Legalizado na Suíça, o método foi utilizado pelo escritor Antonio Cicero. À DW, a diretora da Exit – associação de auxílio ao suicídio assistido no país – defende o procedimento como uma forma especial de alívio do sofrimento.
A íntegra da matéria pode ser acessada em:
https://www.dw.com/pt-br/possibilitar-o-suic%C3%ADdio-assistido-%C3%A9-um-ato-de-humanidade/a-70597778
O comentário a seguir é de Mabel Perito Velez e David Perito Velez:
O teor do artigo em questão, assim como a atividade da instituição citada, incorrem em uma contradição insanável, pois nenhum suicídio poderá jamais ser considerado um ato de humanidade, seja pela perspectiva do indivíduo, seja pela da coletividade terrestre. Quando se trata de evoluir, o que se espera do companheiro de jornada nunca será o incentivo à desistência, mas sim o apoio mútuo para alcançar a meta. É isso que a Filosofia Espírita nos esclarece em relação ao tema abordado.
O Espiritismo veio revelar, ou melhor, relembrar o que havia sido esquecido ou ocultado: a existência da reencarnação como meio de evolução moral e intelectual do Espírito imortal, criado simples e ignorante por Deus, mas dotado de livre-arbítrio e igualdade de oportunidades. As desigualdades aparentes, sejam de condição física ou social, são meras consequências de nossas ações, presentes e pretéritas.
Em “O Livro dos Espíritos”, capítulo II, “Da Encarnação dos Espíritos - I. Finalidade da encarnação”, pergunta 132, encontramos a seguinte explicação:
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la, é que, em cada mundo, o Espírito toma um instrumento em harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio progride. A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, em Sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar Dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.”
Não há dúvida de que abreviar a vida corpórea impede a evolução do Espírito e, consequentemente, o progresso da obra divina.
A codificação kardequiana, com sua clareza habitual, é inequívoca ao afirmar que o suicídio é sempre contrário às leis divinas. Vejamos a resposta dos Espíritos Iluminados a Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”:
“953. Quando uma pessoa vê diante de si uma morte inevitável e terrível, é culpada por abreviar de alguns instantes seus sofrimentos, através de uma morte voluntária?
R - Somos sempre culpados por não esperar o termo fixado por Deus. Além disso, estaremos bem certos de que, apesar das aparências, esse termo tenha chegado e de que não poderemos receber um socorro inesperado, no último momento?”
É a visão materialista do homem, limitada aos valores propagados pela ignorância da incredulidade, que o faz considerar o suicídio assistido um ato de humanidade e um direito à autodeterminação pessoal.
O artigo em questão, erroneamente motivado por noções desvirtuadas de compaixão, fala em humanização e libertação do sofrimento, mas carece de entendimento sobre o verdadeiro sentido dessas palavras diante da existência espiritual do ser.
Quanto mais seguro é o conhecimento sobre a continuidade da vida após a morte, melhor compreendemos o papel redentor da dor, que se torna uma oportunidade de aprendizado e evolução espiritual.
O escritor espírita Léon Denis, em “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, afirma:
“Os motivos de suicídio são de ordem passageira e humana; as razões de viver são de ordem eterna e sobre-humana. A vida, resultado de todo um passado, instrumento do vir a ser, é, para cada um de nós, o que deve ser, na balança infalível do destino. Aceitemos corajosamente as vicissitudes, que são remédios para nossas imperfeições, e saibamos esperar pacientemente a hora fixada pela lei equitativa como termo de nossa etapa terrestre.”
O Espiritismo nos esclarece que a dor é um meio de libertação do Espírito para novos processos evolutivos. Compreendendo a programação das vidas sucessivas, podemos descartar a ideia fria de que a morte é o fim.
As nações que autorizam o suicídio assistido acreditam estar isentas da responsabilidade moral, mas, na verdade, participam ativamente na abreviação da vida de um irmão de caminhada, a quem devemos oferecer apoio, jamais a extinção do depósito sagrado da vida.
Novamente, Léon Denis, agora em “Depois da Morte”, adverte:
“Segundo a expressão de um Espírito, o suicida não foge ao sofrimento senão para encontrar a tortura. O suicídio não põe termo aos sofrimentos físicos nem morais. Longe de abreviar sua prova, ele a prolonga indefinidamente. Terá de suportar as provas das quais tentou escapar e enfrentá-las em condições ainda mais penosas.”
Diante dessas reflexões, cabe lembrar que estamos em um momento de transição planetária, como descrito por Allan Kardec em “A Gênese”, capítulo XI, itens 37 a 49. Aceitar com resignação as provas penosas é a chave para ingressarmos no mundo de regeneração.
Confiemos, pois, nas leis divinas e na força do Espírito imortal, cientes de que a dor é passageira, mas a evolução espiritual é eterna.