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Os países ricos onde as pessoas têm mais acesso financeiro e recursos de vida mais fáceis, também estão “contaminados” pela solidão. O que significa que ter dinheiro não quer dizer ter felicidade. Entre os pobres, a solidão “entra” através da luta da sobrevivência e da falta de oportunidades de novos conhecimentos Selma Trigo comenta

  • Data :16/08/2024
  • Categoria :

Solidão não é problema só de “primeiro mundo”

Clare Roth
04/05/20244

“Riscos psicológicos do isolamento existem em regiões como Índia e África subsaariana, mas ainda faltam dados sobre o fenômeno. Jovens em cidades são afetados, mas idosos também sofrem do mal.
É possível que você conheça o sentimento. Seus dias parecem uma névoa monótona de mesmice. Você quer se conectar com as pessoas, mas mesmo quando tem oportunidade, não se sente feliz o suficiente para sair e conhecê-las. Você não quer incomodar os amigos com seus problemas – você nem acha que há alguém a quem possa recorrer.
Todas as outras pessoas parecem normais. Você está convencido de que é diferente. Você se sente solitário e sente isso escrito em seu rosto. Mas todos nós temos momentos ou períodos solitários, e os especialistas em saúde também sabem disso.”

Leia notícia na integra https://www.dw.com/pt-br/solid%C3%A3o-n%C3%A3o-%C3%A9-problema-s%C3%B3-de-primeiro-mundo/a-68988769

O comentário a seguir é de Selma Trigo

A reportagem em causa trata da solidão na África subsaariana, antes chamada de África negra, correspondente à parte do continente Africano, ao sul do Deserto do Saara. Lá se encontram quarenta e sete países, que, na sua maioria, apresentam os piores indicadores socioeconômicos do mundo.

É importante observar que o ponto principal do tema da reportagem é o sentimento de solidão, que alguns pesquisadores tentarão encontrar para entender a solidão nesta parte do mundo. Onde a pobreza predomina sobre a riqueza e entender que a solidão permeia todos os corações, em variados aspectos da vida.

Os países ricos onde as pessoas têm mais acesso financeiro e recursos de vida mais fáceis, também estão “contaminados” pela solidão. O que significa que ter dinheiro não quer dizer ter felicidade.

Entre os pobres, a solidão “entra” através da luta da sobrevivência e da falta de oportunidades de novos conhecimentos, com poucas possibilidades de uma visão de mundo mais ampla e projetos de idealizações reais que estimulem e deem sentido à vida.

No caso da pobreza, onde sobreviver às intempéries da fome e da saúde com poucas ações sociais, em benefício de uma vida digna, leva essas pessoas, sejam as citadas de alguns países africanos ou não, pois não é só lá que estão localizadas pessoas com alto índice de miserabilidade. Em outros países, e até no nosso também, encontramos tais situações. E o sentimento de abandono, leva a solidão a penetrar “nas almas” por falta de oportunidade de uma vida digna.

Sabemos, como espíritas, da Lei de Causa e Efeito, contudo é importante termos um olhar de caridade. Não da caridade rasa que a maioria de nós realizamos. Trata-se aqui de uma “caridade contínua”, que é uma caridade que, para ser praticada, precisa ter “olhos de ver”, que amplia a sensibilidade para enxergarmos as dores das almas.

Essa caridade contínua nos faz estar atentos às circunstâncias que ocorrem, desde o micromundo (o lar) até o macromundo (a sociedade em que vivemos, até às demais sociedades existentes pelo mundo afora).

Para tanto, é preciso superar, em nós, o egoísmo que nos leva ao abismo da individualidade.

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 768, os Espíritos responderam a Allan Kardec, que: “O homem deve progredir; sozinho, ele não pode, porque não possui todas as faculdades; é-lhe necessário o contato com outros homens. No isolamento, ele se embrutece e se estiola” (enfraquece, debilita).

Essa resposta dos Espíritos é suficiente para entendermos a questão da solidão em todos os pontos das sociedades planetárias e nos variados níveis sociais.
O isolamento, como bem é colocado na reportagem e na questão 768 (L.E.), é também causado pelas novas tecnologias, o que é estimulado desde a criança, ainda bebê, até a idade adulta, a falta de uma troca, de uma conversa saudável, do abraço, de boas gargalhadas juntos, de um sorriso de “bom dia!” a quem passa por nós, um olhar evidenciando as pessoas que todas são importantes, como visitas àqueles que estão sozinhos e doentes; a conversa fraterna, a atenção e a presença dos pais junto aos filhos, a gratidão aos pais não os deixando no último lugar da fila de prioridades dos filhos, etc.; com certeza, não favoreceria a solidão invadir as almas nas variadas gerações (crianças, jovens e adultos/idosos).

Interessante observar a questão 633, do mesmo livro, quando Kardec pergunta: “A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, não pode se aplicar à conduta pessoal do homem para consigo mesmo. Ele encontra, na lei natural, a regra desta conduta e um guia seguro?”

E os Espíritos responderam: “(…) A lei natural traça para o homem o limite de suas necessidades; quando ele o ultrapassa, é punido pelo sofrimento. Se o homem escutasse, todas coisas, essa voz lhes diria – basta, evitar a parte dos males (…)”

A solidão necessita ser “combatida” com amor a si mesmo e ao próximo, procurando as melhores escolhas de bem viver, e compreender que os recursos materiais não são os primordiais para uma felicidade plena, se os recursos emocionais e espirituais não estiverem bem ajustados com o bem e ajustados à Lei de Deus.

*Selma Trigo é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.

BIBLIOGRAFIA:

Kardec, A. O Livro dos Espíritos – 2.ed. Rio de Janeiro: CELD, 2011.

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