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  • Mocidade – Com amor e criatividade a gente alcança esses corações

Este artigo surgiu pela observação em um grande evento espírita, onde alguns jovens perambulavam pelo local sem que houvesse praticamente nenhuma atividade voltada para eles, enquanto se desenvolviam as atividades programadas.

Este artigo surgiu pela observação em um grande evento espírita, onde alguns jovens perambulavam pelo local sem que houvesse praticamente nenhuma atividade voltada para eles, enquanto se desenvolviam as atividades programadas. Todas as palestras eram direcionadas a um público provavelmente mais antigo de Doutrina, pois se utilizava de uma linguagem dificultosa, rebuscada, própria do Espiritismo e do espírita do século XIX e XX, mas que nos dias atuais, onde até a comunicação é “comprimida” para tornar-se mais ágil, certamente ainda não atinge, e talvez não vá atingir nunca essa faixa de público.

O tema era interessante, mas não parecia provocar naqueles jovens nenhum estímulo. O pouco interesse deles era explícito, talvez pelo formato adotado pelos palestrantes, pois pude sentir que estavam sequiosos por respostas que envolviam o assunto, já que estavam de alguma forma presentes, porém ignorados pela sua condição jovial no meio, como se despertassem uma certa “inveja” em quem já não pode mais desfrutar de tanta energia, vitalidade, criatividade e memória.

Era possível observar que enquanto as palestras “para adultos” “rolavam”, aquele pessoal entregava-se às ilusões de um “game” de mão e seus joguinhos nada educativos ou aos aparelhinhos de iPod, que os impediam de ouvir as boas mensagens do evento para ouvir os ídolos do momento e suas músicas com mensagens não tão boas, porém bastante dançantes.

Os Bons Educadores de que se tem relato na história, de Sócrates à Piaget, e outros mais atuais, que a maioria de nós tem na memória como sendo “aquele professor que marcou sua trajetória escolar…”, se fossem colocados juntos, em uma mesa redonda, provavelmente concordariam que Educar é “LIBERTAR ALMAS”, e também que nenhuma fase é mais profícua para que essa libertação ocorra do que a adolescência, quando o Espírito finalmente desperta e anseia pelo seu espaço no universo.

Infelizmente, poucos são os preparados para compreender essa ansiedade, esse desassossego interior e essa busca exterior que causam um certo “rebuliço” na vida de familiares, professores e na sociedade em geral, que percebem essa movimentação, esse “grito pelo lugar ao sol” por causa da insegurança e do medo que vivem.

Por esta falta de compreensão e conhecimento, na maioria das vezes, acaba-se perdendo esse enorme potencial criativo e inteligente, essa busca pelo ser consciente para uma culturalização massificada e negligente, e para um modelo de educação obsoleto, onde raramente se permite que o jovem cresça e amadureça por suas próprias escolhas, impedindo-o de reinventar, de participar diretamente nas atividades e decisões, de trabalhar seus melhores dons e de explorar e fazer, à sua maneira, o que vem sendo feito igual há muito tempo.

Não se permite que fujam dos conceitos pré-estabelecidos, sem que sejam vistos com olhos de censura por aqueles que se julgam mais hábeis por serem mais “experientes”. Vivemos, porém, em um tempo onde temos uma explosão de informações que nos chegam com velocidade quase imensurável, informações estas que atingem com maestria os objetivos da influência, da sedução e do envolvimento, seja de forma subliminar ou diretamente, e que competem com este modelo educacional que muito se firma ainda na filosofia do “SIM é SIM, NÃO é NÃO…”, “FAÇA ASSIM QUE É MELHOR…”, “ESTE É O MELHOR MODELO…”, “ISTO NÃO É PARA VOCÊ…”, enfim, se contrapondo ao avanço e ao salto tecnológico da atualidade, que lhes permite argumentações, interrogações e investigações com um alto grau perceptivo, onde tudo é muito dinâmico e atrativo, e o que é o melhor agora já não será mais moderno e melhor amanhã. É assim que os jovens de hoje concebem o mundo ao seu redor.

Não se justifica mais tentar ensinar e orientar nos mesmos moldes em que fomos educados em meados do século XX, porque certamente seremos atropelados por outros meios talvez menos eficazes, contudo, mais pragmáticos, para os quais, infelizmente, perderemos o “alvo” que desejamos atingir, que são nossos jovens corações ou nossos corações jovens, que não terão a mínima motivação para seguir o que parece-lhes tedioso e ultrapassado.

O Educador atento precisa caminhar ao lado de seus educandos, se aproximando deles o mais que puder pela linguagem pura e simples, acompanhando tendências, instruindo e indicando o caminho, mas investindo nas capacidades das escolhas e nas habilidades, confiando a responsabilidade dos atos determinados pelas circunstâncias e oportunidades do cotidiano, pois o Espírito que cresce com liberdade aproxima-se muito mais da verdade.


Aos mais Moços…

Aos mais moços não ofereçam apenas as respostas, mas solicitem-lhes as dúvidas, agucem as curiosidades, proponham-lhes múltiplas escolhas para que atribuam-nas valores que os conduzirão a Deus e a verdade.

Não lhes deem apenas uma chance, deem-lhes credibilidade.

Eles não querem apenas ouvir, desejam ser ouvidos.

Não querem apenas o conhecimento do mestre; querem o abraço e a compreensão do amigo.

Não querem apenas um modelo para ser cegamente seguido; querem a visão de um herói e a vivência do ídolo, por isso não basta oferecer o guia, é preciso que sejam conquistados por ele, caso contrário os perderemos para os heróis e ídolos do dia a dia.

Não querem apenas defender seus direitos; sonham com um mundo justo e livre de desamor e preconceitos.

Não se apegam mais aos vocabulários de difícil entendimento; se informam e se comunicam pela linguagem do seu tempo.

Não querem apenas experiências; desejam e podem ser futuros formadores de opiniões e de consciências.

O fulgor da jovialidade em que lhes desabrocha todo o potencial para, por si mesmos, agirem, pensarem, interagirem, acreditarem, sonharem, defenderem, integrarem, doarem, provarem, descobrirem, aprenderem e ensinarem… Esse é o momento para que lhes aproveitemos essas vontades, direcionando-os para o BEM - Benevolência-Estudo-Moral, para que participem ativamente da construção de uma sociedade mais evoluída, com dinamismo, motivação e criatividade.

O bom mestre não se apoia em austeridades, mas em bons exemplos e desenvolvimento de suas capacidades, exercendo empatia e acreditando em habilidades. Ingressa no mundo de seus educandos, conhece seus interesses e multiplica talentos, animando qualidades, extrai-lhes o que tem de melhor, tal como se extraem seivas das árvores, purificam-nas, transformam-nas, aproveitando os melhores ativos para oferecerem como bálsamos curativos, alimentos nutritivos e maravilhosos perfumes à humanidade.

Paty Bolonha – 2011