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Penso, logo existo; esta frase, dita pelo filósofo, matemático e cientista francês do século XVII, René Descartes, também conhecido como o pai da filosofia moderna, demonstra uma verdade fundamental para toda a humanidade: somos seres pensantes. Todas as partes do corpo necessitam ser exercitadas para se manterem em funcionamento adequado. Isto inclui, também, o cérebro como órgão que necessita de exercício constante. Muitos podem até pensar que sabem pensar, como também pensam que sabem se exercitar. Por Claudio C. Conti .

“Penso, logo existo”; esta frase, dita pelo filósofo, matemático e cientista francês do século XVII, René Descartes, também conhecido como “o pai da filosofia moderna”, demonstra uma verdade fundamental para toda a humanidade: somos seres pensantes.

Todas as partes do corpo necessitam ser exercitadas para se manterem em funcionamento adequado. Isto inclui, também, o cérebro como órgão que necessita de exercício constante.

Muitos podem até pensar que sabem pensar, como também pensam que sabem se exercitar.

Cada parte do corpo necessita de atividades especiais para se manterem em forma e não apenas o uso ordinário que fazemos de muitas destas partes, isto é subutilização de máquina tão perfeita. A subutilização de qualquer equipamento leva a ferrugem e a máquina trava ou não funciona como deveria, sendo necessário descartá-la. Todos sabem da importância de exercícios físicos, nem que seja uma simples caminhada, no combate ao colesterol, prevenção de doenças coronarianas, derrames, etc., acompanhada, é claro, de boa dieta alimentar, escolhendo alimentos saudáveis, sem excesso de gordura e frituras.

Também é um erro a super utilização, isto é, mau uso desta mesma máquina, o que pode levar a uma fadiga prematura da matéria utilizada em sua construção, podendo acarretar a ruptura em uma das partes e, com isso, sua inutilização precoce. Um bom exemplo é o que é chamado de corrosão por fadiga, isto ocorre quando um material qualquer, uma barra de ferro, por exemplo, estando submetida a uma tensão constante, apresentará, após algum tempo, o desgaste na sua estrutura, quebrando facilmente.

O cérebro, como qualquer órgão, precisa ser exercitado de maneira correta, pois pensamento folgais durante todo o tempo é subutilização enquanto que o pensamento mal direcionado é mau uso. Em ambos os casos a mente se entorpece.

Vemos, então, a importância do estudo em sua real amplitude de valores, pois, além de proporcionar maior conhecimento e, com isso, melhor entendimento da vida e do mundo em que vivemos, traz uma condição de tranqüilidade. O ser humano tem uma grande relutância ao desconhecido que assusta, portanto, quanto mais sabemos, menos desconhecemos embora, paradoxalmente, quanto mais se sabe mais se tem à noção do quanto desconhece.

Através do estudo é que o espírito evolui tanto intelectual quanto moralmente, pois o conhecimento intelectual favorece o entendimento da necessidade de moral elevada.

Vejamos, agora, a participação do Espiritismo nesta abordagem.

Em uma análise rápida, poder-se dizer que Kardec nos traz muita informação, nas quatro primeiras obras da codificação, é surpreendente como foi possível colocar tudo aquilo em apenas quatro livros, sem mencionar que cada informação é analisada com esmero. Contudo, no último livro, Kardec nos ensina a pensar…

Primeiramente, analisemos a participação ostensiva dos Espíritos nas quatro primeiras obras. O seu conteúdo mostra claramente que toda aquela informação somente poderia vir de seres desencarnados, nos ensinando muita coisa sobre as relações entre os dois mundos, os chamados mundo material e mundo espiritual, tudo acompanhado da análise tanto de seres extra-corpóreos quanto do próprio Kardec.

No quinto e último livro a participação dos Espíritos não é tão ostensiva. Não queremos, com isso, inferir uma ausência dessa espiritualidade, pois não seria possível conceber a falange responsável pela Codificação não estar presente até o fim, tal pensamento seria pueril e ingênuo.

Uma doutrina nos moldes do Espiritismo deve nortear seus seguidores e adeptos em todos os campos e estágios da vida e sua estruturação e elaboração devem estar de acordo com esta finalidade.

Considerando que todos têm uma linha de pensamento próprio, significando que somos tendenciosos quando abordamos um determinado assunto, seja uma doutrina, uma pesquisa ou, até mesmo, estratégias comerciais, quando qualquer assunto fica relegado a uma pessoa somente, esta, naturalmente, tenderá a abordar o tema sob sua linha de pensamento pessoal. Em outras palavras, é inviável manter a imparcialidade total.

Quando o assunto é uma doutrina filosófica comportamental, cuja finalidade é nortear as atitudes das pessoas em geral, a tendência imposta por uma única pessoa poderá levar a danos catastróficos, principalmente no campo mental.

Por este motivo Kardec buscou compilar a doutrina recolhendo informações de vários espíritos para, desta forma, anular o personalismo imposto, mesmo que inconscientemente, por cada um. É importante lembrar que espíritos de vários níveis evolutivos participaram na Codificação e não apenas os mais evolvidos.

Na tentativa de melhor compreender a participação de espíritos menos evoluídos na codificação, vamos entrar um pouco na essência da Codificação Espírita.

“Quis Deus” que a Doutrina viesse a Terra não como uma doutrina pronta, simplesmente ditada a um médium qualquer, sujeita a interpretações errôneas devido a nossa pequena capacidade de compreensão, mas que fosse elaborada e desenvolvida paulatinamente. Contudo, podemos imaginar o grau evolutivo em que se encontram os espíritos responsáveis pelo trabalho e, também, é possível imaginar as dificuldades que eles teriam para exprimir as idéias em uma linguagem accessível para nós. Em várias questões eles afirmam não haver palavras em nosso vocabulário para que possam traduzir um pensamento.

Ademais, era também necessária a participação do homem para que este fosse um trabalho fruto do esforço humano. Como isso foi feito?

Vamos dar um exemplo que o próprio Kardec apresenta no livro A GÊNESE: é fato comum espíritos não perceberem que desencarnaram. Haveria, portanto, duas possibilidades para que esse fato se tornasse conhecido:

a) Espíritos simplesmente chegassem para Kardec, através de um médium, e ditassem palavra após palavra que existem espíritos que se acreditam encarnados mesmo após o desencarne;

b) Espíritos nesta condição seriam trazidos para se comunicarem e, através da observação e análise, o fato poder ser concluído.

A primeira possibilidade pode até parecer mais simples, todavia, não demonstra toda a gama de possibilidades possíveis e nem os sentimentos envolvidos neste tipo de situação. A segunda possibilidade já permite a análise mais aprofundada da questão, pois os próprios espíritos envolvidos relatam suas experiências.

A mesma linha de raciocínio é válida no caso de estudo sobre os espíritos sofredores, por exemplo. Vários espíritos na condição de sofrimento foram trazidos para apreciação e estudo.

Desta forma foi utilizada uma abordagem científica, isto é, fatos são observados para posterior elaboração das leis que regem estes mesmos fatos. Por esse motivo é que se pode afirmar o caráter científico da Doutrina Espírita - ao invés dos espíritos ditarem os fenômenos, deixaram que estes fossem observados para, então, o próprio homem deduzir como ocorrem.

Pelo mesmo motivo foram utilizados vários médiuns para o recebimento das mensagens.

As comunicações se deram principalmente através da escrita. Segundo o próprio Kardec, existem vários tipos de médiuns escreventes que variam segundo o modo de execução: médiuns mecânicos, semimecânicos e intuitivos, portanto, mais uma vez ser verifica que existe a possibilidade de prevalecer o pensamento pessoal sobre uma questão qualquer, pois o médium pode embutir, na mensagem, idéias próprias, o que dependerá da sua educação mediúnica.

É importante ressaltar que certamente, no início de seu trabalho, Kardec não tinha conhecimento da diversidade de médiuns, o que somente foi verificado após muito estudo e observação.

Continua em breve…

  • Extraído do livro ENSAIOS SOBRE QUESTÕES ESPÍRITAS, Capítulo I, de Claudio C. Conti - www.ccconti.com

Continua em breve…