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Uma mulher chamou a atenção durante uma maratona disputada em Nova York. A norte-americana Emily Sabato amamentou a filha de nove meses enquanto competia. Ela disse que muitas corredoras e outras pessoas que assistiam a encorajaram. Fabiana Shcaira Zoboli comenta.

  • Data :12/12/2016
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12 de dezembro de 2016

Mãe corredora amamenta filha durante maratona em Nova York, nos Estados Unidos

Extra Uma mulher chamou a atenção durante uma maratona disputada em Nova York, nos Estados Unidos. A norte-americana Emily Sabato amamentou a filha de nove meses enquanto competia. Corredora há mais de dez anos, Emily disse, em entrevista ao “Huffington Post”, que voltou aos treinos após o nascimento dos gêmeos Hadley e Emerson, em janeiro. Enquanto o menino já se alimenta do leite armazenado na mamadeira, a menina prefere o seio da mãe. Por isso, ela precisou incluir a amamentação nos treinos de corrida. “Gosto de me inscrever em provas longas para me motivar a correr. Não corri durante a gravidez. Eu até pretendia, mas acabei não me exercitando depois dos primeiros meses. Foi muito mais fácil do que bombear o leite em movimento e muito melhor do que deixar para amamentar somente no final e ficar com muito leite”, explicou Emily. Emily e Chris são mães de mais duas meninas. Segundo Emily, ela deu de mamar a Hadley por 10 quarteirões, e disse ter ficado com os braços tremendo por causa do peso da criança. A esposa dela, Chris Hermann, fotografou a cena. É ela também quem entrega a bebê para a mãe e a pega de volta ao fim da amamentação. “A coisa toda era um pouco surreal. Eu realmente não sabia se isso iria funcionar, se Chris conseguiria me passar Hadley. Mas ela estava bem e mamou imediatamente. Ela devia estar morrendo de fome porque ela não estava distraída com tudo”, disse. Emily também disse que muitas corredoras e outras pessoas que assistiam a encorajaram. “Muitas mulheres e alguns homens gritaram coisas encorajadoras. Uma corredora bateu no meu ombro e disse que fez o mesmo alguns quilômetros atrás”, contou. A esposa de Sabato disse que também foi afetada pelas reações positivas. “Enquanto eu estava correndo entre os espectadores com Emerson para acompanhar Emily, as pessoas ao redor a estavam animando. O rosto de Emily passou de um olhar exausto e cansado para uma felicidade forte, determinada e alegre porque as pessoas deram muito apoio”, disse Hermann. Notícia publicada no Jornal Extra , em 24 de novembro de 2016.

Fabiana Shcaira Zoboli* comenta Vivemos uma época onde o incontável prepondera: incontáveis notícias, anseios, compromissos, projetos… Em meio a tantas possibilidades, não há tempo para, talvez, entregarmo-nos ao momento presente, cientes de que cada experiência é única e merece de nós a maior atenção, porque passará: cada momento nasce para, no instante seguinte, tornar-se passado, sem possibilidade de ser vivido – apenas relembrado. Nós, mães e pais, não somos diferentes e queremos vivenciar nosso projetos, sonhos, carreira, casa, amizades… E, em meio a tudo isso, queremos exercer a maternidade/paternidade. Conquanto talvez seja possível todas essas coisas, o fato é que não é possível vivenciar tudo, a um só tempo. Na notícia, vemos o esforço da mãe corredora em trazer, para junto de si, os filhos durante a sua corrida. Apesar do relato de satisfação, estaria ela, vivenciando, em plenitude, o momento da prova e o momento da maternidade? Talvez nós mesmos, na corrida que empreendemos todos os dias, façamos o mesmo: alimentamos nossos filhos preocupados com a vontade de chegar a algum lugar, esquecidos de que aquele fugaz momento onde o bebê se aninha em nossos braços – e, mais que o leite, ele busca nosso olhar – passará. Em pouco tempo, esse bebezinho não caberá mais no nosso colo e aquele momento mágico… passou. Vivenciamos a corrida e a proximidade com nossos filhos? Talvez, nem um, nem outro. E o que resta é aquela sensação de ausência, de falta, de que algo ainda não está bom, apesar das realizações que, em tese, conseguimos. Porque conseguimos, mas não as vivenciamos. O fato é que ainda temos dificuldade em eleger prioridades, porque esquecemos que deveríamos, antes de atender nossos anseios transitórios, buscar os anseios de nosso Espírito Imortal. Para nós, que procuramos vivenciar a Vida sob a luz de uma doutrina, que revela a brevidade da existência terrena e sua finalidade como meio de aprendizado e reparação de erros, talvez devêssemos diminuir os incontáveis desejos para viver as experiências realmente importantes para nossa alma. Nesse passo, a missão maior daqueles que são pais não é exercer esse papel frente a sociedade, mas vivenciar essa experiência em sua plenitude, estando efetivamente presentes nos momentos tão fugazes quanto encantadores da infância dos filhos, da juventude às vezes difícil, da vida adulta onde apoio ainda é fundamental, e até, quem sabe, da maturidade. Vivenciar, o que é muito diferente de apenas cuidar de sua alimentação, quando esse ser que Deus nos confiou espera de nós a nossa própria alma, por inteiro, em sua Vida. Certamente, haverá tempo para nossas próprias realizações, mas como a maternidade – e a paternidade – é a maior missão do ser humano que recebe esse compromisso, talvez seja bom lembrar Fernando Pessoa que nos convida a sermos inteiros no mínimo que fizermos, para que vivamos plenamente a Vida e suas experiências, uma a uma, vez por vez.

  • Fabiana Shcaira Zoboli é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.