22 de dezembro de 2016
Bar ‘serve’ livros a seus clientes
Antes dos petiscos e das bebidas chegarem à mesa, clientes podem ler acervo do Seu Ari por Redação Com informações do CuriosaMente . Dono do Bar do Ari, localizado em frente a Estação Werneck do metrô, no Jardim São Paulo, o bancário aposentado Ari Carlos Carvalho desenvolveu uma técnica contagiante para driblar o tempo ocioso no trabalho: a leitura. Há seis anos, pouco após inaugurar seu estabelecimento, Seu Ari começou a levar livros para ler enquanto o movimento de clientes era fraco. O que o aposentado não imaginaria era que a inovação iria cair no gosto dos clientes. O interesse foi tanto que agora é impossível não sentar nas mesas e começar a folhear qualquer publicação enquanto se espera uma refeição ou entre um gole e outro de cerveja. A clientela mais fiel, inclusive, começou a pedir por mais livros e assim foi feito. Segundo o CuriosaMente , hoje, Seu Ari afirma ter mais de mil livros, a maior parte em casa e a outra parte no estabelecimento, onde cada abertura das paredes possui dezenas de livros que se espremem e dividem espaço, fazendo o local se converter em um híbrido de bar e minibiblioteca. Notícia publicada no Portal Catraca Livre , em 18 de abril de 2016.
Glória Alves* comenta Bar do Ari, em Recife, híbrido de bar e minibiblioteca. Ideia interessante e que tem dado o que falar, está se espalhando pelo Brasil, como o bar-livraria Books & Beers, em Florianópolis servindo bebidas, comidas e livros, e até uma editora tipo bar, em São Paulo. Muito deles, sem Internet, pois não disponibiliza wi-fi, oferecem tranquilidade e calmaria, preza pela comunicação cara a cara. Os clientes de uma cafeteria em Goiânia podem escolher vários ambientes para suas leituras, como varanda, debaixo das sombras das árvores ou em área interna climatizada. Bar, café e livraria se encontram em um ambiente descontraído e alternativo que recebe manifestações artísticas, literárias e musicais. Fazem parte da programação da casa, saraus, debates, pocket shows, palco aberto e outros momentos de poesia e música. O espaço é ideal para ler e curtir com os amigos. Unir gastronomia e literatura, escolher um prato e ao mesmo tempo degustar obras literárias, revistas, jornais, entre outros… Muito bom! Eu, particularmente, gosto muito de ler; aproveito principalmente as viagens diárias de metrô ou de ônibus para colocar em dia minhas leituras preferidas. Aliás, não faz muito tempo, via as pessoas no metrô lendo, desde o jornal até os livros; hoje você vê muitas pessoas com o celular na mão, uns jogando, alguns ouvindo música, outros nas redes sociais… Um dia desses observei uma jovem que seguia em pé, metrô lotado, como quase sempre, mas estava ela com seu celular nas mãos, e como estava muito próxima a mim, não tive como não reparar o que ela estava lendo no celular, era um texto… pensei, deve estar estudando. Contudo, é na escola que aprendemos a apreciar os livros, e o ensino da leitura e da escrita devem acontecer de forma interdisciplinar, de forma a desenvolver na criança o hábito saudável de ler. Através dos livros podemos viajar para todos os lugares do mundo sem sair de casa, podemos até sonhar. “Na verdade, pela leitura, temos acesso a novas ideias, novas concepções, novos dados, novas perspectivas, novas e diferentes informações acerca do mundo, das pessoas, da história dos homens, da intervenção dos grupos sobre o mundo, sobre o planeta, sobre o universo.”(1) Hoje a gente verifica como as tecnologias modernas fizeram com que as pessoas deixassem os livros de lado; os jovens são os que mais se mostram desinteressados por este meio de crescimento pessoal; seus vocabulários estão cada vez mais pobres, criou-se até um outro modo de escrever as palavras, muitas delas escritas de forma abreviada, desde o obsoleto Messenger até o ainda famoso WhatsApp. Já alguns textos na Internet são geralmente curtos porque o leitor não tem a paciência de ler textos longos. A leitura deve ser prazerosa, gratificante, não imposta, como diz o escritor francês Daniel Pennac: “O verbo ler não suporta o imperativo.”(2) Lembro-me da minha época de criança na escola; tinha que ler vários livros que a professora escolhia e depois fazer uma prova sobre a compreensão do texto, mas os temas de alguns deles não me agradavam, mas tinha que ler. A gratuidade em relação à leitura precisa ser retomada em sala de aula. “Uma só condição para se reconciliar com a leitura: não pedir nada em troca.”(3) Cabe, então, ao professor saber trabalhar essa ferramenta, ao invés de cobrar o entendimento do texto aliado a uma nota, ler com seus alunos, fazer do ambiente um lugar prazeroso; a sala de leitura deve ser arrumada de modo que todos possam se ver e participar, o professor deve compartilhar do momento, auxiliar no desenvolvimento cognitivo, estimulando a criança e o jovem à leitura de diversos gêneros, ampliando o seu campo de conhecimentos, de visão do mundo, do outro e de si próprio. E muitas coisas que aprendemos na escola são esquecidas com o tempo, pois não as praticamos, como a Língua Portuguesa, por exemplo; quantos assuntos dessa disciplina ficaram no esquecimento, porém é através da leitura rotineira que tais conhecimentos se fixam de forma a não serem esquecidos posteriormente. As dúvidas que temos ao escrever poderiam ser sanadas pelo hábito da leitura. O desinteresse pela leitura, aliado ao computador e ao celular, são fatores que causam a falta de preocupação do jovem em ler um livro, um jornal ou uma revista, porque na verdade consegue ficar informado de uma maneira muito mais rápida e prática através destes modernos meios de comunicação. “O jovem sabe de tudo o que acontece, mas não aprofunda o conhecimento dos fatos”, destaca a psicóloga Dora Sampaio Góes, do Programa de Dependência da Internet do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Amiti), da USP. Naturalmente que não podemos ficar à margem do progresso tecnológico; hoje com o uso das mídias digitais e da web, pelas crianças e jovens, faz-se necessário uma adequação do ensino brasileiro, buscando introduzir essas mesmas mídias no cotidiano da escola de maneira equilibrada, aliando a esse arsenal os livros. Milhares de informações nos chegam diariamente através da Internet, as pessoas adquirem conhecimentos diversos sobre variados assuntos e temas. Se as mídias digitais e as webs possibilitam a comunicação e diminuem as distâncias entre as pessoas, mesmo estando em outra localidade, o livro é a ponte que liga o ser global às diversas formas de cultura e diminui a distância entre povos, línguas diferentes e facilita o inter-relacionamento das pessoas nos diversos países. Como disse o grande escritor Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”. E o espírita tem o dever, obrigação moral, em primeiro lugar para consigo mesmo, de estudar, de buscar nos livros da Doutrina tudo aquilo que necessita para seu crescimento e progresso moral. Allan Kardec e a plêiade de Espíritos Superiores, comandada pelo Espírito de Verdade, através de “O Livro dos Espíritos”, inaugura na Terra uma Nova Era da Humanidade. “Base de sustentação da Doutrina Espírita, desdobra-se em outros que são fundamentais para a compreensão do ser, do destino, da dor, dos objetivos essenciais, quais sejam: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese em incomparável harmonia entre a ciência, a filosofia e a religião, unindo a razão ao sentimento, a ética à moral, o pensamento à emoção, como ninguém dantes o conseguira.”(4) “Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.”(5)
Referências bibliográficas: (1) “Língua, Texto e Ensino: outra escola possível” - Irandé Antunes - Estratégias de ensino; (2) “Como um Romance” - Daniel Pennac (1998); (3) Idem (2); (4) “Exaltação ao Livro Espírita” - Espírito Viana de Carvalho, página psicografada por Divaldo P. Franco; (5) “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Allan Kardec, Cap. VI - O Cristo Consolador, item 5, O Espírito de Verdade.