Gostaria de saber o que a Doutrina Espírita fala a respeito de clonagem. É a favor ou contra?
- O que é um clone? É um ser geneticamente idêntico a um outro, que teve como origem a mesma matriz biológica. O objetivo da clonagem nos dias de hoje é que se consiga clonar órgãos humanos em corpos de animais, visando os transplantes. Ainda não se consegue clonar humanos, mas se tal fato ocorrer não haverá nenhum absurdo porque clona-se o corpo, mas não a alma.
A natureza já gera, eventualmente, seus “clones”! Exemplificando: A geração de gêmeos a partir do mesmo óvulo fecundado, chamados de univitelinos, é um exemplo de “Clone Natural”.
E o espírito? Ele estará usando o corpo gerado para ele… Tenha ele sido concebido pelo processo de reprodução normal, assistida ou através de clonagem… O corpo físico é o instrumento que o espírito se serve para agir no mundo material, estágio necessário ao nosso processo de evolução….
O Espiritismo mantém-se sempre dentro da óptica lógica em relação aos acontecimentos da vida. Isso significa que o Espiritismo nunca negará a ciência e seus avanços como maneira de se sustentar. Pelo contrário: procurará incessantemente o que o homem avança no campo mental do mundo físico para analisar as situações sob a óptica do Espírito.
E é isso que faz em relação à clonagem. A clonagem de órgãos e seres humanos deve ser uma realidade científica incontestável dentro de alguns anos.
Paulo de Tarso, entretanto, nos ensinou: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. O homem já se encontra em posição suficientemente lúcida para opinar sobre suas próprias descobertas, julgando se são boas ou más. É o exercício do livre-arbítrio. Não é pelo fato de algo ser cientificamente viável que será bom. E é nesse ponto que entra o Espiritismo.
O Espiritismo não é contra ou a favor da clonagem em si. Mas orienta, como sempre, o homem a refletir sobre os seus efeitos, tanto do ponto de vista material como - principalmente - do ponto de vista moral.
A partir do momento que o conhecimento espírita - que diz que se pode duplicar um material orgânico, mas nunca o Espírito; que um Espírito muito querido não precisa ser filho de sangue; que a Terra é um planeta escola e não o fim de nossa existência; etc - vier à tona, as questões se tornarão mais claras.
Por exemplo: o que levaria um casal a querer realizar clonagem humana? Buscar um corpo igual ao de A ou de B? Ou o amor que nutria por ele? Se for o corpo, então se encontram realmente tão arraigados à materialidade que precisarão de algum tempo até descobrir que o essencial não é o material; se desejam o amor, então o Espiritismo mostrará que não é o corpo que o dará, mas o ato de doação a uma criança - que pode, até mesmo, ser a reencarnação do ente querido deles, sem necessidade de vínculo sanguíneo. Se o mundo tem tantas crianças sem pais, por que criar crianças para resolver o problema de pais sem crianças? A partir do momento que o véu material despencar e a luz do entendimento espiritual se fizer mais forte, as descobertas meramente científicas darão lugar às ponderações morais, muito mais profundas e instrutivas ao Espírito.
Consulte a página do Espiritismo.net por Palestras Virtuais digitando no título: “Clonagem” e terá material de ulterior pesquisa sobre o tema.
Finalizando: O problema da clonagem está muito mais ligado a princípios éticos e, com isso, teme-se para onde o homem conduzirá esse conhecimento. Comparativamente relembramos o uso do conhecimento do átomo, que levou a humanidade a promover um verdadeiro massacre e, hoje, esse mesmo conhecimento, bem aplicado, salva vidas e traz bem-estar. A clonagem passará pelo mesmo processo… Resta-nos pedir ao Pai que ajude aos bons espíritos, para que eles iluminem aqueles que decidem o rumo e a aplicabilidade deste conhecimento!!
Sugerimos a leitura do livro “Atualidade do Pensamento Espírita” do Divaldo P. Franco, pelo espírito Vianna de Carvalho. Trata-se de uma obra bem atual, que responde a muitos questionamentos relacionados com o avanço das ciências em seus vários ramos, sob o ponto de vista espírita. Especificamente na área da clonagem temos: O sonho de lograr-se uma clonagem real, copiando-se seres padronizados, já é uma realidade; no entanto, bem distante de conseguir-se o mesmo êxito em relação à criatura humana, conforme os moldes que conhecemos, em razão de somente poder acontecer mediante a interferência do Espírito, sem o qual teremos formações aberrantes de células que, desprovidas do modelo organizador biológico, jamais repetirão o indivíduo original. Tendo-se em vista, porém, que a engenharia genética venha conseguir os requisitos indispensáveis para que a vida humana se expresse, o Espírito se utilizará da circunstância e poderá reencarnar-se, jamais idêntico a outro, em razão das conquistas que tipificam cada um. (Livro citado, página 54).
Gostaria de saber o que a Doutrina Espírita fala a respeito de doação de órgãos. É a favor ou contra?
- Acreditamos que quando a pessoa tem consciência de que sua etapa está terminada ou por terminar, em sabendo de órgão em bom funcionamento e em condições de aliviar as dores ou deficiências de um irmão, deve e pode optar pela doação. Nesse caso não haverá nenhum prejuízo ou problema no retorno à vida espiritual, porque seu gesto foi movido pelo amor e solidariedade. É um desprendimento e ao mesmo tempo respeito ao seu corpo físico, em agradecimento pela etapa vencida e pela oportunidade de uma parte íntima poder ajudar a outro irmão em luta de aprendizado. Acreditamos mesmo, que se quando encarnado a pessoa não fez a opção, dependendo das condições de desencarne e estando seus órgãos em boa condições, os familiares devem doá-los, pois certamente o espírito no plano em que se encontre, compreenderá o gesto e ficará feliz com a doação.
À época da codificação não tínhamos este estágio na ciência. Porém se a ciência avança é para o benefício do homem, nunca esqueçamos disso. (Vide na seção de palestras virtuais, as palestras realizadas pelo Espiritismo.net, em 26/02/1999 por José Roberto dos Santos e outra realizada em 13/04/2001, por Mário Coelho.)
Porque dois espíritos têm a necessidade de reencarnar num só corpo? O que eles teriam feito para isso?
- Dois espíritos não podem reencarnar num único corpo, assim como um espírito não pode reencarnar em dois corpos distintos ao mesmo tempo, pois isto contraria as Leis Naturais. O que pode ocorrer são casos conhecidos como de xifopagia, em que dois espíritos reencarnam e apresentam seus corpos ligados um ao outro por um segmento físico. São os chamados irmãos siameses ou xifópagos , termo originado de “xifóide”, parte final de um osso localizado no tórax, embora não seja este o único ponto do corpo por meio da qual se pode efetuar esta união.
Sabemos, segundo o Espiritismo, que os espíritos se sintonizam entre si, energeticamente, pela natureza dos seus pensamentos, isto é, pelas suas posturas mentais. Quando dois espíritos se encontram em desequilíbrio, fixando-se mentalmente um no outro e alimentando um ódio mútuo, mantêm um fluxo de energia vibratória que os irá prender psiquicamente um ao outro.
Esta troca de energias deletérias gera comprometimento em seus perispíritos e os mantém ligados psiquicamente por um tempo indeterminado, circunstância que nem sempre pode ser resolvida no plano espiritual. Quando isto ocorre, torna-se necessária para ambos a vinda à carne, com o objetivo de se harmonizarem e renovarem seus sentimentos e de desfazer o vínculo psíquico que os imanta pelo ódio.
Explica o Dr. Ricardo di Bernardi que, durante o processo reencarnatório, os dois espíritos são ligados à esfera espiritual materna e, conseqüentemente, ao óvulo fecundado, que se biparte, à semelhança do que ocorre nos casos de gêmeos univitelinos. Nos casos de xifópagos, face à imantação psíquica que alimentam, os dois espíritos permanecem unidos durante a gestação, mesmo após a bipartição do ovo fecundado, o que origina a ligação física entre os dois corpos. Os corpos físicos funcionam, então, como um dreno ou um exaustor, eliminando essas energias negativas e reconstituindo seus perispíritos (em “Xifópagos e Reencarnação”, site do Grupo Filosofia Espírita).
O Espiritismo nos ensina que situações como estas, que trazem grande dor e sofrimento, são resultantes da incidência da lei de causa e efeito, pois nada ocorre por acaso no Universo. Conforme ensinou Jesus, “a cada um é dado segundo as suas obras” e, se esses espíritos renasceram na matéria dessa maneira, alguma causa há, certamente. No entanto, no nível de evolução em que nos encontramos, ainda não estamos capacitados a saber, com exatidão, o por quê de todas as coisas.
Assim, são as afinidades que os levam a vivenciar esta situação expiatória. O reencontro nestas condições não se dá por acaso, mas por força de uma lei universal, que opera automaticamente. Tampouco resulta de um ato meramente punitivo da Divindade. É uma oportunidade de reajuste e de reencontro com a Lei do Criador. O que esses espíritos fizeram, como dissemos, não temos como saber. Aliás, nem eles próprios têm essa lembrança, face ao esquecimento do passado que nos é imposto pela misericórdia divina, ao reencarnarmos. O certo é que algum forte vínculo há entre ambos e que esse vínculo, certamente, não é o amor.
Qual é a visão espírita em relação à síndrome de down? Qual é a explicação?
- A síndrome de Down é uma doença congênita (inata) determinada pela formação de uma célula-ovo (zigoto) com uma trissomia do cromossomo 21, isto é, no lugar de um par (normal), forma-se um trio. Isso, biologicamente, é decorrente de uma falha na disjunção dos cromossomos na formação das células germinativas - espermatozóide e óvulo - durante a meiose, ou seja, nas gônadas correspondentes - testículos e ovários. Esse tipo de erro genético formador de células com cromossomos e genes anômalos não são incomuns e ocorrem espontaneamente em todas as pessoas. A diferença é na hora da fecundação (formação da célula-ovo pela união do espermatozóide e do óvulo), ocorrer justamente a união de uma célula com o defeito.
Do ponto de vista espírita, nada na Natureza é ao acaso. O momento da fecundação e da gestação é um dos exemplos mais notórios da interferência do Espírito sobre a matéria. O Espírito do reencarnante (futuro bebê), através do seu perispírito seleciona na mãe qual dos milhares de futuros óvulos nos ovários vai se maturar e ser ovulado (liberado) naquele mês. Por outro lado, também por atração magnética do seu perispírito, o espermatozóide mais compatível - dentre milhões que chegam - será selecionado para a fecundação. Dessa forma, todos os “registros” magnéticos sobre o mapa de provas, expiações, e missões gravados no perispírito do reencarnante serão compatíveis com o futuro corpo, já que o código genético, determinador das características físicas e funcionais do futuro corpo, foi selecionado segundo a influência do perispírito (A Gênese, Allan Kardec, cap. XI). É assim que, no caso, é atraída uma célula com um cromossomo 21 a mais, proporcionando uma trissomia na fecundação.
Considerando, dessa maneira, que há uma causa anterior para a criança nascer com Síndrome de Down, será agora quase impossível saber qual é exatamente essa causa, isto é, se é uma prova, uma expiação, uma missão, para ele somente, para os pais também, etc. Alguns livros mencionam histórias esclarecendo algumas causas para isso, como o livro “Castelo das aves feridas”, “Sexo e Obsessão” e outros.
De qualque forma, são aos pais que Deus ofereceu a responsabilidade de educar com muita paciência, carinho e dedicação aquele Espírito imortal que se apresenta com um corpo que não lhe permite expressar todos os pensamentos. Porque Ele confiou nos pais, a criança também espera que eles possam corresponder às suas necessidades evolutivas.