UOL
Letícia Rós e Veridiana Mercatelli
Colaboração para Universa
“Eu me casei e vivi um relacionamento em que eu era cobrada o tempo inteiro para estar sempre bem, sorridente. Minha filha nasceu e a coisa ficou mais séria, pois tinha cobrança da família toda - a minha e a dele - para que eu sempre estivesse disponível para todos. Quando minha filha completou três meses, descobri que o fulano tinha uma outra família em outra cidade. Eu me mandei de volta para a casa da minha mãe e em momento algum pude demonstrar que estava sofrendo. Afinal, agora eu era uma mãe solteira ‘por opção’. Desse dia em diante, tive que me dedicar como profissional, mãe, filha, neta, irmã. Não tinha o direito de dias tristes, de reclamar nem de pedir ajuda. Na minha casa, depressão era coisa de gente que não tinha o que fazer, era uma desculpa. Até que um dia, saindo do trabalho, eu tive minha primeira crise de pânico. Não consegui entrar no ônibus para voltar para casa, chorei copiosamente por horas! Logo na sequência, descobrimos que minha mãe estava com câncer e ela morreu em três meses. Depois, minha filha teve alguns episódios de convulsão e eu continuei adoecendo mentalmente, porque queria abraçar o mundo e dar conta de tudo. Foram os piores dez anos da minha vida. Vivi um luto de mim mesma. Até que reencontrei um antigo namorado, psicólogo, que me ‘obrigou’ a me dar atenção. Ele me fez procurar um médico e estou há, pelo menos, cinco anos sem crises. Mas não foi fácil aprender a dizer ’não posso’, ’não quero’ e ‘hoje não estou bem’.”
19 Sep, 2018Camilla Veras Mota - @cavmota
Da BBC Brasil em São Paulo
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