1) O que é o Espiritismo?
- O Espiritismo é uma ciência filosófica de conseqüências religiosas codificada em 1857, quando da primeira edição de “O Livro dos Espíritos”, pelo Professor Rivail (Allan Kardec) sob a orientação dos Espíritos Superiores.
Os princípios do Espiritismo estão formulados na codificação de Allan Kardec em seus cinco livros:
. O Livro dos Espíritos (1857)
. O Livros dos Médiuns (1861)
. O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864)
. O Céu e o Inferno (1865)
. A Gênese (1868)
Existem outras obras complementares de Allan Kardec, que podem ser lidas depois. Estas são as fundamentais, as essenciais para o conhecimento espírita.
Essas obras devem ser estudadas, já que são a base para o bom entendimento da doutrina. Resumidamente teríamos a seguinte “indicação” de leitura:
1º - O que é o Espiritismo?;
2º - O Livro dos Espíritos;
3º - O Livro dos Médiuns;
4º - A Revue Spirite;
5º - (na ordem a sua escolha): Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.
Devemos compreender que as cinco obras que compõe o pilar da Doutrina dos Espíritos se completam, e devem ser estudadas e compreendidas por todos os espíritas.
Porém sobre “O Livro dos Espíritos se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita. Ele é a pedra fundamental do Espiritismo, o seu marco inicial. O Espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou, com ele se impôs e consolidou no mundo.
Em nosso portal você poderá fazer o download dessas 5 obras no formato pdf (também disponível no site da Federação Espírita Brasileira). Em nossa sessão de palestras virtuais, você encontrará diversas palestras e estudos disponíveis para download.
Saiba mais aqui (o que é o Espiritismo, o que revela, sua abrangência, seus ensinos fundamentais).
2) O que o Espiritismo ensina? Quais são seus pontos fundamentais?
- Segue um breve resumo dos pontos fundamentais ensinados pela Doutrina Espírita:
· Deus é a inteligência, é a causa primária de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
. O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.
· Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados (homens), existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados.
· No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens.
· Todas as Leis da Natureza são Leis Divinas pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as Leis Físicas quanto as Leis Morais.
· O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.
· Os Espíritos são seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo.
· Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior a outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade.
· Os Espíritos preservam sua individualidade antes, durante e depois de cada encarnação.
· Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento.
· Os Espíritos evoluem sempre, em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso, moral e intelectual, depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.
· Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição a que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores.
· As relações dos Espíritos com os homens são constantes, e sempre existiram. Os Bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos impelem para o mal.
· Jesus é o Guia e Modelo para toda a humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus.
· A moral do Cristo contida no Evangelho é o roteiro para evolução segura de todos os homens e a prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela humanidade.
· O homem tem livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações.
· A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus.
· A prece é um ato de adoração a Deus. Está na Lei Natural, e é o resultado de um sentimento inato do homem, assim como é inata a idéia de existência do Criador.
· A prece torna melhor o homem. Aquele que hora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia Bons Espíritos para assistí-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.
Prática Espírita
· Toda prática espírita é gratuita, dentro do princípio do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.
· A prática espírita é realizada sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.
· O Espiritismo não tem corpo sacerdotal e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgências, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomantes, pirâmides, cristais, búzios ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.
· O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-los, a submeter seus ensinos ao crivo da razão antes de aceitá-los.
· A mediunidade que permite a comunicação dos Espíritos com os homens é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente de religião ou da diretriz doutrinária de vida que adote.
· A prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.
· O Espiritismo respeita todas as religiões, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha para a confraternização entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social.
· Reconhece, ainda, que o verdadeiro homem de bem é o que “cumpre a Lei de Justiça, de Amor e de Caridade, na sua maior pureza”.
3) O Espiritismo é uma religião?
- O Espiritismo, segundo definição de Kardec, é Ciência e Filosofia com conseqüências morais.
Vulgarmente, temos diversas definições para a palavra religião. O mais comum é atribuirmos às religiões dogmas, hierarquia sacerdotal, cultos, rituais, cerimônias e uma diretriz formal.
Dentro desta definição, o Espiritismo não seria uma religião, pois não atenderia aos requisitos aceitos. No entanto, há os que defendem que tendo ele influência nos códigos morais, e sendo as religiões, em princípio, estimuladoras de novas realidades morais, seria também o Espiritismo, uma religião.
Até porque reverencia a uma divindade transcendente, assim como fazem algumas religiões.
De uma forma ou de outra, seja aceito ou não como religião, cabe ao Espiritismo papel importante na história da humanidade, pois revela contundentemente uma realidade transcendente, cujo objetivo é melhorar a humanidade a fim de dar curso ao seu progresso.
Discursos estéreis se travam para definir se o Espiritismo é ou não religião, ciência ou filosofia. Importa-nos ser a Doutrina, útil ao objetivo maior. Quem se mostra verdadeiro trabalhador desta Doutrina de Amor, pouca importância dá a essa questão, pois bem sabe que ela enseja, não estimular o intelectualismo exacerbado, não ao sacerdotismo vil, não a exclusividade do saber, mas sim ao desenvolvimento dos sentimentos ainda obscurecidos pela materialidade de que somos vítimas, a estágios mais sublimes, ensejando uma convivência fraterna e solidária.
É fato que ao nos colocarmos em posição semelhante aos movimentos religiosos, científicos e filosóficos até então em andamento, com base num paradigma de ilusões de acúmulo de poder, pereceremos da mesma forma que eles, criando frustrações indefinidas no íntimo de quem adere a esta visão. No entanto, se nos colocarmos com uma visão lúcida da mensagem do Evangelho de Jesus, sem nenhuma mácula à sua moral, podemos ser bendita ferramenta de progresso da humanidade, atalhando sofrimentos incontáveis à raça humana.
É de suma importância ao trabalhador espírita, se vincular a qualquer movimento, seja ele científico, religioso ou filosófico, que vise a melhora do homem de forma integral, estimulando atividades que os levem a esse estado de lucidez interior. E esse caminho, bem nos exemplificou o nosso guia e modelo, nosso amado Jesus. Amou incondicionalmente, sem discriminar raça ou credo. Falou do Reino de Paz e suas recompensas. Mostrou-nos como se pratica o amor único e verdadeiro.
Enfim, viveu a única e verdadeira Religião, Ciência e Filosofia, o Amor Universal que transcende aos interesses mesquinhos dos homens ainda cegos e ávidos da luz!
4) Como e quando surgiu a religião espírita?
- Antes de responder esta pergunta, cabe aqui um esclarecimento a fim de aumentar a clareza de nossa resposta.
O Espiritismo é mais que uma religião. É um doutrina que possui três aspectos: filosófico, científico e religioso. Por isso é comum o termo Doutrina Espírita.
A Doutrina Espírita surgiu após o trabalho de codificação, ou seja, da reunião dos seus princípios básicos, formando assim uma base teórica sólida, trabalho este feito por Allan Kardec.
Allan Kardec era o pseudônimo de Denizard Hippolyte-Léon Rivail, pedagogo renomado na França, professor e autor de diversos livros em diversas matérias como gramática francesa, matemática, educação, etc e membro de diversas sociedades científicas. Em 1850, o professor Rivail ouviu falar pela primeira vez nos chamados fenômenos das mesas girantes. Tratava-se de reuniões onde as pessoas sentadas a volta de mesas, diziam obter comunicações com os mortos através do movimento e batidas dessas mesas. Como estava estudando um assunto de interesse da medicina da época, o magnetismo animal, Rivail foi convidado por amigos para assistir uma dessas reuniões. Ele hesitou por parecer algo totalmente destituído de lógica, mas resolveu verificar do que se tratava. Ao participar de tais reuniões, que eram um modismo da alta sociedade francesa da época, o professor percebeu que havia algo além daquilo que as pessoas viam por trás do fenômeno. Decidiu investigá-los usando seus conhecimentos de metodologia científica, e verificar o que era mentira e verdade entre tais fatos. Entrevistou aqueles que davam as mensagens, os chamados Espíritos. Pesquisou métodos de trabalho, reuniu comunicações de diversas partes do mundo, compilou os resultados, organizou-os e publicou em 18 de abril de 1857, O Livro dos Espíritos, a primeira obra da codificação espírita. Nesta época então, já tinha adotado o pseudônimo de Allan Kardec, que era o nome de uma de suas encarnações anteriores.
Fundou também a Sociedade Espírita de Paris, sendo a principal agremiação espírita do movimento nascente. Mais tarde publicou diversos livros sobre Espiritismo, sendo os principais, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “A Gênese” e “O Céu e o Inferno”. Assim nasceu a Doutrina Espírita e o seu movimento de estudo e divulgação.
É muito comum as pessoas chamarem este movimento de Kardecismo. Porém, diferentemente de outras correntes religiosas e filosóficas, a Doutrina Espírita não vem das opiniões pessoais de seu principal articulador, nem nasceu a partir de tradições, e sim dos próprios Espíritos, como o resultado da pesquisa e trabalho conjuntos, coordenados por Kardec. Quando da Codificação da Doutrina Espírita, Kardec sentiu a necessidade de criar um termo que definisse a nova doutrina e a diferenciasse das diferentes crenças espiritualistas. Para tanto criou o termo espírita ou espiritista, para que ficasse bem clara a diferença. Portanto o termo Kardecismo não expressa fielmente o significado da Doutrina Espírita, tendo em vista que ela é dos Espíritos e não de Kardec, que foi o seu codificador.
A fonte principal que narra o nascimento do Espiritismo, poderá ser encontrada no livro do próprio Kardec, O Que é o Espiritismo, no capítulo Biografia de Allan Kardec. Para obter dados mais profundos sobre o tema, recomendamos a leitura do livro “História do Espiritismo”, de Arthur Conan Doyle e do trabalho em três volumes “Allan Kardec - Meticulosa Pesquisa Bibliográfica”, de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen.
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