Disse-lhes: - Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?
(ATOS: 19:2)
Ainda hoje essa pergunta continua a ecoar em todas as direções e em todas as correntes do cristianismo na face da Terra.
O homem, habituado às conveniências dos costumes a que se adaptou e conserva em seu mundo íntimo há milênios, crê e descrê com a maior facilidade, isto é, acredita agora para duvidar daqui a pouco.
Isso porque tenta vivenciar na aparência os ensinamentos do Evangelho de Jesus, simplesmente para se tornar agradável nas suas relações em sociedade. Mas, como não possui alicerçado em seu interior esse conteúdo e não tendo desenvolvido em si os valores encontrados unicamente na verdadeira fé, não consegue lograr êxito e vive a se contradizer em palavras e atos.
Quase sempre sua crença está na dependência de alcançar o alívio para a sua dificuldade no campo da saúde física ou na obtenção de vantagens materiais. Assim é que, quando enfermo, após receber o socorro da caridade na resolução do problema que o aflige no momento, se declara, doravante, seguidor da Boa Nova guiando-se simplesmente pelas impressões do alívio físico que sente.
Mas, logo depois, todavia, na presença de novas dificuldades e desafios que surgirem em seu caminho, ressurgirá tão insatisfeito e tão desesperado quanto outrora, esquecido dos benefícios que alcançou e da fé que se dizia possuidor. Nas trilhas dos seguidores do Espiritismo não são diferentes tais situações.,Ao contrário, são também muito freqüentes.
Grande é o número dos companheiros que se afirmam pessoas de fé por haverem recebido alguma mensagem dando notícias da sobrevivência de algum parente desencarnado ou ainda por terem se livrado de alguma enfermidade ou porque obtiveram solução satisfatória para certos problemas da luta material. Contudo, passado esse momento, diante dos novos problemas que por certo surgirão na vida de todos nós, estarão novamente duvidando dos amigos espirituais, dos médiuns respeitáveis e até mesmo da doutrina espírita.
Por essa razão, a interrogação do Apóstolo Paulo de Tarso continua perfeitamente atualizada. Ainda precisamos meditar bastante para saber respondê-la, com certeza, que espécie de cristão somos e como estamos crendo na orientação de Jesus?
Estamos fazendo bom uso de tudo o que já sabemos de seus ensinos, em proveito de nossa melhoria e do nosso próximo, como criaturas humanas e irmãs que somos, criadas para a glória e a perfeição? Ou ainda nos mantemos aprisionados e escravizados pela ignorância do homem velho que sempre nos dominou?
Enquanto não nos decidirmos por abrigar no espírito as bênçãos das virtudes que dormitam em nosso Ser profundo à espera de nossa atitude e boa vontade no trabalho para desenvolvê-las na construção da reforma íntima que precisamos urgentemente empreender, para progredir e crescer moral e espiritualmente, nos renovando em Cristo, a nossa fé não passará de frágil candeia, suscetível de apagar-se ao primeiro golpe de vento.
E só há uma maneira correta de proceder em busca dessa transformação, que só se dará pelo desenvolvimento da fé raciocinada, através do estudo sério e aprofundado da doutrina espírita, como nos convoca o Espírito de Verdade no E.S.E. Cap. 6 item 5, “Espíritas! amai-vos, este o este o primeiro ensinamento, instruí-vos este o segundo”. O Espírito de Verdade (Paris, 1860)(1).
Fonte:
(1) Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5.