Em O Livro dos Espíritos, publicado em 1857, primeiro livro da Codificação a ser escrito, a Doutrina é apresentada como um todo, com início, meio e fim, dando aos seus leitores a ideia completa, sem possibilidades de devaneios inadequados ou indesejáveis. Embora possa parecer detalhe banal, é de vital importância, pois é muito mais fácil educar sobre qualquer assunto antes que concepções errôneas se instalem, a correção sempre será mais difícil.
O Livro dos Espíritos é composto de quatro capítulos, a saber: Das Causas Primárias; Do Mundo dos Espíritos; Das Leis Morais; Das Esperanças e Consolações. Cada um destes capítulos se tornou assunto para outro livro, formando, então, o Pentateuco da Codificação Espírita, obra basilar em que todo e qualquer estudo espírita deve se apoiar.
Do Capítulo II – Do Mundo dos Espíritos foi escrito O Livro dos Médiuns, publicado em 1861. Neste livro são esclarecidos os fenômenos da mediunidade em maiores detalhes. Numa época em que os fenômenos mediúnicos eclodiam em todos os lugares, este livro apresentava as respostas para as dúvidas que surgiam.
Contudo, a mediunidade não parou naquela época, ela está presente em todos nós, seja médium ostensivo ou não, mas sempre médium. A palavra “médium” se refere, em significado mais comum, ao intermediário entre os homens e os espíritos, contudo, em maior abrangência, seria o processo de comunicação mais comum, isto é, a interação existente entre todos os seres vivos.
Do Capítulo III – Das Leis Morais foi escrito O Evangelho Segundo o Espiritismo, publicado em 1864, que esclarece sobre passagens e parábolas de Jesus, em sua encarnação missionária, há mais de dois mil anos, interpretando seus ensinamentos para que todos possam compreendê-los, libertando-nos de qualquer versão deturpada.
Não é possível conceber a idéia de Jesus como alguém que veio a terra para Ensaios sobre 9 questões espíritas ensinar utilizando uma forma que apenas alguns poucos o pudessem compreender, seus ensinamento são simples e diretos, contudo, é preciso estar aberto para o entendimento do amor incondicional a todas as criaturas.
Obviamente que, no atual nível evolutivo que este mundo se encontra, o exercício de um amor incondicional ainda é muito difícil, estamos muito arraigados aos nossos sentimentos inferiores de orgulho. Todavia, o início da caminhada é o entendimento de que esse tipo de sentimento existe. A Terra é sempre brindada com a presença de espíritos capazes do exercício do amor incondicional para servir de exemplo, mostrando que isso é possível e que, um dia, todos estaremos na mesma condição.
Do Capítulo IV – Das Esperanças e Consolações, foi escrito o livro O Céu e o Inferno publicado em 1865, que esclarece sobre o porvir, o além túmulo, apresentando a existência de um futuro que passa a ser o motivo pelo qual se deve saber viver com consciência dos atos praticados. Através de um exercício mental para pensarmos da mesma forma que uma pessoa materialista, esquecendo-se da existência da vida futura, nos possibilita conceber, mesmo que de forma rudimentar, o quanto desesperador pode ser quando não se crê na continuidade da existência da individualidade, do ser imortal.
O pensamento incoerente de que o nada nos espera logo adiante faz com que tentemos fugir da realidade para aguardarmos esse nada. Quando esta idéia domina a mente por completo o espírito busca sua “liberdade” no ato mais covarde, na culminância do desespero, o suicídio. Ao acordar, no outro lado, o desespero é aumentado em dez, cem, mil vezes, quando o indivíduo se depara com a vida imortal do espírito.
Tal pensamento é a mola, o estopim para tantos se enganarem no consolo falso e mentiroso dos vícios. O álcool e as drogas são consequências do desespero que o vazio proporciona em espíritos pouco esclarecidos.
A existência adquire um novo significado sob a ótica reencarnacionista, ressaltando a importância de nós mesmos e dos outros. Porém, ainda somos muito imperfeitos e é nosso egoísmo, cultuado por nós mesmos, durante reencarnações sem fim, que não nos permite levantar os olhos para enxergar o nosso próximo e os trabalhos que necessitam serem realizados.
O irônico nesta história é que enxergando nosso próximo e arregaçarmos as mangas estaremos, na verdade, enxergando a nós mesmos e trabalhando para o nosso próprio benefício.
A verdadeira calma e a verdadeira serenidade só podem ser alcançadas com o trabalho perseverante no aprimoramento moral e intelectual e, quando da desencarnação, será possível vislumbrar o futuro a nossa frente e, então, tomaremos consciência do quanto efêmero é o “sossego” terreno que tanto buscamos.
A idéia da individualidade é fundamental para que o ser valorize a sua existência, sabendo que todos os atos sempre estarão ligados a um ser individual, que será o responsável. Desta forma, fica mais fácil controlar nossos impulsos assim como também se torna mais fácil o perdão, pois saberemos que aquele que comete atos perniciosos deverá sempre arcar com as consequências.
Do Capítulo I – Das Causas Primárias, foi escrito o livro A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, publicado em 1868, último livro da codificação a ser escrito. A Doutrina deixa um legado importantíssimo para a nossa vida, pois este último livro nos ensina a pensar, usar a razão, analisar os fatos porvindouros.
Quanto mais se analisa a Doutrina Espírita, mais se observa a sua complexidade e, o que é mais importante, a sua completude.
Uma doutrina que liberta e que, ao mesmo tempo, é progressista, se caracterizando por estar aberta a abraçar e incorporar, no seu corpo doutrinário, os novos avanços da humanidade deve, também, instruir como estes avanços devem ser analisados antes de serem absorvidos, além de esclarecer quanto a tantos pontos obscuros de uma ciência humana.
O livro A Gênese se caracteriza pelo exercício da razão e nos norteia sobre os acontecimentos futuros e é sob este prisma que deve ser estudado.