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  • Plano de Ação para o Centro Espírita Aumentar o Número de Trabalhadores Voluntários (Parte 3)

**Grupo II: Terceira idade (prováveis voluntários do presente) **

Crie em seu Centro Espírita o Departamento dos Trabalhadores voluntários da Terceira Idade. A criação desse departamento é uma forma de valorizar mais idoso. E quem se sente valorizado, executa o trabalho com mais empenho e prazer.

No meio espírita, é comum o trabalho voluntário estar disseminado junto às pessoas que nem estão no grupo de jovens nem no grupo da terceira idade. São aquelas pessoas da faixa intermediária que, talvez assim possamos dizer, fazem parte do grupo da meia idade.

Não atuando de forma estimuladora para ter trabalhadores voluntários entre jovens e idosos, os Centros Espíritas erram em seus planos de ação, pois estão deixando de lado os grupos que mais crescem em nosso país. Incentivar só o pessoal de meia idade a trabalhar voluntariamente significa optar, justamente, pelo grupo com menor número de integrantes. Assim sendo, por que não valorizar todos os grupos de pessoas, sejam eles compostos por jovens, pessoas de meia idade ou pelo pessoal da terceira idade?

Existem espíritas da terceira idade que estão com muita vontade de serem úteis ao próximo. Também é verdade que, nesse grupo, existem aqueles que ainda não despertaram para essa atividade. No entanto, o surgimento de um ambiente estimulador no Centro Espírita, fará com que eles vislumbrem um novo mundo: o mundo da caridade, o mundo da ação em favor do próximo.

Muitos Centros Espíritas não estimulam essas pessoas a atuarem caritativamente. Esses Centros, assim como a sociedade em geral, veem os idosos como pessoas a serem ajudadas, ao em vez de considerá-las indivíduos úteis e capazes de ajudar, esquecendo-se que essas pessoas com mais experiência de vida são mais pacientes, mais resignadas, mais amorosas e, o que também é muito importante, têm mais tempo livre, pois muitas já se aposentaram.

Um questionamento que cabe a todo dirigente de Centro Espírita fazer é: “Como podemos deixar de utilizar em nosso trabalho voluntário pessoas pacientes, resignadas, amorosas e com mais tempo livre?”.

Esse é um equívoco que precisamos deixar de cometer. Portanto, criemos e estimulemos o Departamento dos Trabalhadores Voluntários da Terceira Idade.

Grupo III: Os jovens (prováveis voluntários do presente)

Crie no Departamento da Juventude de seu Centro Espírita o setor “Voluntariado Jovem”.

“Esses jovens são um problema”.

“Não adianta fazer algo para o jovem, são muito entusiasmados no início, mas depois desistem com facilidade”.

“Decidi que é melhor não ter um Departamento da Juventude”.

Desculpe-me a franqueza, mas fazer um desses comentários é assinar um atestado de incompetência no relacionamento com os jovens. Em pesquisas que fiz para escrever este texto, descobri que os Centros Espíritas, não todos, mas muitos deles, ferem a auto-estima dos jovens. Pode ser que venha daí a razão do já mencionado insucesso.

Nessa fase de auto-afirmação, que todos os jovens passam, seria lógico considerá-los pessoas importantes à Doutrina. Como realmente são. No entanto, geralmente passam a eles serviços ou atividades que menosprezam sua grande capacidade. Como esperar que eles mantenham o entusiasmo? Logo, aparece o natural desinteresse.

O Centro Espírita que hoje não tem uma relação produtiva com os jovens, falha, e está assinando o seu atestado de óbito. Pois, uma realidade que ninguém contesta é a de que os líderes espíritas do futuro são os jovens de hoje. Por que deixar de cuidar dessa semente?

É próprio do meio espírita não aceitar a irreverência e a inconstância dos jovens. Interessante é que qualquer organização com os olhos voltados para o futuro quer ter pessoas irreverentes e inconstantes. São justamente essas pessoas que são criativas por natureza. E sabemos que ser criativo é fundamental para se dar bem diante dos desafios do mundo moderno.

Temos medo da audácia dos jovens. Na resposta da pergunta 932 de O Livro dos Espíritos está implícito que precisamos ser audaciosos! Já imaginou, caro leitor, se Allan Kardec tivesse retornado à Terra e hoje fosse um desses jovens audaciosos e irreverentes? Será que os Centros Espíritas iriam aceitá-lo para ser um dos trabalhadores voluntários?

É óbvio que é preciso ter parâmetros. As regras são úteis para estabelecer os necessários padrões de comportamento. Mas existem alguns parâmetros e algumas regras que além de inúteis, prejudicam o desenvolvimento do movimento espírita. E é justamente aí que devem entrar os jovens.

Quer ter jovens estimulados ao trabalho voluntário no seu Centro Espírita? Então acabe com aqueles cursos professorais, crie um grupo de estudos onde eles próprios tenham a oportunidade de se auto-organizarem, utilize-se de técnicas adequadas para melhorar a auto-estima deles. Então verdadeiros milagres irão acontecer.

Você, dirigente de Centro Espírita, evite comportar-se como o “dono da verdade”. Não queira dar passos pelos jovens. Deixe-os encontrarem o seu caminho, mesmo que isso signifique vê-los errar e acertar. E, lembremo-nos, por uma questão da lógica espírita, os jovens de hoje tendem a ser espíritos mais velhos e mais evoluídos do que nós, os adultos.

Dê autonomia, mesmo que relativa, aos jovens. Essa autonomia vai gerar conflitos? Ainda bem, pois são dos conflitos que surgem novas ideias. Se tudo estiver calmo no seu Centro Espírita, se todos sempre concordarem com você, cuidado, alguma coisa está errada. Os conflitos, quando bem administrados, são instrumentos de enorme valor para o desenvolvimento do movimento espírita. Lembre-se que Jesus disse: “Bem aventurados os aflitos”. E os conflitos trazem-nos a bem-vinda aflição, que irá nos obrigar a fazer as tão necessárias perguntas: “Onde estou errando?”, “Como posso fazer ainda melhor?”.

A pessoa que não tem aflição, que caminha num mar de rosas, não cresce, pois não sente necessidade de trilhar novos caminhos. Em síntese, o problema não está nos jovens, estes, sim, fazem parte da solução. O problema está no sistema ou no estilo de liderança adotado pelo Centro Espírita. Hoje há Centros Espíritas que, inteligentemente, inserem os jovens em todos os departamentos, fazendo com que eles convivam com pessoas de todas as idades. Por outro lado, há Centros Espíritas que os deixam confinados no Departamento da Juventude. É importante que esse departamento exista, pois os jovens gostam de conviver com pessoas de sua idade, mas que esse departamento seja apenas um local de referência, pois precisamos incentivar os jovens a estarem presentes em todos os setores do Centro Espírita. Aproveitemos o enorme potencial dessa geração nova.

Grupo-IV: As crianças (prováveis voluntárias do futuro)

Crie em seu Centro Espírita um verdadeiro e estimulante ambiente educacional para as crianças. Não precisamos de educadores autoritários, que confundem a necessária disciplina com opressão. Precisamos, sim, de educadores que conquistem autoridade.

Os professores autoritários tendem a nos advertir: “Disciplina, disciplina e disciplina, eis os três caminhos que nos passou Emmanuel por meio de Chico Xavier”. Se um dia ouvirmos tal afirmação, precisamos, primeiramente, saber que sem disciplina não iremos a lugar nenhum, mas podemos complementar dizendo: “A lição que recebemos foi „disciplina, disciplina e disciplina? e não „opressão, opressão e opressão?, que são coisas bem diferentes”. Que as crianças precisam aprender a ter limites todos nós sabemos, mas não se pode chamar de pedagogia o ato de ensiná-las com a ausência da liberdade. Não precisamos de educadores que imponham respeito. Precisamos, sim, daqueles que conquistem respeito.

Alguém pode dizer: “É fácil falar, mas as crianças de hoje estão muito indisciplinadas. E a disciplina é fundamental em qualquer sistema educacional”.

Concordo com essas três informações:

De fato: é fácil falar.

De fato: as crianças de hoje estão muito indisciplinadas.

De fato: a disciplina é fundamental em qualquer sistema educacional.

Mas, por que as crianças estão muito indisciplinadas? Será que nosso sistema educacional dentro do Centro Espírita não é falho?

Alguns fatos são incontestáveis no quesito educação: as crianças não podem ser tratadas como adultos; as crianças não podem se sentir oprimidas; as crianças precisam cultivar a alegria e merecem a felicidade. Se no sistema educacional do Centro Espírita não estamos atingindo esses objetivos, então, é óbvio que estamos falhando.

Sabemos que é na fase infantil que se molda a personalidade. Por essa razão, não podemos brincar de educadores. No trato com as crianças, é preciso ter sempre pessoas especializadas. Não necessariamente uma pessoa formada. Existem pessoas não formadas na área pedagógica que trabalham até melhor do que outras que têm “teoricamente” a formação adequada. Essas pessoas especializadas e sem formação certamente conseguiram sua formação em vidas passadas e já nascem sabendo como educar crianças. Mas, além disso, é preciso gostar de conviver e relacionar-se com crianças.

12 de Março de 2015

  • Extraído do livro DESENVOLVIMENTO ESPÍRITA, Editora Truffa