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    • O que ocorre no cérebro quando rezamos?

    Desde épocas imemoriais o homem busca nos céus uma resposta aos seus apelos mais íntimos, esperando que as suas dores sejam ouvidas e que a resposta não se faça esperar. O Espiritismo elucida essa questão como nenhuma outra filosofia o fez, não apenas porque resgata a verdade entrevista por tantos outros conceitos filosóficos pincelados por respeitados pensadores desde a antiguidade. Mabel Perito Velez e de David Perito Velez comentam

    • Data :06/12/2024
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    O que acontece com o cérebro quando rezamos

    Atribui-se ao famoso escritor britânico C.S. Lewis, criador do universo literário de Nárnia, uma frase que descreve muito bem o que rezar significa para muitas pessoas.

    “Rezo porque não posso evitar, rezo porque estou desconsolado, rezo porque a necessidade de fazer isso flui de mim o tempo todo, acordado ou dormindo. (Rezar) Não muda Deus. Me muda”, disse o autor certa vez.

    A íntegra da matéria pode ser acessada em:

    https://www.bbc.com/portuguese/articles/c0xjp95vqzyo

    comentário a seguir é de Mabel Perito Velez e de David Perito Velez:


    Desde épocas imemoriais o homem busca nos céus uma resposta aos seus apelos mais íntimos, esperando que as suas dores sejam ouvidas e que a resposta não se faça esperar.

    O Espiritismo elucida essa questão como nenhuma outra filosofia o fez, não apenas porque resgata a verdade entrevista por tantos outros conceitos filosóficos pincelados por respeitados pensadores desde a antiguidade, mas sobretudo, por reviver a voz Daquele que revelou alguns dos maiores e mais profundos ensinamentos, o Meigo Rabi da Galiléia, ainda que prometendo que enviaria o Consolador para nos revelar aquilo que ainda não podia, na época, nos dizer, por não estarmos prontos então.

    Dentre as suas preciosas lições, destaca-se a máxima “Seja o que for que pedirdes na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes.” (Marcos, 11:24) Essas poucas palavras, embora referindo-se o Mestre aos pedidos elevados ou aqueles que nos são permitidos no momento reencarnatório e para nosso aproveitamento evolutivo, encerram um universo inteiro de esperança e consolação, pois atestam a confiança inefável que o homem deve depositar na providência divina, que o criou destinado à perfeição, e na ação da prece.

    A sublime doutrina de amor e renúncia ensinada por Jesus não foi simplesmente exposta em palavras, mas validada pelo Seu exemplo no coração de todos os homens, Seus tutelados, por toda a eternidade, refletindo também a importância das preces, que representam um meio de refazimento e fortalecimento espiritual.

    Em várias passagens dos Evangelhos, Jesus é descrito retirando-se para orar em momentos importantes ou desafiadores. Esses momentos mostram não apenas a importância da oração na vida do Mestre, mas também como Ele buscava uma conexão íntima e constante com o Pai, com o mundo espiritual onde buscava (com a sua capacidade, por mérito, já muito evoluída, é certo) os fluidos necessários ao amparo da sua missão na Terra, renovando-se e encontrando força e clareza, pois nos deu o sincero exemplo do caminho que conduz a Deus, verdadeiramente reencarnado nas mesmas condições biológicas da humanidade, nos ensinando como a oração é nosso maior escudo e manancial de forças sutis e alento.

    O Mestre que nos alertou para a necessidade da sinceridade e da verdade, para que nosso “sim fosse um sim e um não um não”, nunca fraudou na dolorosa experiência humana, reencarnando sem privilégios biológicos ou mundanos, pois que a sua maior finalidade era mostrar que era possível vencermos nossas imperfeições num mundo ainda tão primitivo.

    Léon Denis, no seu livro “Cristianismo e Espiritismo”, aborda o tema com a sua habitual inspiração:

    “As relações do Cristo com o mundo dos Espíritos se afirmam pelo constante amparo que do Além recebia o divino mensageiro. Por vezes, apesar da sua coragem, da abnegação que inspira todos os seus atos, perturbado pela grandeza da tarefa, ele eleva a alma a Deus; ora, implora novas forças e é atendido. Grandioso sopro lhe bafeja a mente. Sob um impulso irresistível, ele reproduz os pensamentos sugeridos; sente-se reconfortado, socorrido.

    Nas horas solitárias, seus olhos distinguem letras de fogo que exprimem as vontades do céu, soam vozes aos seus ouvidos, trazendo-lhe resposta às suas ardentes preces. É a transmissão direta dos ensinos que deve divulgar, são preceitos regeneradores para cuja propagação baixara à Terra. As vibrações do supremo pensamento que anima o Universo lhe são perceptíveis e lhe incutem esses eternos princípios que espalhará e que jamais se hão de apagar da memória dos homens. Ele percebe celestes melodias e seus lábios repetem as palavras escutadas, sublime revelação, mistério ainda para muitos seres humanos, mas para ele confirmação absoluta dessa constante proteção e das intuições que lhe provêm dos mundos superiores.”

    Essas luminosas sementes lançadas ontem por Jesus são hoje ampliadas pelo Espiritismo, o Consolador prometido, que oferece uma visão mais profunda da sua mensagem divina, adaptada ao progresso da razão e da ciência.

    No caso da oração, a interpretação espírita envolve o conceito da comunicação entre o Ser encarnado e o plano espiritual, promovendo um estado mental e espiritual que facilita a recepção de boas influências.

    A prece, conforme descrito por autores espíritas, atua como um mecanismo de elevação vibracional. O Espírito André Luiz, por exemplo, em obras psicografadas por Chico Xavier, como “Mecanismos da Mediunidade”, explica que a oração altera as vibrações do perispírito, o corpo espiritual que interage com o corpo físico:

    “A prece sincera eleva as vibrações da alma, permitindo a sintonia com planos mais elevados e favorecendo a recepção de energias superiores.”

    Isso implica que a oração não só afeta o Espírito, mas também pode influenciar o corpo físico, alterando a bioquímica do cérebro por meio de processos ainda não completamente compreendidos pela ciência materialista.

    Do ponto de vista espírita, esses efeitos poderiam ser interpretados como reflexos físicos de um estado de harmonia espiritual. Divaldo Franco, através dos ensinamentos de Joanna de Ângelis, cita essa relação:

    “A mente, quando em sintonia com as faixas superiores do pensamento, através da oração, favorece a homeostase do organismo, produzindo estados de paz e saúde.” (“O Ser Consciente”)

    Aqui, Joanna de Ângelis indica que a prece pode ser vista como um meio de restabelecer o equilíbrio psicofísico, o que se alinha com os estudos que mostram que a oração pode reduzir o estresse e promover o bem-estar geral.

    No Espiritismo, a prece também é entendida como uma ferramenta valiosa de cura espiritual e física. Yvonne do Amaral Pereira, em “Memórias de um Suicida”, narra como a prece foi utilizada para aliviar o sofrimento dos Espíritos em estado de perturbação. A prece, nesse contexto, tem um efeito de reorganização das energias espirituais:

    “A prece, na verdade, é uma forma de tratamento espiritual, capaz de reorganizar as energias mentais e emocionais, promovendo a cura do Espírito que, por sua vez, se refletirá na cura do corpo.”

    Herculano Pires, em sua obra “O Espírito e o Tempo”, discute como a prece facilita a comunicação com o plano espiritual e a influência que essa comunicação pode ter sobre o nosso corpo físico:

    “A prece é um mecanismo de ajuste das ondas mentais, permitindo que o Espírito entre em sintonia com as forças superiores do universo, o que pode ter reflexos diretos na organização física e mental do indivíduo.”

    Essa citação destaca a ideia de que a oração não apenas eleva o Espírito, mas também alinha as energias do corpo e da mente, promovendo um estado de equilíbrio que pode ser sentido no nível neurofisiológico.

    O estudo dos efeitos da oração, tanto do ponto de vista espiritual quanto científico, revela que a prece é uma prática complexa que atua em vários níveis do Ser. Para o Espiritismo, a oração tem um impacto direto no estado vibracional do Espírito, o que por sua vez se reflete na mente e no corpo físico. As mudanças observadas no cérebro durante a oração podem ser entendidas como manifestações físicas desse processo espiritual.

    Integrar as visões espiritual e científica permite uma compreensão mais rica e completa do impacto da oração. A partir dessa integração, é possível argumentar que a prece atua como um estímulo de cura e equilíbrio, afetando positivamente o cérebro e o corpo, além de promover a elevação espiritual.

    Nesse sentido, as palavras da Benfeitora Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Franco, são inequívocas, “ao lado, portanto, de qualquer terapia prescrita, seja a oração a de maior significado e a mais simples a ser utilizada.” (“Momentos Enriquecedores”)

    É importante lembrar ainda que a prece permite ao homem colocar-se em posição de receber as benesses oferecidas pela Espiritualidade Amiga, que está sempre presente, no entanto, nem sempre encontra ensejo de atuar conforme gostaria. É necessário, portanto, que o Ser eleve os seus pensamentos e sentimentos para que ocorra a sintonia adequada entre as partes envolvidas no processo e a correta recepção dos fluidos salutares.

    Observemos, mais uma vez, a exortação de Léon Denis: “Unamos nossas vozes às do infinito. Tudo ora, tudo celebra a alegria de viver, desde o átomo que se agita na Lua até o astro imenso que flutua no éter. A adoração dos seres forma um concerto prodigioso que se expande no espaço e sobe a Deus. É a saudação dos filhos ao Pai, é a homenagem prestada pelas criaturas ao Criador.” (“Depois da Morte”)

    Mas, aprofundando a questão em foco, o que acontece, mais especificamente, com o cérebro quando rezamos? Crer que a oração é limitada psicologicamente ao mundo do pensamento ou da mera conversa com Deus ou com os seus mensageiros espirituais seria entendimento demasiado limitado e longe da realidade, da beleza e da sabedoria da criação divina do corpo físico, nosso maravilhoso e complexo instrumento de auxílio temporário à evolução espiritual no caminho da plenitude angélica.

    Assim, no livro “Perispírito”, de Zalmino Zimmermann, Editora Allan Kardec, 3.ª edição, 2006, é dada uma demorada análise da nossa já acima referida glândula pineal, integrada no complexo cérebro humano. E aqui elucidativa a leitura do Capítulo XI da referida obra, em especial na página 339, nota 15, em que refere que a glândula pineal (epífise) funciona como um “transdutor psiconeuroendócrino”, captando as energias mais sutis do plano espiritual e traduzindo-as, na dimensão física, em percepções ou sensações, reconhecidas como de caráter mediúnico. E na mesma nota, cita Sérgio Filipe de Oliveira, médico e pesquisador da Universidade de S.P., para quem, no seu livro “Saúde e Espiritismo”, 1998, pp. 98 e 100: “Assim como os olhos detêm a capacidade de captar imagens, os ouvidos o som, o tato, a geometria dos objetos, a pineal é um sensor capaz de ver o mundo espiritual e de coliga-lo com a estrutura biológica. É uma glândula, portanto, que vive o dualismo espírito-matéria”.

    O que nos permite dizer que a oração elevada a Deus, além de entrar em sintonia com o mundo espiritual, não somente nos permite captar respostas ou intuições endereçadas a nós pelos amigos invisíveis, mas também, através do cérebro, graças à referida glândula pineal, recebermos fluidos do plano espiritual, que nos permitem revigorar diretamente o equilíbrio biológico do corpo físico e devolver-nos o bom ânimo para a nossa jornada terrestre.

    Citando novamente André Luiz, na obra mediúnica de F.C.Xavier, “Missionários da Luz”, 25.ª edição, FEB, 1994, Cap. 1, pp. 16: “Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder da emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera” (i.é., a esfera espiritual do autor). A força e o poder da oração é, porém, ainda demasiadamente inutilizada pelo ser reencarnado, mormente em nossa época em que o reino da matéria parece ter vencido a eterna batalha entre o bem e o mal, afastando-nos de Deus.

    Ouçamos, enfim, a título de conclusão, a seguinte elucidação: “A prece é uma elevação acima de todas as coisas terrestres, um ardente apelo às potências superiores, um impulso, um vôo para as regiões que não são perturbadas pelos murmúrios, pelas agitações do mundo material, e onde o ser bebe as inspirações que lhe são necessárias. Quanto maior for seu alcance, tanto mais sincero é seu apelo, tanto mais distintas e esclarecidas se revelam as harmonias, as vozes, as belezas dos mundos superiores. É como que uma janela que se abre para o Invisível, para o infinito, e pela qual ela percebe mil impressões consoladoras e sublimes. Impregna-se, embriaga-se e retempera-se nessas impressões, como num banho fluídico e regenerador.” (“Depois da Morte”, Léon Denis)

    E portanto, é forçoso concluirmos e acrescentar que Deus, omnisciente e omnipresente, nunca deixa de ouvir as nossas preces. Dirão alguns de nós que o Pai sabe o que precisamos e assim sendo, escusada seria a prece. Mas não é assim: temos que orar para permitir a recepção, abrindo a porta, ou como aconselhou Jesus: “Pedi e obtereis”; ou como reza o sábio ditado popular: “ajuda-te a ti próprio e os Céus virão em teu auxílio!”

    * Mabel Perito Velez e David Perito Velez são espíritas e colaboram com o Espiritismo.net