ouvi algumas vezes, da boca de jovens que devem ter ouvido isso dentro de casa: “direitos humanos são só pra defender bandido”. Pois esta é exatamente o tipo de notícia que derruba essa alegação. Mas também tenho ouvido com frequência a frase atribuída ao filósofo e estadista Edmund Burke: “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.”

    Os espíritos afirmam a Kardec, na questão 657 de O Livro dos Espíritos, que “não fazer o bem já é um mal” por si só. Jesus, em uma de suas passagens mais recontadas, desafia os que queriam apedrejar uma mulher dizendo que atirasse a primeira pedra aquele que jamais tivesse pecado. Ao menos essas pessoas tiveram a decência de sair de fininho.

    Aterradora é a frequência com que a história se repete. Ouvimos falar de atitudes assim nas aulas de história e mal podíamos acreditar que essa barbaridade pudesse ter acontecido. Ao menos era uma realidade distante, de tempos onde tal violência (em nome de Deus!) e a falta de qualquer direito eram comuns. Coisas de séculos passados. E vemos os fatos e atitudes se repetirem, hoje, século XXI, pós pandemia, na região do planeta que já foi a Luz do mundo.

    O que explicaria tal retrocesso?

    A estudiosa Heloísa Pires afirma que a evolução da humanidade não se dá numa linha ascendente, como imaginamos, mas sim em espiral, intercalando períodos de trevas e de iluminação.

    Entretanto, os espíritos amigos nos explicam que a religiosidade é uma experiência única, particular e intransferível. Ao nos colocarmos em prece e/ou em postura de recebimento (de um passe, por exemplo) abrimo-nos para a manifestação da espiritualidade superior, que nos preenche de serenidade, de luz, de contentamento, ainda que muitas vezes só consigamos perceber uma pequena parte do que nos é ofertado.

    A pessoa que não consegue viver nada disso e ainda vê que os outros conseguem, sente imensa dor, uma dor que nem mesmo compreende, porque não sabe de onde vem. Segue rigorosa, meticulosamente, todas as regras da religião que frequenta e, ainda assim, não consegue ter essa experiência, porque não entende que essas regras foram estabelecidas não por esta espiritualidade de Luz, mas por homens que queriam controle sobre seus semelhantes. Assim, passa a exigir dos outros que sigam as tais regras ao detalhe, querendo igualar a todos no molde que conhecem. Semelhanças com certos fariseus da época de Jesus são mera coincidência, com toda certeza…

    O problema é que não percebem a violência desmedida desta atitude.

    Nem é preciso comentar o quanto isso se torna ainda mais absurdo sob a lógica dos conhecimentos trazidos pela Doutrina Espírita: se os espíritos revezam nos reencarnes o gênero do corpo de carne assumido, para que possam experienciar os vários pontos de vista da sociedade e ampliar aprendizados, não é possível justificar a repressão e o desmantelamento da vida dessas mulheres, nem a violência pública contra a população geral.

    Ficam várias reflexões para nossas vidas. A comunidade internacional não deveria interferir? Exigir o fim dessas regras violentas? Exigir o cumprimento dos Direitos Humanos? Até onde se pode alegar tradição “milenar" sobre isso? E nós? Será que no nosso dia a dia, tão distante (achamos), não permitimos que tais coisas aconteçam, talvez em menor escala, talvez não, alegando que “em briga de marido e mulher não se deve meter a colher” ou algo parecido? Como educamos nossos filhos e filhas? Até onde vai nossa responsabilidade sobre o próximo?

    “O senhor disse a Caim: “Onde está seu irmão Abel?” – Caim respondeu: “Não sei! Sou porventura eu o guarda do meu irmão?” (Gênesis, 4:9)

    Suely Marchesi é espírita e colaboradora do Espiritismo.Net.