21 de junho de 2016
Menina que nasceu sem mãos vence concurso de caligrafia nos EUA
Uma menina de sete anos que nasceu sem as mãos venceu um concurso de caligrafia nos Estados Unidos.
Natural de Chesapeake, no Estado da Virgínia, Anaya Eliick não usa próteses e apoia o lápis nos braços para escrever.
Anaya foi a vencedora entre 50 outros alunos que participaram do concurso nacional de caligrafia e levou para casa o prêmio na categoria “necessidades especiais”, que contempla estudantes com alguma deficiência física ou cognitiva.
Em entrevista à uma TV local, Kathleen Wright, responsável pelo concurso, disse que a caligrafia de Anaya é comparável à de “alguém com mãos”.
De acordo com os organizadores do concurso, cada vencedor vai receber a quantia de US$ 1 mil (R$ 3,5 mil).
Notícia publicada no Portal Catraca Livre , em 10 de maio de 2016.
Jorge Hessen comenta*
Não obstante todo nosso avanço no conhecimento científico, sociológico e filosófico, o que sabemos sobre pessoas portadoras de limitações físicas é insipiente e, ainda hoje, apinhado de vieses e preconceitos teóricos. A sociedade, tendo expectativas distorcidas quanto aos “deficientes físicos”, trata-os, quase sempre, como “coitadinhos” e dignos de comiseração. Porém, é imperioso proporcionar ao portador de limitação física uma participação ativa no processo sócio-político-histórico-cultural da sociedade e os resultados admiráveis ocorrerão.
Observemos alguns grandes exemplos de autossuperação:
Anaya Eliick, uma menina americana de sete anos que nasceu sem as mãos venceu um concurso de caligrafia nos Estados Unidos. Natural de Chesapeake, no Estado da Virgínia, Anaya não usa próteses e apoia o lápis nos braços para escrever. Foi a vencedora entre 50 outros alunos que participaram do concurso nacional de caligrafia e levou para casa o prêmio na categoria “necessidades especiais”, que contempla estudantes com alguma deficiência física ou cognitiva.
Jessica Cox, outra americana, nascida sem os braços, por conta de uma enfermidade congênita, vem ganhando popularidade nos Estados Unidos como exemplo de superação. Ela se tornou a primeira pessoa a conduzir uma aeronave somente com os pés e conseguiu um brevê de piloto. Cox não se entrega aos limites físicos e não se prende ao “não posso”, costuma dizer ante os desafios “ainda não consegui”. Sob esse raciocínio, acredita que quando na limitação física não se pode fazer algo, mas pode-se buscar meios de superação a fim de vencer, quebrar limites, expandir, ampliar horizontes, levando a barreira limite para mais distante do ponto anterior.
A jovem Flávia Cristiane Fuga e Silva, brasileira, de 26 anos, portadora de paralisia cerebral, recebeu sua carteira de advogada, após cinco anos de faculdade e três exames da OAB-SP. Flávia praticamente não fala e se locomove com o auxílio de uma cadeira de rodas. Foi aprovada no exame 133, da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB/SP, realizado em agosto de 2007, em que 84,1% dos 17.871 candidatos foram reprovados. É uma façanha estupenda, sem dúvida. Segundo o presidente da OAB, em São José dos Campos, Luiz Carlos Pêgas, “a aprovação de Flávia foi um marco”. A OAB, em São Paulo, sempre defendeu os fisicamente limitados, mas não tinha advogados com paralisia cerebral.
Mais um extraordinário exemplo é Alisson Fernandes dos Santos, que defendeu dissertação de mestrado na Universidade Federal do Paraná UFPR (auxiliado por um intérprete). Com problema congênito que lhe causou surdez profunda bilateral ele se comunica apenas via leitura labial. Alisson concluiu o mestrado aos 32 anos. Formado em farmácia e bioquímica, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), acabou de receber o título de mestre em ciências farmacêuticas com ênfase em análises clínicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e é o primeiro aluno surdo a receber o título na instituição.
O orador e notório escritor espírita Jerônimo Mendonça foi um excelso modelo de auto superação em face dos limites físicos de que era portador. Completamente paralítico por mais de três décadas, sem mover nem o pescoço, cego por mais de vinte anos, com artrite reumatóide que lhe produzia dores agudas no peito e em todo o corpo, era carregado por mãos amigas por todo o Brasil a fora para proferir palestras. Acamado no leito ortopédico, depois de perder o movimento das pernas, dos braços e a visão, Jerônimo criou uma gráfica, escreveu 5 livros, gravou 2 LP’s (discos de vinil) e em 1983 fundou algumas instituições espíritas. Era amigo de Roberto Carlos, amizade que induziu ao “Rei” a colaborar materialmente para que Jerônimo fundasse a mais importante obra assistencial de sua vida, o Lar Espírita Pouso do Amanhecer, em Ituiutaba, Minas Gerais, que atendia desde então 200 crianças carentes diariamente.
Como não citar Antônio Francisco Lisboa, “o aleijadinho”, vítima de uma hanseníase deformante, mas isso não o impediu de insculpir diante da Igreja do Santuário do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo/MG, 66 estátuas da via Crucis, em cedro-rosa e 12 estátuas dos profetas, em pedra-sabão, entre outras obras-primas do barroco brasileiro.
Os preceitos espíritas nos remetem a entender que somos sempre herdeiros de nós mesmos, motivo pelo qual é importante que nos esforcemos, a fim de irmos mais além dos limites e crescermos emocionalmente, amadurecendo conceitos e reflexões, aspirações e programas reencarnatórios, cuja materialização nos submetemos. Em face disso e por força das leis que governam os destinos, cada criatura “normal” ou “deficiente física” está ou estará em luta consigo mesma, a seu modo, consoante seu quadro provacional, adquirindo a ciência do esforço, e dentro da grade dos sentidos fisiológicos e/ou espirituais cada qual receberá gloriosas recompensas noutras oportunidades de trabalho para que em todas as ocasiões possa exemplificar os valores da autossuperação.