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  • As diferentes reuniões públicas, de estudo e de formação dos trabalhadores espíritas

Era muito comum no Brasil, os centros manterem reuniões públicas com estudo de O Livro dos Espíritos na primeira parte, seguido de O Evangelho segundo o espiritismo na segunda. Na metade do século passado já era comum a realização de reuniões mediúnicas de caráter privativo, evitando-se a realização de reuniões mediúnicas públicas, por diversas justificativas, incluindo aí uma forma de proteção institucional contra a criminalização do espiritismo, mas também preocupados com a integridade do médium e a união de pensamentos dos participantes da reunião.

A divulgação do espiritismo, bem como o atendimento fraterno em associação à atividade de passes são duas frentes de atividade das sociedades espíritas em geral, associados às reuniões públicas.

Era muito comum no Brasil, os centros manterem reuniões públicas com estudo de “O Livro dos Espíritos” na primeira parte, seguido de “O Evangelho segundo o espiritismo” na segunda. Na metade do século passado já era comum a realização de reuniões mediúnicas de caráter privativo, evitando-se a realização de reuniões mediúnicas públicas, por diversas justificativas, incluindo aí uma forma de proteção institucional contra a criminalização do espiritismo, mas também preocupados com a integridade do médium e a união de pensamentos dos participantes da reunião.

Os membros de reuniões públicas eram aos poucos integrados às demais atividades da sociedade espírita, na medida em que demonstrassem interesse, frequência e aprendizagem, nos pequenos grupos, nos quais os dirigentes participam também das demais “frentes de trabalho” da casa espírita.

Há quarenta anos, em nossa casa, quando se desejava fundar uma nova reunião mediúnica ou preparar alguém para participar de uma reunião mediúnica, fazia-se um estudo continuado de “O Livro dos Médiuns”.

Com o tempo e a preocupação com a preparação das pessoas para as atividades próprias da casa espírita, bem como a ampliação de alguns centros espíritas na capital mineira, surgiram novas iniciativas de formação dos trabalhadores espíritas.

Em Minas Gerais houve uma iniciativa do Grupo Emmanuel, dirigido por diversos estudiosos, que consideravam importante o estudo do Novo Testamento (e do Antigo Testamento, eventualmente) que acabou substituindo nas reuniões o estudo de “O evangelho segundo o espiritismo” (que ficou como uma das fontes utilizadas nesse estudo), o que disseminou o pensamento de Emmanuel sobre a mensagem cristã e fez surgir novas iniciativas de exegese espírita dos evangelhos.

Para a formação dos trabalhadores da casa espírita, foram surgindo ciclos de estudos de doutrina e de mediunidade, especificamente, em diversos lugares no Brasil. Já tínhamos um ciclo de estudos de mediunidade na União Espírita Mineira, quando surgiu o COEM (Curso de Orientação Espírita e Mediúnica), uma proposta de estudos impressa no Paraná, salvo engano. Já existiam iniciativas em São Paulo, como os diversos cursos de formação propostos por Armond, como o de “Aprendizes do Evangelho”, por exemplo. As propostas incorporavam a nova literatura mediúnica produzida no Brasil, o que envolvia a obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, ditadas por Emmanuel e André Luiz, os livros de Cairbar Schutel e Vinícius e muitos outros autores que são vistos como obras subsidiárias. A FEESP chegou a publicar inúmeros livros de apoio aos seus cursos, que talvez hoje se encontrem nas bibliotecas dos núcleos espíritas mais bem estruturados.

Sociedades Espíritas como o Grupo Scheilla, em Belo Horizonte, articularam as iniciativas de formação ao acesso às atividades nos grupos. Nela funcionam paralelamente as reuniões públicas, muito concorridas e os cursos de formação, que ficaram conhecidos pelo grupo pelo nome de módulos, porque há uma introdução à doutrina espírita, uma preparação para a mediunidade, um módulo dedicado ao estudo dos evangelhos e um quarto módulo de apresentação sistemática das diversas atividades da casa, como reuniões de passe, etc. As reuniões públicas tratam de doutrina e temas espíritas de interesse do público que procura a casa espírita em busca de informação, consolo, apoio e orientação.

A Federação Espírita Brasileira, por fim, considerando todas essas iniciativas em curso, em âmbito nacional, diferentes entre si, propôs os cursos de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – ESDE, que tiveram a sua versão de preparação para a mediunidade em dois volumes e posteriormente o Estudo aprofundado da Doutrina Espírita – EADE. Inicialmente apostilas, agora vendidas em forma de livros, trazem roteiros de estudo com referências a diversos autores espíritas. Propõe que os responsáveis por essa formação sejam mais facilitadores que palestrantes e incentivam os participantes ao estudo e à leitura orientada. Foram criados cursos de formação e trocas de experiência entre as pessoas que trabalham com o ESDE e houve adesão das federativas, especialmente a União Espírita Mineira.

Nesse momento temos, então, as reuniões públicas que se mantiveram como algo voltado aos que procuram o espiritismo em busca de auxílio e orientação e os grupos de estudo que visavam a formar o espírita e a preparar o trabalhador. Três iniciativas diferentes, que ao contrário do que se pensa, atraíram públicos diferentes. As reuniões públicas deveriam ser uma “porta de entrada” ao espiritismo e à casa espírita, mas muitas pessoas a transformaram em uma espécie de lugar de frequência semanal, assistindo a palestra, tomando o passe, sem conhecer as outras iniciativas que existem no núcleo que frequentam. Surgiram também, aqui e acolá, dirigentes cuja única ligação com a casa é a direção da reunião pública, o que fazem como um “mestre de cerimônias”, sem criar um vínculo entre os membros.

Estas transformações trouxeram algumas polêmicas ao meio espírita, que não cabem nesse artigo, por não dar para desenvolver os temas a contento: a questão da centralidade ou não de Kardec nas reuniões públicas e atividades de formação dos trabalhadores espíritas, a questão dos novos autores e das novas editoras espíritas, alguns desses com perfil místico, de sincretismo oriental ou com as matrizes africanas, outros com afirmações sobre o mundo espiritual, isoladas e aparentemente contraditórias com a literatura geralmente aceita pelo movimento espírita. Junto a elas corre a questão da incorporação dos novos autores, coerentes com a doutrina espírita, com livros bem escritos, no que tange à racionalidade e fundamentação espírita.

Espero que o final de ano, sempre marcado pela ideia de “fim de ciclo” e de parada para avaliação, nos permita refletir em nossas casas espíritas como estamos recebendo e preparando as pessoas que nos procuram com diversos objetivos, como os que buscam auxílio, os que buscam a introdução ao conhecimento espírita, os que buscam aprofundamento e estudo aprofundados e os interessados em integrar-se nas múltiplas atividades da comunidade espírita.