4 de dezembro de 2016
Pesquisadores em MG avaliam efeitos do passe espírita na medicina
Estudo foi realizado com pacientes internados em hospitais de Uberaba. Conselho Regional de Medicina informou que não há nada confirmado.
Do G1 Triângulo Mineiro com informações do MGTV
Pesquisadores de duas universidades de Uberaba avaliaram os efeitos do passe espírita em pacientes internados em hospitais. As pesquisas foram feitas por médicos, estudantes de medicina, profissionais da área da saúde e voluntários de centros espíritas da cidade. Depois de três anos de estudo, o grupo chegou à conclusão de que a prática é considerada uma terapia complementar à medicina convencional.
A pesquisa consistiu em doação de passes em pacientes internados em diversos hospitais da cidade. Todo o processo foi feito com a autorização dos pacientes, que receberam a bênção espírita, além dos familiares.
Segundo a pesquisadora e integrante da Associação Médico Espírita, Élida Mara Carneiro, após três anos de estudo, os resultados foram surpreendentes.
“Nosso objetivo principal é comprovar cientificamente os efeitos do passe espírita na saúde dos indivíduos, tanto recém-nascidos como em adultos. Nós tivemos como resultados nos recém-nascidos uma diminuição da frequência respiratória, um aumento das células de defesa, dos linfócitos, das plaquetas, ou seja, uma alteração na resposta hematológica, inclusive diminuiu as complicações e o tempo de internação dos recém-nascidos", explicou a pesquisadora.
O trabalho científico deverá ser publicado em breve em uma revista internacional da área médica. Uma das pesquisas já foi publicada, no fim de agosto, numa revista americana especializada.
A pesquisa
Ao todo, 81 pacientes foram convidados a participar da pesquisa, sendo que nove se recusaram a receber a bênção espírita. A aceitação do passe foi de quase 90%.
O estudo avaliou os efeitos do passe, levando em consideração fatores psicológicos, como ansiedade, depressão e sensação de bem-estar, além de fatores fisiológicos, como a intensidade da dor, tensão muscular e frequência cardíaca.
Uma das etapas do estudo científico foi feito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM). Antes de dar o passe, as voluntárias passam por um ritual de preparação, entoando cantos e fazendo a higienização necessária antes de se aproximarem dos bebês internados.
Segundo a pesquisa, os recém-nascidos internados no berçário da UTI Neonatal que receberam o passe ganharam alta, em média, sete dias antes dos bebês que não foram submetidos à terapia espiritual e tinham problemas semelhantes.
Segundo Élida Carneiro, nos adultos, os resultados também surpreenderam. “Os efeitos tanto em adultos internados na enfermaria da clínica médica, quanto nos cardiopatas foram muito similares. Houve redução da ansiedade, da tensão muscular, da depressão e aumento da sensação de bem estar. Ainda houve uma alteração importante nos cardiopatas que foi o aumento da oxigenação periférica”, completou.
A médica delegada do Conselho Regional de Medicina (CRM) em Uberaba, Fabiana Prado Nogueira, explicou o que a sociedade médica, em geral, acha do passe espírita. “Pode ser considerada uma terapia complementar, mas não existe nada comprovado ainda. A espiritualidade vem sendo amplamente estudada no campo científico. As pesquisas cientificas que abordam a espiritualidade têm os mesmos padrões de outras pesquisas, com orientações e descrição de quem está sendo analisado, mas ainda não há nada de concreto sobre esses estudos”, contou a médica.
Transmissão de energia
Na doutrina espírita, o passe é uma transferência de energia imposta pelas mãos dos médiuns sobre a cabeça das pessoas. Para dar o passe, é preciso estar bem de saúde física e em equilíbrio espiritual. Segundo o médium passista, Vanderlei Thobias, o passe espírita é magnético, e o médium é o mediador da energia.
“Todos nós temos magnetismos e o passe espírita é magnético. Nós temos energia e sabemos que temos quando fazemos eletrocardiograma, eletrocefalograma. Então nós temos eletricidade em nosso corpo e é essa transposição de energia que a gente faz para a pessoa que está tomando passe naquele momento”, contou Thobias.
Notícia publicada no Portal G1 , em 4 de setembro de 2016.
Marcia Leal Jek comenta*
O passe não surgiu com o Espiritismo; ele não é uma criação da Doutrina Espírita. Bem antes do advento do Cristo já existia a relação do passe, que foi pelos magos da Caldéia(1) com a imposição das mãos.
Mais tarde os cristãos herdaram essa prática que era utilizada por Jesus, que ensinou aos seus discípulos e apóstolos.(2) (Momentos antes de se elevar aos céus, após a ressurreição, Jesus disse para os seus discípulos imporem as mãos sobre os doentes para curá-los.)
No século anterior a Allan Kardec havia muita ignorância sobre o que fossem os fluidos e a forma de sua transmissão e, após muitas experiências, Franz Anton Mesmer(3) reconhecia que podia curar mediante a aplicação de suas mãos, e acreditava que dela se desprendia um fluido e que alcançava o doente.
Segundo Aulus Cornelius Celsus,(4) o passe é uma transfusão de energias, alterando o campo celular. Para explicar suas palavras, ele disse: “Vocês sabem que na própria ciência humana de hoje o átomo não é mais o tijolo indivisível da matéria… que, antes dele, encontram-se as linhas de força, aglutinando os princípios subatômicos, e que, antes desse princípio, surge a vida mental determinante… Tudo é espírito no santuário da natureza”. E aduziu: “Renovemos o pensamento e tudo se modificará conosco”. Na assistência magnética, os recursos espirituais se entrosam entre a emissão e a recepção, ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma. “A mente reanimada reergue as vidas microscópicas que a servem, no templo do corpo, edificando valiosas reconstruções.”
A Ciência ainda está engatinhando no que diz respeito aos efeitos do passe, o assunto é delicado e embora alguns membros da comunidade científica já estejam levando em consideração a existência de um algo a mais no ser humano, do que só o corpo físico, muitos ainda são totalmente céticos com relação a isso.
“O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas, que acarretam uma cura mais pronta. Mas, passando através do encarnado pode alterar-se. Daí, para todo médium curador, a necessidade de trabalhar para seu melhoramento moral”.(5)
Bibliografia:
(1) A Caldeia era uma região no sul da Mesopotâmia, principalmente na margem oriental do rio Eufrates, mas muitas vezes o termo é usado para se referir a toda a planície mesopotâmica. https://pt.wikipedia.org/wiki/Caldeia ;
(2) Marcos 16, 15-18;
(3) https://pt.wikipedia.org/wiki/Franz_Anton_Mesmer ;
(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Aulo_Corn%C3%A9lio_Celso ;
(5) Allan Kardec - Revista Espírita, setembro, 1865.