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O bem e o mal

Como se explica o desejo que às vezes temos de fazer o mal? Podemos evitar isso?

Não há quem detenha o poder para fazer o mal a alguém, pois somente no bem encontramos a verdadeira força. Ninguém pode ir contra os desígnios de Deus, que determinam o direcionamento do homem sempre para o alcance de mais altos níveis de conscientização da vida. Quando algo desagradável nos ocorre não é porque alguém quis ou determinou, mas porque nos encontramos em débito perante as leis de Deus.

O médium baiano Divaldo Pereira Franco, ao ser indagado a respeito, assim se pronunciou:

Não devemos recear o mal que porventura queiram nos fazer, porque somente nos acontece aquilo que devemos aos soberanos códigos. Se nos elevarmos em pensamento através da oração e por meio da ação, nenhuma força, por mais negativa, mandada ou encontrada, pode nos fazer qualquer mal. Não obstante, se nós temos uma vida dissoluta, sensualista, vulgar, e sintonizamos com os espíritos infelizes, não é necessário que ninguém nô-los mande: eles virão ter conosco pelo processo da sintonia.

Igualmente indagado se existia o chamado “malfeito”, Chico Xavier disse que, se atirarmos uma bolinha de borracha de encontro à parede, e havendo nela um buraco, a bolinha passará…

Finalizando o proveitoso ensinamento da Lei de Causa e Efeito, lembrou que “semelhante atrai semelhante” e só recebe o mal quem está no mal. Você certamente estará livre de qualquer investida do mal pelo seu interesse em somente fazer o bem. Não há maior defesa e liberdade senão no pensamento e no trabalho no bem, em favor de si mesmo e de outrem. Não há maior força que a do amor e aquele que ama nada deve temer.

Devemos procurar nos fortalecer mental e espiritualmente, adotando as seguintes ações:

  • Cultivar bons pensamentos e sentimentos, pois assim atrairás boas companhias espirituais que te ajudarão no processo de superação das dificuldades. Não poderá estar mal acompanhado aquele que praticar a caridade moral através da benevolência, da indulgência e do perdão das ofensas.

  • Manter-se em estado de oração e vigilância, para não cair em tentação, conforme asseverou o nosso Mestre Jesus.

  • Freqüentar uma casa espírita, para participar das reuniões de palestras e estudos, que muito colaborarão para o conhecimento e vivência das leis de Deus.

  • Praticar a boa leitura, tanto das obras básicas da Doutrina Espírita, quanto os inúmeros livros de mensagens edificantes que chegam a nós através de abnegados médiuns trazendo consolo ao coração.

  • Realizar o estudo do Evangelho no Lar, que é um trabalho simples: escolhemos alguns minutos por semana e nos reunimos com todos aqueles que vivem conosco, para o aprendizado das lições de Jesus. Que seja feito esse estudo no mesmo dia da semana e horário. Iniciamos com uma prece espontânea, abrimos uma página do Evangelho Segundo o Espiritismo e lemos, em voz alta, alguns trechos, comentando-os em seguida.

Para aquele que se julga afetado por alguma intervenção indébita orientamos, além das providências citadas, tomar o passe na casa Espírita, que muito contribuirá para renovação das energias e afastamento de qualquer investida menos digna. Ressaltamos que o passe não deverá ser recebido indefinidamente, mas apenas durante o tempo em que se achar necessitado.

Uma pessoa boa, ou seja, que não precisa de provas severas, pode ser prejudicada pelo livre-arbítrio de outra pessoa sem merecer, como ocorreu com Jesus? Ou a pessoa só sofre quando tem que se depurar de algum mal? Se ninguém nasce pra ser assassino, mas Deus sabe antecipadamente que um espírito vai se tornar um, a pessoa assassinada sempre teve em seu destino tal prova ou ela é decorrente do livre-arbítrio?

A dor, as dificuldades não são apenas o resultado dos erros passados. Nem toda prova que experimentamos é porque temos algo do passado a ser reparado. Estamos em uma máquina física, e esta máquina se desgasta com o tempo, podendo adoecer, envelhecer, morrer… É uma lei da Vida. Se nós atravessamos irresponsavelmente um sinal aberto e somos vítimas de um atropelamento, isso não é necessariamente uma prova do nosso passado espiritual. Se nós nos entregamos ao sexo desequilibrado e contraímos AIDS, isso não significa que essa doença seja uma expiação que deveríamos passar, devido ao nosso passado espiritual. No entanto, existem situações que são inevitáveis, não houve a nossa contribuição - pelo menos nessa existência -, chegando como desafios… Um acidente, um adoecimento súbito, um filho que nasce doente, um companheiro que testa a nossa paciência dia a dia, um irmão que não nos quer bem…

Existem pessoas que podem entrar em nossa vida e nos fazer mal, mas nada ocorre por acaso, pode ser um ensinamento, afinal estamos crescendo, ou pode ser alguém com quem tenhamos débitos do passado e agora retorna “cobrando” a nossa negligência pretérita.

O mal que as pessoas nos fazem deve ser encarado como um aprendizado, o cumprimento da Lei de Causa e Efeito. Se alguém nos faz um mal e nós não nos desesperamos, não nos revoltamos, nem revidamos para nós será um estágio e para a pessoa um comprometimento. Enfim, estará fazendo mal a si mesma!

A Lei de Causa e Efeito é clara: tudo o que você fizer (palavras, pensamentos e ações), gerará conseqüências da mesma qualidade. Se as suas atitudes são equilibradas, você estará produzindo conseqüências saudáveis. Ninguém foge da vida.

Cada um de nós responderá diante da própria consciência, tudo o que fizermos, e o tempo usufruído no corpo físico.

No entanto a Lei Divina não é punitiva, é educativa. Ela não diz: “Tem que pagar”, e sim “Tem que reparar”.

Se você faz o mal a alguém, fere os sentimentos de uma pessoa, se arrepende, decide modificar-se, e começa a consolar vidas, orientar pessoas dando-lhes esperança, você reparou o dano causado anteriormente. Se a pessoa faz o bem, está consertando qualquer mal que fez no passado.

O essencial é não fazer mal a ninguém, e praticar sempre o bem, em qualquer situação, precisando ou não passar por determinadas provas.

Quanto a Jesus, sabemos que ele é um espírito Puro. Já atingiu o grau de espírito imensamente pleno. Ele se decidiu encarnar na Terra, para nos ensinar como agir, e a maneira adequada de se comportar. Não tinha nada que consertar, nenhuma dívida espiritual, nada a ser resgatado. No entanto, ele escolheu estar conosco e sofria, nos ensinando como agir diante de uma provação - ele que não necessitava de sofrer. Cada dor que ele experimentava era um exemplo de amor direcionado àqueles que o seguiam.

Realmente ninguém é programado pelas Leis Soberanas do Universo a praticar o mal. Ninguém renasce com uma missão reencarnatória de ser Assassino! Por ser um espírito eminentemente sábio, Jesus - em ligação direta com Deus - tinha uma visão muito mais avançada dos acontecimentos, das Leis Naturais… Ele conseguia penetrar em paisagens psíquicas que ainda não são acessíveis a nós.

Os Espíritos Superiores, conseguem visualizar os acontecimentos que estão se dando de uma forma muito mais profunda. Eles vislumbram de um ponto de vista muito mais alto. É como se eles estivessem em cima de uma montanha, conseguindo abarcar uma parte muito maior do todo. Imaginemos um carro que está em alta velocidade, e logo mais defrontará uma cratera. Obviamente que o motorista do carro não sabe que há uma cratera a alguns metros adiante. No entanto, alguém que se encontre em cima de uma montanha, olhando o carro naquela velocidade, facilmente pode concluir: “Esse carro vai cair na cratera, ele não vai ter tempo de frear.” É mais ou menos assim que os Espíritos conseguem penetrar nos acontecimentos futuros.

E Jesus, sendo a mais notável personificação da Divindade no Planeta, tinha o conhecimento da sua morte. Apenas usando um raciocínio lógico, nós podemos imaginar que um homem portador de uma mensagem como a de Jesus dificilmente sobreviveria. Afinal, fizeram o mesmo a Sócrates, a Martin Luther King Jr, e a Mahatma Gandhi. Todos os 3 foram assassinados! Isso apenas usando a lógica, o bom senso. Agora, imagine o pensamento de Jesus, com uma inteligência e acuidade psicológica muito superior à nossa? O Espírito pode se reencarnar com tendências muito fortes, inclusive em um meio que possa estimular essas tentações, mas não há uma programação de a pessoa tornar-se um homicida.

Se houvesse esse determinismo, a pessoa não seria responsável pelo mal que praticou. Diríamos: não estava programado? Que culpa essa pessoa tem?

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