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  • Por que provavelmente nunca encontraremos vida em Marte

Sabe-se que Marte, o ‘Planeta Vermelho’, tem um dos ambientes mais inóspitos do Sistema Solar. Mas agora cientistas dizem que sua superfície é muito menos acolhedora do que se acreditava. Jorge Hessen comenta.

  • Data :26/10/2017
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Sabe-se que Marte, o “Planeta Vermelho”, tem um dos ambientes mais inóspitos do Sistema Solar.

Mas agora cientistas dizem que sua superfície é muito menos acolhedora do que se acreditava.

Análises feitas em laboratórios com compostos presentes em Marte mostraram que a superfície do planeta contém um “coquetel tóxico” de produtos químicos que podem destruir qualquer organismo vivo.

Jennifer Wadsworth e Charles Cockell, pesquisadores da pós-graduação em Astrobiologia da Universidade de Edimburgo, na Escócia, realizaram os experimentos com partículas conhecidas como “percloratos”.

Esses compostos, encontrados naturalmente e sinteticamente na Terra, são abundantes no solo de Marte, segundo confirmado por missões da NASA que detectaram as substâncias em diversas partes do “planeta vermelho”.

Bactericidas

Os pesquisadores descobriram que os compostos são capazes de matar culturas da bactérias Bacillus subtilis, que representa o modo de vida básico.

À temperatura ambiente, os percloratos são compostos estáveis, mas em temperaturas elevadas tornam-se ativos.

Os cientistas queriam estudar qual seria a reação dos percloratos em temperaturas extremamente frias, como as de Marte.

Simulando as condições da superfície do planeta, que é banhado por luz ultravioleta, mas não de calor, descobriram que os compostos também podem ser ativados nessa situação.

Nos experimentos, os percloratos tornaram-se potentes bactericidas capazes de matar esses seres em minutos, esterilizando as superfícies do meio estudado, afirmam os pesquisadores.

As estruturas celulares das bactérias perderam rapidamente sua viabilidade, acrescentaram.

Os resultados foram ainda mais dramáticos quando os pesquisadores adicionaram óxidos de ferro e peróxido de hidrogênio, comuns na superfície de Marte.

Em um período de 60 segundos, a combinação de percloratos irradiadados, óxidos de ferro e peróxido de hidrogênio aumentou em dez vezes a taxa de morte das B. subtilis em comparação com as que tinham sido expostas apenas à radiação ultravioleta.

Mais inóspito

Isto sugere, segundo o estudo, que o planeta “é muito mais sombrio do que se pensava”.

Os cientistas dizem que a descoberta tem muitas implicações para a busca por vida no Planeta Vermelho.

“Os dados mostram que os efeitos combinados de pelo menos três componentes da superfície marciana, ativados pela fotoquímica da superfície, fazem com que a superfície atual seja muito menos habitável do que se pensava previamente”, escrevem os pesquisadores no estudo publicado na revista especializada Scientific Reports.

“E demonstram a baixa probabilidade de sobrevivência de contaminantes biológicos liberados por missões robóticas e humanas”, acrescentam.

Wadsworth e Cockell afirmam que novas missões devem começar a perfurar camadas mais profundas do planeta para descobrir se a vida existiu ou existe lá.

“Se queremos encontrar vida em Marte, precisamos levar essa descoberta em conta”, disse Wadsworth à agência de notícias AFP.

“É preciso ver se podemos encontrar a vida abaixo da superfície, em lugares que não seriam expostos a essas condições.”

Segundo os cientistas, o ambiente onde poderia haver mais chance de vida estaria a dois ou três metros abaixo da superfície, onde qualquer organismo conseguisse proteger-se da intensa radiação.

“Nessas profundezas, é possível que a vida marciana possa sobreviver”, disse Wadsworth.

Uma nova missão para Marte, da sonda da Europa e da Rússia, ExoMars, está programada para viajar até o planeta em 2020.

Seu objetivo será procurar sinais de vida e levar uma broca para alcançar uma profundidade de até dois metros.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 9 de julho de 2017.

Jorge Hessen* comenta

Allan Kardec diz que “a razão humana se recusa a admitir só haver vida inteligente na Terra e nos diz que os diferentes mundos são habitados.”(1) E sobre vidas noutros sistemas fora da Terra os Espíritos têm confirmado abundantemente a sua existência.

O Codificador, ao tratar o assunto, não desceu a minudências da vida corporal extraterrestre, rumando quase que unicamente pelo aspecto moral dos habitantes de algum orbe. A rigor, as diversas existências físicas do homem podem ser na Terra bem como em outros mundos; “o início dessas existências não terá sido aqui [na Terra], bem como seu término também não o será.”(2)

O Espírito Maria João de Deus (genitora de F.C. Xavier) descreve a existência de vidas inteligentes noutros planetas. Cita, por exemplo, Saturno, cientificando que lá inexistem vícios, não há guerras, a eletricidade é utilizada em sua potencialidade plena. Os saturninos consagram-se bastante à espiritualidade; as vegetações são azuladas e os oceanos são rosados. Para o espírita e astrônomo Camille Flammarion, empregando convicções pessoais, afirmou que “Saturno talvez fosse habitado por seres inconciliáveis com os organismos terrestres.”(3)

Utilizando certezas pessoais sobre o que se sabia no século XIX a respeito do tema, Kardec alegou que a “Terra é moralmente superior a Marte e muito inferior a Júpiter”,(4) todavia o Espírito Maria João de Deus, contrariando a reportagem em epígrafe, afirma que “os marcianos são dotados de muita espiritualidade; são quase semelhantes aos terrícolas, todavia fisicamente possuem diferenças apreciáveis: além dos braços, têm ao longo das espáduas umas ligeiras protuberâncias. O ar marciano é muitíssimo mais leve, a vida é mais aérea, a água é escassa, motivo pelo qual o líquido vital é regulado por sistemas de canalização. Nos horizontes marcianos não há muitas elevações montanhosas.”(5)

Ainda sobre Marte, o Espírito Humberto de Campos, também contradizendo a reportagem, ratifica as informações descritas por Maria J.de Deus, apresentando “os marcianos manejando possantes máquinas aéreas que navegam no pé das nuvens, algumas delas [nuvens] produzidas artificialmente, para atender reinos mais frágeis da natureza do quarto orbe do nosso sistema planetário.”(6) Além disso, sob o ponto de vista pessoal, Flammarion, também desmentindo a reportagem, corrobora a tese de que os marcianos “são moralmente superiores aos terrestres, transportam-se por navegação aérea e seus edifícios são erguidos pelo pensamento, possuem doze sentidos, o que lhes permitem comunicação direta com o universo.”(7)

Sobre a reportagem, e não obstante a contradição entre o Marte “avançado” de Flammarion e Maria João de Deus contra o Marte “atrasado” segundo comunicações chegadas a Kardec, em verdade o Espiritismo sempre confirmou a existência de vida fora da Terra. Destaque-se que, antes que a ciência humana e as religiões tradicionais admitissem essa possibilidade, os Espíritos revelaram a Kardec na questão 55 de O Livro dos Espíritos “que são habitados todos os mundos que giram no espaço e que a Terra está muito longe de ser o único planeta que asila vida inteligente”.(8)

Aprendemos com os Espíritos que “há mundos cujas condições morais dos seus habitantes são inferiores às da Terra; em outros, são da mesma categoria. Há mundos mais ou menos superiores e, finalmente, há aqueles nos quais a vida é, por assim dizer, toda espiritual.”(9) Seria o caso de Marte?

Notas e Referências bibliográficas:

(1) Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, 1ª Parte, Cap. I, n° 2, RJ: Ed. FEB, 2000;

(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, pergs. 172 a 188;

(3) Flammarion, Nicolas Camille. Urânia, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1990;

(4) Kardec, Allan. Revista Espírita, março de 1858 e outubro de 1860, São Paulo: Edicel, 1987;

(5) De Deus, Maria João. Carta de uma morta, São Paulo: LAKE, 1999;

(6) Xavier, Francisco Cândido. Novas Mensagens, ditado pelo espírito Humberto de Campos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1940;

(7) Flammarion, Nicolas Camille. Urânia, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1990;

(8) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, perg. 55;

(9) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro, Ed. FEB, 2001, Cap. III, itens 3 e 4.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal aposentado do INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.