7 de junho de 2016
Nesta prisão, detentos cuidam de animais abandonados e ambos ganham uma nova chance
Vicente Carvalho No Centro de Detenção de Monroe, na Florida, EUA, eles não só acreditam em novas chances, como resolveram tratar essa oportunidade de se reabilitar e voltar para a sociedade de uma outra forma. Eles uniram presos com animais que sofreram maus tratos e foram abandonados. E engana-se quem pensa que essa ideia é de agora. Os primeiros animais chegaram há 21 anos. Inicialmente, eram apenas alguns patos. Hoje, são 150 animais de todas as espécies, como preguiças, alpacas, cavalos, entre outros. Uma verdadeira fazenda, chamada Monroe County Sheriff’s Office Animal Farm. “Achei que seriam apenas alguns porcos”, diz Mike Smith, um dos detentos.” Eu não sabia que iam ter cobras, lagartos, jacarés e tudo mais.” Eles ficam em um espaço ao lado do presídio e quem os traz é uma instituição de rede de resgate de animais. Juntos, especialistas e prisioneiros, cuidam diariamente destes animais, e cerca de três vezes por semana é aberto para visitas e chega a receber 200 pessoas por dia. “Eles me mantiveram concentrado”, explica Smith. “Espiritualmente, eles me ajudaram muito. Eu definitivamente não vou esquecê-los, isso é certo.” Smith finaliza: “Fazer alguma coisa boa quando eu realmente estava em uma situação muito ruim me deu paz”. Notícia publicada no Razões para Acreditar , em 6 de abril de 2016.
Gert Bolten Maizonave* comenta Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo, como a si mesmo. A misericórdia costuma ser muito simples de ser compreendida quando cometemos faltas do que quando observamos as faltas dos outros, principalmente desconhecidos. O pensamento medieval, ainda presente na atualidade, provavelmente movido pelo ponto de vista circunscrito aos poucos anos de uma encarnação, acredita que um homem mal sempre será mal, e essa preferência nunca mudará. Anciões acreditam haver observado por tempo suficiente a realidade da imutabilidade do caráter em oposição à evolução espiritual, levando a conclusões errôneas, como por exemplo, a justiça da pena de morte para crimes hediondos. A vingança, na qual se baseia ainda grande parte da legislação vigente, é maneira primitiva de desfazer-se das energias deletérias da frustração, está tão arraigada na nossa maneira de pensar, que é difícil fazer sentido da justiça sem pensar na satisfação advinda do sofrimento daqueles que cometeram erros “imperdoáveis”, e essa característica está presente na nossa legislação, justificando, por exemplo, a pena de morte, e punições com tortura e sofrimento. Nós, espíritas, que conhecemos a realidade da lei do progresso, fazemos a nossa parte para mudar esse conceito, conscientizar a humanidade sobre a possibilidade de melhorar de maneira menos passiva, com menos dor e menos agonia. Esse seria o primeiro passo para eliminar os complexos de culpa que dominam as encarnações através da lei de causa e efeito, e que causam essa multidão de recalcitrantes almas flageladas. A misericórdia é a maneira pedaogicamente correta de reagir às atitudes injustas, pois todos aprendemos através do exemplo. Reconhecendo que carecemos também de compreensiva comiseração, que alívio experimentamos ao constatar que somos merecedores não de punição, mas de trabalho edificante, amor, atenção redobrada por parte daqueles que aceitamos como educadores. Os detentos desse presídio estadunidense experimentam um pouco dessa filosofia do futuro, que aplicada pelos administradores dessa instituição carcerária, dá ouvidos ao inalterável conselho de Jesus: “Amai, pois, os vossos inimigos, façam bem, e emprestai, sem nada esperar, e tereis muito avultada recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.” (Lucas, VI: 32-36.)