Fenômenos ditos “sobrenaturais”, “paranormais” ou “espirituais” têm sido objeto de estudo de diversos segmentos como a Parapsicologia, a Psicobiofísica e o Espiritismo. Alguns destes segmentos têm utilizado até mesmo instrumentos eletrônicos e recursos estatísticos para realizar suas análises e satisfazer requisitos básicos das ciências clássicas como a reprodutibilidade, a objetividade e a mensurabilidade. Aqui discuto as razões que levam os pesquisadores a tentarem atingir estes requisitos básicos das ciências clássicas e porque é tão difícil atingir estes mesmos requisitos.
1. O Território da Cientificidade
No estudo dos fenômenos espirituais nos deparamos com certas limitações no que se refere à experimentação científica. Esta classe de fenômenos é ainda muito pouco estudada quando comparada com outros objetos de estudo das ciências clássicas.
A filosofia da ciência reflete sobre o significado da ciência, sobre o quê é ou não é ciência1,2. Sem entrar neste campo de discussão, pode-se afirmar que é mais correto usar a expressão “ciências” ao invés de “ciência” como um único objeto homogêneo e unificado. Mesmo entre as ciências ditas “clássicas”, existe uma diversidade tão grande de objetos de estudo, métodos e técnicas, que algumas são completamente estranhas umas as outras.
Porém, de maneira geral, uma ciência atinge maior status tanto quanto consegue apresentar bem sucedidamente certas características como: reprodutibilidade, controle de seus experimentos, redutibilidade das leis fundamentais que regem o fenômeno, previsibilidade, mensurabilidade, imparcialidade e refutabilidade (o que não pode ser refutado, como a fé, não pode ser científico). Estas características, que não são todas, permitem um melhor conhecimento do objeto de estudo e uma melhor aplicação da técnica ou tecnologia que pretende manipular o objeto, daí o maior sucesso das ciências exatas que atingem um controle meticuloso, satisfazendo as necessidades práticas e produtivas com grande eficiência.
Quando a ciência estuda objetos e fenômenos menos controláveis e redutíveis, ela passa a ter um controle menos preciso. É o caso das ciências humanas que já possuem muitos campos reconhecidos e outros que lutam pelo direito de afirmarem-se “científicos”, como é o caso da Psicanálise e doutrinas econômicas como o Marxismo que ainda não são aceitas por alguns mais ortodoxos como ciência. Algo semelhante ocorre com outros campos da ciência que estudam fenômenos complexos e sistêmicos como as ciências ambientais, que têm mais dificuldades na previsibilidade dos fenômenos estudados.
Por isso, as empresas e órgãos de fomento à pesquisa destinam maiores partes de seus investimentos às ciências exatas e de aplicação tecnológica rentável. O aspirante a pesquisador que está mais preocupado com seu sucesso e reconhecimento do que com sua vocação específica, também não costuma se arriscar pelos terrenos incertos das ciências não exatas e tecnológicas. É mais seguro andar por um terreno sólido do que pelo campo movediço das ciências que estudam fenômenos menos controláveis e redutíveis, além disso, ele terá maiores chances de financiamento se ficar com a primeira opção.
Pioneirismo é para uns poucos que são capazes de arriscar seu nome e sua reputação, isso quando possuem um nome para serem ouvidos, caso contrário, são ignorados. Mesmo quando se inova dentro das ciências clássicas, este é um ato de coragem diante da hostilidade da dita “comunidade científica”. A história conta os casos dos pioneiros que deram certo, que conseguiram calar seus opositores e se tornaram grandes cientistas, mas nunca conta sobre os que foram sepultados por terem a herética postura de ousar um pouco mais. Podemos observar que a prática da ciência não é pura e está também sob a influência de outros interesses alheios ao desenvolvimento da própria ciência. Encontramos nestes arraiais, desde a briga de egos inflados até o confronto de interesses políticos e econômicos.
2. Fenômenos Espirituais e Investigação Científica
De toda classe de fenômenos, os ditos fenômenos espirituais são os menos redutíveis e controláveis e, por isso, mais distantes de atingir aqueles famigerados requisitos que dão o status de ciência ou “mais ciência que as outras ”. Muitos fenômenos desta natureza foram registrados com maior ou menor sucesso, sem que se concluísse de maneira satisfatória a causa dos mesmos, ou seja, o fato de registrarmos com sucesso a ocorrência de um fenômeno “paranormal” não significa que detectamos suas causas. A parapsicologia afirma que a psi é a causa dos fenômenos observados, pode-se afirmar também que tais fenômenos são provocados por um agente espiritual, porém é difícil isolar as causas a fim de que elas possam ser contestadas experimentalmente, ou seja, como contestar algo que não é registrável ou experimentável? Então, muitas das ciências espiritualistas podem ser consideradas científicas por usarem métodos e técnicas das ciências clássicas, mas, ao mesmo tempo, não podem ser consideradas científicas quando se remetem a causas não experimentáveis pelo próprio método científico.
As “ciências espiritualistas” estão comumente associadas às ciências humanas como a filosofia e a psicologia. Para o horror de alguns cientistas das ciências humanas, que aspiram para suas escolas o cargo de “mais ciência que as outras ” (ou pelo menos “ciência como as outras”) tais escolas científicas são confundidas, invadidas ou acusadas de misticismo. Nada pior para quem quer progredir como ciência do que ser associado a crendices ou ser invadido por um rebanho de espiritualistas que vêm comprometer sua cientificidade.
A parapsicologia surgiu também em meio a essa quase neurose de adequar-se àquelas características das ciências clássicas a fim de obter maior respeitabilidade no meio científico e maior eficiência e controle dos fenômenos estudados. Segundo Andrade3, esta escola sucedeu-se à antiga metapsíquica de Charles Richet, diferindo-se desta última principalmente pelo aspecto quantitativo-estatístico, mas, assim como na metapsíquica, a possibilidade de provocar e reproduzir tais fenômenos é limitada: Sua repetibilidade é praticamente inexistente e faz lembrar os fenômenos astronômicos. Alguns críticos têm usado este fato como argumento contrário ao valor científico destas escolas.
Exércitos interessaram-se pelos estudos e observações da parapsicologia4, a antiga União Soviética e os Estados Unidos são os melhores exemplos, e não passa pela cabeça de ninguém as “boas intenções” que eles tinham ao tentarem manipular tais fenômenos. Apesar dos inúmeros relatos mais ou menos confiáveis de experiências bem sucedidas na época da guerra fria, o fato é que esta parceria não permaneceu, pois o controle, precisão, reprodutibilidade e determinação das leis fundamentais que regiam os fenômenos não foram precisados satisfatoriamente aos interesses militares, infelizmente para a parapsicologia e felizmente para a humanidade, uma vez que os exércitos não conseguiram manipular os fenômenos psíquicos em prol de seus interesses.
A parapsicologia, principalmente no auge da guerra fria, teve no poderio militar um aliado perfeito. Eles precisavam de financiamento para seus experimentos e não convinha serem questionados profundamente sobre suas técnicas e métodos. O exército dispunha do financiamento necessário e não tinha que prestar contas de como era aplicado e, além disso, não tinham competência para questionar os pesquisadores parapsicólogos quanto aos seus procedimentos e técnicas. Mas, como o exército queria produção de resultados, o casamento feliz não durou para sempre. A fim de atingir resultados, a parapsicologia, que já surgiu nos meios acadêmicos tradicionais (mais marcadamente na Universidade de Duke a partir de 1927 com o Dr. William McDougall5), dispunha de um arsenal de métodos e técnicas das ciências exatas e tradicionais tais como: análises estatísticas, experimentos delineados conforme as ciências clássicas, aparelhos eletrônicos6, mas não conseguiu atingir o status de ciência na concepção mais clássica do termo.
3. O Desejo pela Cientificidade
Parece mesmo que o desejo oculto de todo pesquisador do mundo espiritual é encontrar a chave que permita atender plenamente a todos os requisitos das ciências clássicas, obterem o reconhecimento da comunidade científica e deixarem de ser párias da ciência para poder calar a boca dos que desdenham ou silenciam com sua indiferença excludente. Mas não sei bem se este sonho platônico é saudável e se ele mais contribui do que atrapalha o desenvolvimento do conhecimento da espiritualidade.
Por outro lado, o fato de não se conseguir precisão e controle tão apurados como nas ciências exatas, não significa que os métodos e técnicas das ciências que investigam a espiritualidade (quando estes métodos são realmente das ciências espiritualistas) sejam menos eficazes ou mais limitados, até porque, esta “eficácia” é apenas um valor pelo qual optamos e que se refere aos nossos planos de exploração e controle da natureza e aquisição de benefícios financeiros. Se nos referenciarmos em outros valores poderemos também questionar a eficiência das ciências clássicas no que se refere à criação de uma sociedade mais justa, feliz e eqüitativa. Observemos que o fato de atribuirmos “eficiência” a alguma coisa, deixa implícita a idéia de que esta eficiência se dá em relação à aquisição de algo a revelia de outras coisas consideradas menos importantes.
Na atualidade, já emerge uma nova compreensão da natureza que nos aclara o porquê de alguns fenômenos serem menos controláveis e reprodutíveis. Até mesmo a física, clássica das ciências clássicas, tem se deparado com uma ordem de fenômenos de natureza imprevisível que não segue um padrão determinista. Estamos falando dos fenômenos quânticos, mas outros tantos campos como a teoria do caos revelam de maneira mais profunda que quase nada é perfeitamente preciso e controlável. Outrora, antes da emergência destes novos paradigmas, tentava-se adequar a todo custo técnicas e métodos das ciências clássicas ao estudo de objetos menos precisos como o comportamento humano. Foi mais ou menos o que fez a parapsicologia ao usar seu arsenal estatístico quantitativo na pesquisa de fenômenos psíquicos ou espirituais. Não significa que esta tentativa não tenha seus méritos e sucessos, ela foi muito útil e chegou a produzir resultados no mínimo intrigantes, mas muitos dos resultados obtidos por Rhine na Universidade de Duke não foram repetidos com êxito por outros pesquisadores, como dissemos, estes fenômenos não são tão controláveis e aí estava aberta a fresta para que os mais céticos e opositores refutassem o valor científico de tais descobertas.
O que defendo neste artigo não é uma cisão entre ciência e espiritualidade, mas que os pesquisadores da espiritualidade não se atrelem a uma necessidade esquizofrênica de adequação ao paradigma clássico das ciências tradicionais. Esta postura provoca certas deformações, pois o fenômeno estudado exige uma abordagem única e apropriada à sua natureza. Em alguns casos, nem se consegue fazer tais deformações tamanha é a disparidade entre o objeto estudado e o modelo usado para analisá-lo. Por exemplo: quando os físicos se depararam com os fenômenos quânticos, tentaram por anos, e sem sucesso, explicá-los através do modelo tradicional da física. Foi preciso criar um novo modelo, completamente distinto, a fim de estudar esta nova ordem de fenômenos, assim, a física quântica resistiu às possíveis deformações que resultariam em tentar explicá-la pela física clássica.
Acontece que os pesquisadores do mundo espiritual são quase sempre oriundos das ciências clássicas e academias científicas, onde predomina o paradigma reducionista, mecanicista e materialista. Estão por isso, mesmo sem se darem conta, impregnados pelos preconceitos e conceitos destas ciências, sempre repetindo os procedimentos criados sob este paradigma. A física quântica demonstra o porquê de certos fenômenos serem menos controláveis e esta concepção nos permite formular novos sistemas de conhecimentos plenamente válidos, que porém são mais adequados ao estudo de objetos de natureza não material.
4. Nova Ciência de Estudo da Espiritualidade
Foi bem isso o que fez Allan Kardec. Assim como a física avançou criando um novo modelo para estudar os fenômenos quânticos, há mais de 100 anos atrás, Kardec deu um passo adiante criando um válido modelo para estudar o mundo espiritual. Ele não caiu na psicose de adequação ao paradigma materialista, positivista e reducionista das ciências de sua época, mas preservou características fundamentais a fim de dar um caráter de cientificidade ao Espiritismo. Kardec ressaltava constantemente o caráter particular dos fenômenos espirituais e da natureza distinta entre matéria e espírito ou “elemento espiritual”7, sendo assim, ele criou um sistema próprio e único que permitiu ao Espiritismo acumular conhecimentos sobre os fenômenos espirituais, de maneira que ainda hoje ele permanece bem a frente de nossa época.
Na cosmologia espírita existem dois elementos gerais no universo: Espírito e Matéria. Ambos são bem distintos e possuem naturezas e propriedades bem diversas:
“Terá o princípio espiritual sua fonte de origem no elemento cósmico universal? Será ele apenas uma transformação, um modo de existência desse elemento, como a luz, a eletricidade, o calor, etc.? – Se fosse assim, o princípio espiritual sofreria as vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia pela desagregação, como o princípio vital; momentânea seria, como a do corpo, a existência do ser inteligente que, então, ao morrer, volveria ao nada, ou, o que daria na mesma, ao todo universal. Seria, numa palavra, a sanção das doutrinas materialistas8 ”.
Esta afirmação seria suficiente para separar definitivamente os assuntos científicos dos religiosos de maneira que as coisas espirituais teriam sua base no elemento espiritual e a ciência se ocuparia em estudar os fenômenos de ordem material. Seria mais ou menos a separação dualista feita por René Descartes9 e, assim, ciência e religião não se misturariam. Essa postura podia ser conveniente na época do renascentismo quando era problemática a relação entre ciência e as autoridades religiosas constituídas, mas esta visão não é tão adequada atualmente e nem corresponde a visão da Doutrina Espírita.
Apesar de serem elementos distintos, espírito e matéria não se relacionam apenas através da glândula pineal, conforme supôs Descartes. Estes dois princípios fazem parte da natureza, de maneira que “espírito” não se trata de um elemento sobrenatural e, por fazer parte da natureza, é também objeto de estudo da ciência. Estes dois elementos interagem constantemente na natureza de maneira dialética, mas o elemento espiritual tem ascendência sobre a matéria.
5. Por que É Tão Difícil Controlar e Verificar Fenômenos Espirituais?
Quando falo de estudo científico de questões espirituais, consideremos que é uma postura científica a formulação de hipóteses e por isso não é uma aberração científica, mesmo do ponto de vista das ciências mais ortodoxa, formular uma hipótese que admita que a causa de um fenômeno é de origem espiritual. O problema é que o “espiritual” na concepção comum é também sobrenatural, então, não pode ser testado; não podendo ser testado e verificado, não pode ser científico. Por isso, para que exista uma “ciência espiritual” é preciso que este elemento não seja sobrenatural a fim de que possa ser observado e testado. Porém, o fato de ser natural, não significa que seja material e nem tão pouco que esteja sujeito aos mesmos meios de verificação da matéria.
Então, a primeira dificuldade em pesquisar o sobrenatural é que nossos meios de verificação estão moldados para o estudo da matéria como o único elemento da natureza, quando, na verdade, o elemento espiritual possui propriedades bem diferentes. Assim, sempre que o espírito age sobre a matéria, o padrão desta intervenção não é lido pelos sistemas vigentes.
Em que se difere espírito de matéria? A propriedade do espírito mais comum para nós outros é o pensamento e embora a neurobiologia afirme que o pensamento é produto das atividades neuroquímicas do cérebro, acredito que o pensamento é causa e não efeito. Há, de fato, uma interação recíproca entre mente e cérebro de maneira que muitas intervenções químicas e estímulos localizados no cérebro podem alterar o comportamento, mas as propriedades da matéria possuem padrões bem definidos de comportamento, bem distintos do padrão de funcionamento da mente. Mesmo que se mapeie as funções cerebrais, nunca se localizou um pensamento mas apenas as respostas que ele promove no cérebro.
Pode-se dizer que não é uma afirmação científica dizer que o pensamento é a causa da atividade cerebral, mas tão pouco é uma afirmação científica dizer que o pensamento é produto do cérebro, pois, se ninguém nunca isolou ou detectou um pensamento, como estabelecer uma ordem de causa e efeito entre dois objetos quando um é desconhecido? O fato de o pensamento ocorrer ao mesmo tempo em que certas áreas do cérebro são ativadas, não demonstra quem é causa ou efeito. Já existem muitas evidências que demonstram que o pensamento pode se externar ao cérebro, mesmo quando esse está debilitado, ou quando o indivíduo está inconsciente como nos casos de EQM10 (Experiências de Quase Morte); os que tentam explicar estas experiências com argumentos neuroquímicos, na verdade desconhecem a natureza das mesmas, pois facilmente verificariam que, em muitos dos casos de EQM as informações dadas pelos que passaram por tal experiência podem ser confirmadas; é o caso, por exemplo, de alguém em coma que toma conhecimento de um fato que ocorre em outra cidade sendo o mesmo comprovado posteriormente.
O fato é que o pensamento não possui um padrão mecânico e determinista de funcionamento como a matéria e se considerarmos que o pensamento é propriedade do elemento espiritual, é fácil concluir que a espontaneidade e alinearidade são características inerentes ao princípio espiritual. Podemos prever como duas substâncias reagem em determinadas condições físicas, podemos calcular como um objeto dilatará sob determinada temperatura, mas como prever o que alguém vai pensar? E se o pensamento é conseqüência da matéria, porque ele não é também previsível e determinista?
Alguns dizem que teoria do caos explica este fato e que a teoria das estruturas dissipativas de Ilya Prigogine define como a alinearidade e espontaneidade são características também da matéria. De fato! A matéria apresenta processos espontâneos, mas a alineridade e espontaneidade da matéria é bem diferente do comportamento humano.
Na matéria em meio ao caos surgem também processos organizados. Entendemos que o princípio espiritual atua sobre a matéria ordenando-a e permitindo processos crescentes de organização e especialização chegando ao seu ápice no comportamento humano. Se não fosse assim, a vida não seria possível e o espírito não poderia atuar sobre a matéria. Se a matéria não possuísse propriedades capazes de lhe tornar susceptível à ação do elemento espiritual, ela estaria em eterno estado de divisão com o mesmo e nós não estaríamos aqui pra contar estória.
Assim, quando tratamos de fenômenos que envolvem o elemento psi, sempre haverá inconstância, alienaridade, espontaneidade e imprevisibilidade porque estas são características fundamentais da psi que é produto do elemento espiritual. Não podemos esperar que na observação dos ditos fenômenos espirituais os mesmos se comportem da mesma maneira que o elemento material.
A mente tem influência sobre a matéria apenas na relação do cérebro com o próprio corpo? Surpreendentemente não! Não se trata apenas de medicina psicossomática, de verificar que a prece pode promover a cura ou que medicamentos placebos curam porque os pacientes acreditam que são verdadeiros, ou mesmo de relacionar certas enfermidades com alguns estados emocionais. A mente vai muito além disso. Ela influi sobre qualquer tipo de matéria, orgânica ou não, independentemente da distância que o “pensante” esteja do objeto de seu pensamento.
Para referenciar esta informação, podemos citar alguns experimentos. O Dr. Massaru Emoto11 tem registrado como o pensamento interfere na forma de cristais de gelo. O experimento consiste em submeter a água a ação do pensamento positivo ou negativo de um ou mais observadores para depois congelá-la rapidamente e em seguida observar a forma dos cristais de gelo no microscópio. A conclusão do experimento é surpreendente. Quando submetida a pensamentos negativos a água parece formar cristais disformes, mas quando submetida a pensamentos positivos, a água forma cristais com surpreendentes formas simétricas e belas. No livro A Vida Secreta das Plantas12 existem diversos relatos sobre a sensibilidade das plantas e como elas são afetadas pelo pensamento dos pesquisadores. Muitos são capazes de promover o crescimento de um grupo destacado de plantas apenas mentalizando-as a distância, diariamente enviando pensamentos positivos para que elas cresçam. Em condições controladas e com uso de testemunhas duplamente cegas, os pesquisadores eram capazes de demonstrar como a mente humana era capaz de ativar o crescimento vegetal.
Alguns fenômenos quânticos possuem a característica de serem imprevisíveis e determinados por causas não materiais, além disso, tem-se comprovado a participação da consciência do observador como elemento determinante no desenrolar de fenômenos físicos. Ou seja, a consciência do observador interfere diretamente sobre estes fenômenos, e se admitirmos que a consciência é uma propriedade do espírito individualizado, estaremos admitindo a intervenção direta do elemento espiritual sobre a matéria no estado mais elementar conhecido pela ciência que é o das partículas subatômicas.
Essa interferência foi demonstrada desde 1977, quando Henry Stapp fez observações surpreendentes refazendo o experimento da dupla fenda13, feito inicialmente pelo físico inglês Thomas Young em 1801, que realizou este experimento concluindo que a luz era um fluido. Mas a teoria da relatividade veio afirmar posteriormente que a luz é composta de partículas (fótons); foi então que Stapp concluiu que a luz se comporta como onda ou partícula conforme a maneira que é observada. Para a teoria quântica a matéria nem possui uma existência física real, mas uma probabilidade à existência. O que faz a matéria emergir de um padrão de probabilidade para surgir como onda ou partícula é a consciência do observador, por isso, observador e coisa observada formam um único e mesmo sistema. A consciência, mais do que interferir sobre a matéria, é o elemento que torna possível a própria existência da mesma e como ela não pode ser causa e efeito ao mesmo tempo é necessário admitir que consciência e matéria possuem naturezas distintas. Amit Goswami14 relata diversos experimentos feitos a partir das colaborações de Henry Stapp onde a consciência causa o colapso de funções quânticas em eventos reais, são experimentos extremamente bem delineados e controlados e que até agora não foram contestados de maneira que possam ser postos em dúvida seus resultados.
Se a mente tem influência sobre a matéria, isso pode comprometer muitos dos experimentos científicos que podem sofrer influência da mente de seus observadores, sobretudo aqueles que envolvam mais diretamente o elemento espiritual. Desta maneira, se a consciência intervém mesmo sobre fenômenos físicos como o comportamento de uma partícula subatômica, como estabelecer um controle absoluto? Como evitar que o observador não interfira sobre o fenômeno observado? Como reproduzir este fenômeno se não se tem controle sobre a consciência que observa o fenômeno ou sobre a consciência observada? Estas questões nos parecem relevantes para o estudo dos fenômenos espirituais ou ditos paranormais. Esses elementos podem ter sido determinantes para que a parapsicologia não calasse aos mais céticos e não se tornasse uma ciência reconhecida como anseia, talvez porque além de tentar submeter o elemento psi às metodologias clássicas de estudo da matéria, fosse apropriado criar uma metodologia adequada à natureza do objeto estudado. Neste sentido, o Espiritismo adiantou-se, pois desde o princípio reconheceu que a crença e o estado de espírito do observador têm influência direta sobre estes fenômenos e ao invés de ignorar esse fato, considera-o como elemento fundamental para o sucesso na observação de fenômenos mediúnicos. Mesmo sem tratar da inércia em que o movimento espírita se encontra no sentido de produzir conhecimento desta natureza, as bases para uma “ciência do espírito” foram muito bem fundamentadas por Allan Kardec e estão disponíveis a todos os que queiram dedicar-se a este fascinante território aberto aos exploradores e buscadores da verdade e do conhecimento.
6. Referências
1 CHALMERS, Alan. O Que é Ciência Afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.
2 CHIBENI, S. S. O Que é Ciência? Departamento de Filosofia – Unicamp http://www.unicamp.br/~chibeni .
3 ANDRADE, Hernani G. Parapsicologia Experimental. Pensamento. São Paulo – SP, 1966.
4 SCHULZ, Ubiratan. Guerra Fria Parapsicológica. Disponível em: http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=3710 . Consulta realizada em 25 de novembro de 2007.
5 CAVENDISH, Richard. Org. Enciclopédia do Sobrenatural: magia, ocultismo, esoterismo, parapsicologia. Porto Alegre: L&PM, 1993.
6 BRAGA, Newton C. Eletrônica Paranormal: projetos para outra dimensão. Saber. São Paulo – SP. 2006.
7 KARDEC, Allan. O Livros dos Espíritos. Questões 26 e 27. 76ª Ed. FEB. Trad. Guillon Ribeiro. 1944.
8 KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XIV. 36ª Ed. FEB. Trad. Gullon Ribeiro. 1944.
9 DESCARTES, René. Discurso Sobre o Método. São Paulo: Hemus Editora Limitada, 1995.
10 MOODY JR. Raymond. Vida Despues de la Vida. Madrid. Ed. Edaf. 1975.
11 Miraculous Messages from Water. Disponível em: http://www.life-enthusiast.com/twilight/research_emoto.htm . Consulta realizada em 27 de novembro de 2007.
12 TOMPKINS, P. & BIRD, C. A Vida Secreta das Plantas. 3ª Ed. Expressão e Cultura.
13 GUITTON, Jean. et al. Deus e a Ciência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
14 A Ponte Entre Ciência e a Religião. Disponível em: http://saindodamatrix.com.br . Consulta realizada em 27 de novembro de 2007.