A violência de todos os matizes deslustra as conquistas sociológicas deste século. Irrompe-se, e em todos os níveis da sociedade, manifestando-se em múltiplas intensidades. A brutalidade humana tem esmaecido o caminho para Deus.
Lemos um jornal, uma revista; assistimos a televisão e a violência é insistentemente veiculada, seja pelos noticiários, pelos documentários; seja pelos filmes, pelos programas de auditório cada vez mais obscuros de valores éticos. Assimilamos subliminarmente as informações e no quotidiano reagimos violentamente, muitas vezes, perante os reveses da vida ou perante as contrariedades. Condenamos a violência alheia, no nosso dia-a-dia; ao invés de agirmos de forma pacífica e fraterna, somos como que andróides, reagindo sempre de acordo com o que motivou a nossa reação. Somos autômatos sem nos apercebermos.
Desde há dois mil anos que Jesus de Nazaré trouxe à humanidade um código de conduta que traria ao homem a felicidade. Essa diretriz que Jesus deixou na Terra é a garantia da paz, da felicidade, do bem-estar social. Contudo o homem perdeu-se no meio das suas lutas, do egoísmo, do orgulho, da violência, ignorou tal diretriz e hoje confronta-se consigo próprio numa mistura explosiva de intranqüilidade interior e gargalhadas descontroladas.
Jamais o homem conquistara tantas coisas na ciência como nos dias atuais, porém nunca caminhou tão vagarosamente em busca de sua espiritualização. São as contradições da vida contemporânea. Esse homem velho, que carrega dentro de si ao longo das várias existências, experiências violentas, vê-se hoje a braços com uma dualidade muito intensa: os hábitos enraizados no passado, nas vidas anteriores, onde semeou essa violência, colhendo hoje na sua vida, já que somos o somatório das nossas vidas pretéritas.
O Espiritismo, demonstrando a imortalidade da alma, através dos fatos mediúnicos, aponta também que existe uma lógica para a vida e que cada um colhe dela aquilo que semeia e/ou semeou outrora, dentro da lei de ação e reação, onde cada ato, positivo ou negativo, irá repercutir-se invariavelmente em nós, trazendo-nos paz ou tormento interior. Claro que quem estuda o Espiritismo e pratica seus preceitos vê-se melhor instrumentalizado para a vida em sociedade, nestes tempos atribulados, encontrando conceitos lógicos e racionais para o entendimento da vida numa visão evangélica da mesma.
Assim sendo, os postulados espíritas são antídotos para a violência, posto que quem o conhece sabe que não poderá se eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o seu futuro será uma decorrência do presente. Aquele que conhece o Espiritismo sabe ainda mais que terá de se modificar moralmente, se quiser ter mais harmonia íntima.
O Espiritismo, no seu aspecto tríplice resgata as Verdades que Jesus ensinou, clareando o raciocínio, interpretando-as com mais lógica e atualidade dentro dos enfoques da pluralidade das existências que cada vez mais vai sendo uma realidade nos centros de pesquisas desatrelados dos dogmas religiosos em torno do estudo da personalidade humana.
Precisamos cultivar a compaixão, a generosidade que se conjuga no ato de dar as coisas para aportar na atitude de olvidarmo-nos espontaneamente em favor do próximo. Aprendermos a orar e meditar, porque quem não tem o hábito de introjetar o pensamento pela meditação não se conhece a si mesmo, e nesse exercício teremos autoridade para soltar as estóicas vozes inarticuladas emitidas por quem sente alegria espiritual como o fez Paulo: “Já não sou quem vive, mas o Cristo vive em mim…”
Torna-se imprescindível praticarmos o Evangelho nos vários setores do campo social, contribuindo com a parcela de mansidão para pacificá-la, até porque, todos desencarnaremos um dia, mas a forma de nos comportarmos dentro do limite berço-túmulo é da nossa livre opção e haveremos de alcançar a iluminação íntima com o ato de desejar, movidos pela fé raciocinada, consoante propõe O CONSOLADOR.
25/12/2005