Carregando...

  • Início
  • Quando inicia e termina a expiação, a provação e a regeneração

Estamos acostumados a ouvir que o planeta Terra está, atualmente, na categoria de mundo de expiações e provas, conceito compatível com o Cap. III d’O EvangelhoSegundo o Espiritismo. Contudo, precisamos estar atentos para o fato que expiação e provação são duas coisas que, apesar de próximas, são distintas.

Foto de Cecilia Johansson

Estamos acostumados a ouvir que o planeta Terra está, atualmente, na categoria de mundo de expiações e provas, conceito compatível com o Cap. III d’O EvangelhoSegundo o Espiritismo. Contudo, precisamos estar atentos para o fato que expiação e provação são duas coisas que, apesar de próximas, são distintas.

Por “expiação” devemos entender processos e situações que visam a educação do espírito considerados desagradáveis visando que o espírito, vivenciando-os, estabeleça uma correlação

entre comportamento e consequências, o princípio básico da lei de causa e efeito, ou mais precisamente, mente e efeito tendo em vista que comportamento está relacionado com a postura mental.

Por “provas” devemos entender como processos e situações que servem para fortalecer as decisões relacionadas com o processo evolutivo do espírito. Desta forma, com a repetição de uma mesma ou situações semelhantes, acarretará invariavelmente respostas adequadas, e o espírito poderá estabelecer e fortalecer um padrão de comportamento condizente com o avanço evolutivo, isto é, a moral.

A questão 629 d’O Livro dos Espíritos trata sobre a definição de moral, conceito abstrato ainda difícil para o nosso entendimento:

  1. Que definição se pode dar da moral?

“A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.”

A questão apresentada esclarece sobre a necessidade do bem proceder independente dos eventos da nossa vida. Estes eventos consistem na interação com as outra pessoas e situações; por “interação”, podemos entender “estímulos”.

Todo estímulo acarreta uma reação, mesmo que seja a sua pura observação ou percepção e, dependendo do estímulo que recebemos, reagimos desta ou daquela forma. Por exemplo, a um sorriso sincero (estímulo) respondemos com outro sorriso e sensação agradável (reação).

Os estímulos bons são fáceis de reagir bem, mas quando se trata daqueles não tão agradáveis a situação pode ser diferente.

Podemos, portanto, entender “moral” como sendo a resposta adequada para os diversos estímulos, independentemente da sua qualidade. Precisamos, para isso, de duas etapas: 1) saber qual é a resposta adequada para cada situação e; 2) sermos capazes de o fazer. Pode até parecer simples, mas se torna complicado na prática.

A questão do bem, do mal e da reposta adequada não é simples para o nosso entendimento e podemos encontrar um pouco mais de esclarecimento na pergunta 638 d’O Livro dos Espíritos, esclarecendo um ponto importante que, a primeira vista, pode não ser tão claro:

  1. Parece, às vezes, que o mal é uma consequência da força das coisas. Tal, por exemplo, a necessidade em que o homem se vê, nalguns casos, de destruir, até mesmo o seu semelhante. Poder-se-á dizer que há, então, infração da lei de Deus?

“Embora necessário, o mal não deixa de ser o mal. Essa necessidade desaparece, entretanto, à medida que a alma se depura, passando de uma a outra existência. Então, mais culpado é o homem, quando o pratica, porque melhor o compreende.”

A resposta apresentada pelos espíritos, quando não analisada adequadamente, pode criar certa dificuldade de entendimento, pois como pode o mal ser necessário? Parece, com isso, que Deus tenha criado o mal?

Visando melhorar a compreensão nesta questão que pode causar muitas dúvidas, vamos analisar a resposta em partes.

1a. parte da resposta) “Embora necessário, o mal não deixa de ser o mal.”

Ao observamos detalhadamente nosso próprio comportamento, assim como o da humanidade em geral, verificamos que existe certa falta de compreensão dos direitos e deveres individuais e coletivos. Em decorrência disso, há uma tendência de, por um lado, se expandir além dos limites o que consideramos nossos direitos e, por outro, relegamos a segundo plano os nossos deveres. Tal comportamento denota uma exacerbação do egoísmo.

Kardec, no livro A Gênese, no Cap. III - O Bem e o Mal, apresenta profunda elucidação a este respeito:

“10. Estudando-se todas as paixões e, mesmo, todos os vícios, vê-se que as raízes de umas e outros se acham no instinto de conservação, instinto que se encontra em toda a pujança nos animais e nos seres primitivos mais próximos da animalidade, nos quais ele exclusivamente domina, sem o contrapeso do senso moral, por não ter ainda o ser nascido para a vida intelectual. O instinto se enfraquece, à medida que a inteligência se desenvolve, porque esta domina a matéria.”

Diante do exposto pelo Codificador, temos que o instinto de conservação, necessário para manutenção da própria vida, pode, em algum momento e em virtude da falta de entendimento do espírito, degenerar-se em egoísmo, gerando desarmonias de tal monta que causa a perda da sua utilidade mais básica - a própria conservação, pois, nesta condição o espírito se coloca em situações que põem em risco, chegando mesmo a por fim, ã própria existência corporal.

Neste estágio em que o sofrimento se instala, mesmo que o espírito não o perceba, têm início a prática do mal pelo espírito, pois todo aquele que pratica o mal gera em si mesmo as consequências. Neste momento o mal se torna necessário para que o próprio espírito se conscientize dos seus efeitos nocivos.

Talvez possamos dizer que este é o ponto determinante para o início da existência do espírito em uma condição de expiação.

2a parte da resposta) **“Essa necessidade desaparece, entretanto, à medida que a alma se depura, passando de uma a outra existência” **

Nesta segunda parte da resposta fica claro que a depuração do espírito o conduzirá ao entendimento das consequências nefastas do egoísmo para si mesmo e para os outros. Ainda não regenerado, nos estágios iniciais de conscientização, podemos esperar que o motivo pelo qual o indivíduo procura não fazer o mal ainda será pelo próprio egoísmo, isto é, para não causar o mal para si mesmo.

Similarmente à condição anterior, talvez possamos dizer que este é o ponto determinante do final da expiação para o início das provas, quando, mesmo diante de determinadas situações que seria possível o comportamento inadequado, o espírito exercita se manter firme na sua decisão. Assim, com o passar do tempo, o espírito exercita não causar danos aos outros até que, em franca regeneração, o motivo para este comportamento passa a ser decorrente de desejar o bem para o próximo e para a sociedade como um todo, adentrando, finalmente, na condição de regeneração.

24 de fevereiro de 2014