“Deus costuma usar a solidão para nos ensinar sobre a convivência.
Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades e, para viver bem a dois, antes, é necessário aprender a ser um”. Prof. Fernando Andrade.
Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes obras de arte disponíveis nos mais belos museus virtuais do mundo.
Eles me levaram para a Nova York do ano de 1966, onde fui recebido por Edward Hopper, a quem fui logo pedindo:
Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
Hopper deixou sua marca neste mundo como o artista que melhor pintou a solidão humana.
Como Freud, que buscava a cura pela palavra, Hopper a encontrou pela imagem.
Dono de uma habilidade impressionante, ele pintava quadros com aparência triste e melancólica sem transmitir tais sentimentos para seus observadores. Solitário de carteirinha, ele tinha grande familiaridade com a solidão desde a infância.
Suas telas nos proporcionam um distanciamento de nós mesmos e um olhar para a vida de um jeito que de outra forma não seria possível.
Inspire-se na arte de Hopper e abrace, de vez em quando e sem medo, a solidão.
Algumas das ideias mais revolucionárias do mundo vieram de grandes mentes solitárias, como Einstein, Spielberg, Jobs, Van Gogh, Chopin, Bill Gates e Gandhi.
Os gênios costumam conquistar o que conquistam não “apesar de” mas “por causa de” seus momentos mágicos de solidão e introspecção.
Foi do isolamento que nasceu o primeiro computador Apple.
Notícia publicada no portal Hoje em dia , em 30 de Julho de 2022
De acordo com o texto de Mauro Condé, a solidão é algo que permeou e permeia pessoas de várias gerações, condições sociais e inteligências, que pode ser salutar se souberem compreendê-la e utilizá-la de forma produtiva para si e para o próximo, em muitas realizações que a solidão favorece, através de inspirações significativas, num encontro com a espiritualidade ou mesmo com os muitos “eus” que estão alicerçados no âmago de nós mesmos, que podem ser abertos no silêncio que classificamos de solidão.
Muitos de nós passamos a existência “fugindo” do encontro nós mesmos, buscando ocupar-nos de todas as formas possíveis ou colocar naqueles que convivemos um meio de “fugir” da solidão. E quando por variadas circunstâncias da vida nos deparamos diante da solidão, nos assustamos e encontramos profunda dificuldade de sermos nossa própria companhia e sentirmos prazer e alegria de viver essa amizade única.
Para alguns um “medo” ensurdecedor da solidão se revela como algo ruim de vivenciar, pois nunca parou para “ouvir o silêncio” que muito nos revela a beleza da melodia que nos rodeia, a partir do sentir o presente e ouvir Deus na ambiência externa e na consciência.
É na solidão que o anjo guardião sussurra em nossos ouvidos, dizendo: “Estou aqui com você.” “O que tem a dizer?” “Deixe seu pensamento fluir e eu conseguirei entender você.”
Você não está só.
Para muitos de nós a solidão é assustadora pelo vazio que pode ser sentido, quando não se vê sentido por vivermos uma vida sempre pautada nas agitações das buscas dos prazeres materiais.
Joanna de Ângelis, no livro “Conflitos Existenciais”, nos revela pontos significativos para a nossa reflexão:
“Compreende-se a necessidade das conquistas externas, que se torna uma forma de auto-realização, e afadiga-se a criatura por conquistá-las, para logo constatar a sua quase inutilidade, por não preencher os espaços tomados pela angústia e pelas incertezas.
Na época da robotização, o ser humano sente-se relegado a um plano secundário, deixando-se conduzir por botões mecânicos inteligentes que, em alguns casos, substituem-no com eficiência, sem esforço, nem gratificação.”
As várias ocupações, principalmente virtuais, estão levando os homens a dependências emocionais e psíquicas por não proporcionarem a si mesmo o exercício
do autoconhecimento, que quando bem utilizado, é uma conquista no combate à solidão e na compreensão do que ela pode representar de útil e bom.
Joanna de Ângelis, no livro “Em Busca da Iluminação Interior”, nos diz assim: “Quando te habituares ao silêncio, sentir-te-ás luarizado pelas claridades sublimes do Amor de Deus e ser-te-á muito fácil a travessia pelas estradas perigosas dos relacionamentos humanos. Compreenderás que a paz defluente da autoconquista nada consegue abalar.”
Assim, podemos concluir que é possível estar só sem sentir solidão, desde que busquemos conviver com nós mesmos, valorizando o melhor que temos em nós e para nós, realizando atividades que venham acrescentar à nossa vida e a do próximo, pois a solidão é a dor do vazio. E estar só não é necessariamente uma condição de dor, se bem empregado com pensamentos e atividades úteis.
Além disso, nunca estamos sozinhos, pois temos junto a nós uma plêiade de espíritos afins a nos orientar, intuir e inspirar. A questão é qual companhia espiritual estamos escolhendo para convirmos. Então busquemos escolher a melhor parte da vida, pois ela é bela e temos muito a usufruir. Sair da vitimização e entrar na ação positiva e inflar o mundo interno de significado e gratidão a Deus pela existência.
*Selma Trigo Oliveira é palestrante espírita, professora e pedagoga. Pós-graduada em Supervisão Escolar pela UCAM e Pós-graduada em Avaliação Escolar pela UERJ. Coordenou por 15 anos o Seminário de Pedagogia Espírita na Educação promovido pelo Centro Espírita Léon Denis, no Rio de Janeiro.
Conflitos Existenciais. Espírito Joanna de Ângelis; (psicografado por) Divaldo Pereira Franco – Salvador, BA: Livraria Espírita Alvorada, 2005.
Em Busca da iluminação interior.1.ed. Joanna de Ângelis ( psicografado por) Divaldo Pereira Franco, comentários por Cláudio Sinoti e Iris Sinoti. Salvador:LEAL, 2017.