Da maneira como são mortos os animais que comemos, por exemplo: bois, galinhas, porcos etc; vemos que é uma grande tortura. Por isto existem grupos vegetarianos. O que recomenda a doutrina espírita? É errado comer estes animais?
É sempre uma grande alegria quando conseguimos conquistar níveis mais elevados de evolução. Mas, sabemos que esse processo se dá de modo gradativo e, para ser efetivo, precisa estar respaldado em nossa real capacidade de alcançá-los. Você pergunta o que a Doutrina tem a dizer a respeito da ingestão de carne animal em nossa alimentação. Na obra básica sobre a qual se baseiam os princípios doutrinários do Espiritismo, intitulada “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec - FEB), temos o assunto abordado com bastante clareza, nas questões 723 e 724, onde Kardec pergunta e os Espíritos respondem:
723 - A alimentação animal é, com relação ao homem, contrária à lei da Natureza?
“Dada a vossa constituição física, a carne alimenta a carne, do contrário o homem perece. A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame a sua organização.”
724 - Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação?
“Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros. Aos olhos de Deus, porém, só há mortificação, havendo privação séria e útil. Por isso é que qualificamos de hipócritas os que apenas aparentemente se privam de alguma coisa.”
Seu questionamento reporta-nos também à obra do autor espiritual André Luiz, intitulada “Missionários da Luz” (psicografada por Chico Xavier). No Capítulo 4, o personagem Alexandre, instrui sobre o assunto dizendo assim: “(…) não nos cabe condenar a ninguém. Abandonando as faixas de nosso primitivismo, devemos acordar a própria consciência para a responsabilidade coletiva. A missão do superior é a de amparar o inferior e educá-lo. E os nossos abusos com a Natureza estão cristalizados em todos os países, há muitos séculos. Não podemos renovar os sistemas econômicos dos povos, dum momento para o outro, nem substituir os hábitos arraigados e viciosos de alimentação imprópria, de maneira repentina. Refletem eles, igualmente, nossos erros multimilenários. Mas, na qualidade de filhos endividados para com Deus e a Natureza, devemos prosseguir no trabalho educativo, acordando os companheiros encarnados, mais experientes e esclarecidos, para a nova era em que os homens cultivarão o solo da Terra por amor e utilizar-se-ão dos animais, com espírito de respeito, educação e entendimento.”
Outro autor espiritual - Emmanuel -, no livro “O Consolador” (psicografia de Chico Xavier) também tece comentários com essa linha de pensamento, na questão 129:
129 - É um erro alimentar-se o homem com a carne dos irracionais?
“A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esse valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos. Temos a considerar, porém, a máquina econômica do interesse e da harmonia coletiva, na qual tantos operários fabricam o seu pão cotidiano. Suas peças não podem ser destruídas de um dia para o outro, sem perigos graves. Consolemo-nos com a visão do porvir, sendo justo trabalharmos, dedicadamente, pelo advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos inferiores.”
Outro aspecto interessante a considerar é aquele relativo ao trabalho realizado pelos médiuns no Centro Espírita, que requer uma disciplina no tocante ao consumo de carne, especialmente carne vermelha e suína: nos dias em que o médium vai atuar, dando passe ou numa reunião de desobsessão, é solicitado que não faça uso desse tipo de alimentação, bem como de temperos fortes, para que forneça melhores condições de uso de seus fluidos pelos trabalhadores do mundo espiritual. O mesmo conselho é dado a quem esteja fazendo um tratamento espiritual no Centro Espírita, recebendo passes de cura: para que possa receber os fluidos que lhe são doados, com maior eficácia, convém não ingerir carne no dia do tratamento.
A esse respeito buscamos no Portal do Espírito http://espirito.org.br o seguinte texto em artigo de Eugênio Lysei Junior*:
32 - A ingestão de carne influencia na tarefa do passe?
“Sim. Embora o passista não deva ser obrigatoriamente vegetariano, encarando o passe como recurso terapêutico físico e espiritual, geralmente utilizado quando apresentamos indisposições de variada ordem, é útil abstermo-nos de alimentos mais pesados, tal qual fazemos quando em tratamentos médicos convencionais. A alimentação do passista afeta os fluidos que este doará no momento do passe. Conforme aprendemos na questão 724 de O Livro dos Espíritos, a abstinência de carne será meritória se a praticarmos em benefício dos outros. Tendo em mente o benefício do próximo, compre-nos preferir a alimentação vegetariana pelo menos no dia exato da tarefa.”
Finalmente, gostaríamos de observar que qualquer mudança de hábito alimentar deve ter um acompanhamento médico, digo dos médicos da Terra, para que seja uma mudança efetivamente saudável, sem danos para o organismo.
Ver também O Blog do Passe Espírita: http://opasse.com.br/032-a-ingestao-de-carne-influencia-na-tarefa-do-passe/
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