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Tiroteio na comunidade carente. Mandamos a polícia, carros blindados, armas. Tampamos a panela de pressão. Brigas em casa, discussões. Cada um fica em um quarto e sem se falar, convivem friamente. Tampamos a panela de pressão. Deprimido, triste, a namorada o abandonou e mergulha nos remédios de tarja preta, na automedicação que busca a paz química. Tampamos a panela de pressão. Tampamos diariamente, a luz dos problemas, as panelas de pressão de nossas vidas. Cortamos a aparição do efeito e jogamos as contradições para dentro, fugindo do âmago dos problemas, o cerne das questões. Ocultamos e não tratamos, esperando o dia que esses efeitos se tornem incontroláveis, no famoso caldo que entorna.

Tiroteio na comunidade carente. Mandamos a polícia, carros blindados, armas.

Tampamos a panela de pressão.

Brigas em casa, discussões. Cada um fica em um quarto e sem se falar, convivem friamente.

Tampamos a panela de pressão.

Deprimido, triste, a namorada o abandonou e mergulha nos remédios de “tarja preta”, na automedicação que busca a paz química.

Tampamos a panela de pressão.

Tampamos diariamente, a luz dos problemas, as panelas de pressão de nossas vidas. Cortamos a aparição do efeito e jogamos as contradições para dentro, fugindo do âmago dos problemas, o cerne das questões. Ocultamos e não tratamos, esperando o dia que esses efeitos se tornem incontroláveis, no famoso caldo que entorna.

Deixamos na conta do tempo, na esperança de que tudo passará. Mantemos os conflitos, os atritos e nos postamos contritos, como meteoritos a vagar sem rumo, fugindo de novos impactos, pelos quais nos vemos atraídos novamente, pela irresistível força da gravidade.

A postura de colocar a “tampa na panela” é um paliativo, utilizado por todo nós, a mancheias, mas que pouco contribui com a edificação do homem de bem. O Evangelho Segundo o Espiritismo, no seu Capítulo V, já tratava desse assunto, quando diz que: “(…) Essas aflições são, ao mesmo tempo, expiações do passado, que nos castigam, e provas que nos preparam para o futuro. Rendamos graças a Deus que, em sua bondade, dá ao homem a oportunidade da reparação e não o condena irremediavelmente pela primeira falta.”

Ou seja, a oportunidade de reparação é uma benção que não pode ser desperdiçada. Mas, essa reparação se dá, em um nível mais profundo, quando avançamos sobre as questões centrais, nas causas de nossas aflições. Munidos das ferramentas do diálogo, da paciência, do perdão e da indulgência, um arsenal do amor, podemos, de forma gradual, ir abrindo essa vaporosa panela, para tentar equilibrar a temperatura.

Ao invés da resolução dos conflitos pela acomodação ou pela negação, empurrando para o futuro, recordemos que a hora é agora, nessa encarnação, de crescermos e avançarmos. Emmanuel, na psicografia de Chico Xavier, na obra Fonte Viva, indica no texto “Eia agora”, que “(…) Agora é o momento decisivo para fazer o bem. Amanhã, provavelmente…O amigo terá desaparecido. A dificuldade estará maior. A moléstia terá ficado mais grave.” Depois, amargaremos o sabor da oportunidade perdida, e teremos que reiniciar, talvez em uma situação nem tão privilegiada como a presente, ainda que não enxerguemos essas situações promissoras.

Fato, também, que por vezes não damos conta das questões e somente nos restam as soluções paliativas. Mas, isso não inibe a nossa necessidade de saber das nossas fraquezas e que teremos que, em algum momento, retornar aquele ponto. Tal é a Lei.

Coragem para enfrentar os problemas, em um nível profundo….Coragem para resistir a tentação de contornar o problema, deixando sua resolução para outro momento. Essa postura que diferenciará nosso avanço na presente encarnação, como indivíduo ou coletividade. As pressões nos intimidam, mas o calor do momento pode ser equilibrado com o diálogo fraterno e a persistência que faz aquela água fervente retornar ao seu estado natural.

Peçamos a Deus essa coragem, diante dos múltiplos desafios de nossa encarnação, para que possamos, de cabeça erguida, enxergar cada desafio como uma luta a vencer na linha do bom combate e não um dragão que tenhamos que nos esconder, rezando que ele vá embora.

31 de Março de 2015

  • Publicado originalmente na Revista Caminho Espiritual