23 de janeiro de 2016
7 atitudes que você precisa abolir da sua vida antes de reclamar da corrupção
Nós também fazemos parte da mudança
por Isabela Moreira*
De acordo com o Dicionário Michaelis, corrupção é a “ação ou efeito de corromper”, também descrita por palavras como decomposição, putrefação, depravação, desmoralização, devassidão, sedução e suborno.
A corrupção é o assunto favorito de discussões: seja em casa, no trabalho ou na mesa do bar, na hora de falar sobre isso todo mundo tem opinião - e, claro, os políticos são sempre os corruptos e culpados pela bagunça toda. A pesquisa Barômetro da Corrupção Global de 2013 mostra que 81% dos brasileiros acreditam que os partidos políticos e seus representantes são extremamente corruptos.
Um ranking realizado pela Transparência Internacional em 2014 mostra que entre 175 países com corrupção, o Brasil ficou em 69ª. Para a classificação, foram dadas notas tomando como base uma escala na qual 0 representava corrupção extrema e 100 transparência total. O Brasil ficou com 43 pontos.
A questão é: ocorre corrupção na política? Ocorre. Mas como mostra a definião do Michaelis, a ação não se restringe a congressos e prefeituras. Nós, como sociedade, também podemos ser corruptos.
Na última terça-feira (24), a página “Quebrando o Tabu” do Facebook compartilhou um vídeo no qual uma mulher denuncia todas as “pequenas formas de corrupção” que cometemos no nosso dia a dia. “O problema está em nós como povo, porque a gente pertence a um país em que a esperteza é uma moeda sempre valorizada”, diz ela. Aquela mesma pesquisa da Transparência Internacional mostra que 81% dos brasileiros acreditam que pessoas ordinárias podem ajudar e têm influência na luta contra a corrupção.
Pensando nisso, nos inspiramos no vídeo do “Quebrando o Tabu” e separamos sete atitudes que têm que ser repensadas antes de reclamarmos da corrupção. Afinal, as pessoas que fazem política um dia já foram gente como a gente, não é mesmo?
Não vale:
Puxar a televisão a cabo do vizinho. Legalmente a prática é considerada tanto “delito de furto” quanto “crime de estelionato”. Dados da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura mostram que dos 19,6 milhões de assinantes do serviço, 4,1 milhões possuem conexões clandestinas. As fraudes não geram empregos e nem recolhem impostos e as autoridades dos estados brasileiros estão cada vez mais de olho nesse tipo de crime.
Fraudar o imposto de renda para pagar menos imposto. E depois reclamar que falta isso e aquilo no país, falar que na Inglaterra a televisão pública é incrível e no Brasil é sucateada. Segundo a Secretaria da Receita Federal, só em 2013 cerca de 25 mil pessoas foram identificadas com fraude de pensão alimentícia. Isso corresponde a um valor de R$ 375 milhões.
Jogar lixo irregularmente… para depois reclamar dos esgotos. Claro que esse serviço poderia melhorar para a sociedade, mas ainda assim, de acordo com dados do Instituto Trata Brasil, “mais de 3,5 milhões de brasileiros, nas 100 maiores cidades do país, despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo redes coletoras disponíveis”.
Reclamar do número de acidentes de carro, mas beber e depois dirigir. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2015, um quarto dos brasileiros dirige após ter ingerido bebidas alcoólicas. As consequências podem ser terríveis: só em 2014, foram registradas mais de 172 mil internações relacionadas a acidentes de trânsito e uma média de R$ 60 milhões é gasta anualmente com pessoas dependentes do álcool.
Pegar um atestado médico só para faltar no trabalho. A criação de um atestado médico falso constitui em um crime. O artigo 302 do Código Penal Brasileiro prevê detenção de um mês a um ano para os profissionais em questão.
Viajar pela empresa e fraudar as notas fiscais para ficar com mais dinheiro. A prática é um crime previsto pelo artigo 1º da lei nº 8.137, cuja pena é uma reclusão de dois a cinco anos com direito a multa.
Fingir que está dormindo quando entra um idoso no ônibus. Podemos simplesmente concordar que essa é uma falta de educação universal? De qualquer forma, vale lembrar que a sociedade brasileira tem cada vez mais idosos, número que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve quadruplicar até 2060. Ou seja, um dia você pode ser um desses idosos. De pé. No ônibus lotado. Reflita.
** Com supervisão de André Jorge de Oliveira*
Matéria publicada na Revista Galileu , em 27 de novembro de 2015.
Glória Alves comenta**
Como diz a matéria, o tema corrupção é o mais comentado em todas as rodas da sociedade. Fala-se do governo, dos políticos, dos administradores em geral, enfim, fala-se que os corruptos estão em todos os setores e em todas as instituições brasileiras. No momento atual, passamos por grave crise moral em nossa sociedade, assistimos através das mídias os escândalos decorrentes dos vícios e das paixões más.
Segundo o dicionário Michaelis da língua portuguesa, a moral é o conjunto de preceitos ou regras para dirigir os atos humanos segundo a justiça e a equidade natural. Porém, de acordo com a Doutrina Espírita, o Cristianismo Redivivo, “a moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal”.(1)
A Doutrina Espírita relembra os ensinamentos do Mestre Jesus, ensina e esclarece todas as coisas, vem nos abrir os olhos e os ouvidos, chamando a nossa atenção para o cumprimento das Leis de Deus, visando a vida futura. Desta forma, “o bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus”.(2)
Sabemos que “a lei humana não atinge, nem pode atingir todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo à sociedade e não sobre as que só prejudicam os que as cometem”.(3) Contudo a lei de Deus não deixa impune qualquer desvio nosso, não há nenhuma falta, por mais leve que seja, aos nossos olhos, nenhuma infração às leis divinas que não acarrete consequências dolorosas para a nossa vida. Segundo asseverou Jesus, “a cada um segundo as suas obras”.(4) Portanto, todas as nossas atitudes e condutas, boas ou más, encontram suas respectivas reações em nossa própria vida, como encarnados ou desencarnados.
Dentre as 7 atitudes citadas na matéria da Revista Galileu, algumas constam do Código Penal Brasileiro, e mesmo assim há pessoas que transgridem a lei, porque acreditam na impunidade. Corrupção e impunidade, aliados da violência, campeiam até agora em nosso mundo. Aproveitar-se do mal é participar dele também, mesmo não sendo o agente direto do ato. É culpado, então, o homem que se aproveita da situação para levar “vantagem” em favor próprio, é o interesse pessoal, sinal mais característico da imperfeição do homem.
Sem comentar outras atitudes antifraternas e antissociais, nos atendo às sete enumeradas pela matéria da Galileu, percebemos o quanto também somos guiados pelos vícios, o quanto ainda estamos vinculados ao egoísmo e ao orgulho, enraizados em nossa alma. Todas as misérias da vida têm origem nessas duas chagas da humanidade. O egoísmo se origina do orgulho; o ser se exalta e se acha mais do que o outro, e indiferente passa por cima de tudo e de todos, sem se importar em causar danos ou sofrimentos.
“Desde que cada um pensa em si antes de pensar nos outros e cogita antes de tudo de satisfazer aos seus desejos, cada um naturalmente cuida de proporcionar a si mesmo essa satisfação, a todo custo, e sacrifica sem escrúpulo os interesses alheios, assim nas mais insignificantes coisas, como nas maiores, tanto de ordem moral, quanto de ordem material. Daí todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, visto que cada um só trata de despojar o seu próximo”.(5)
A corrupção é um desses vícios que corrompem a alma humana, que traz tantas misérias à humanidade, e que precisamos urgente abolir da nossa vida. Portanto, constitui-se numa das insensatezes humanas, atribuir somente aos outros o título de corruptos, e continuar o homem praticando atos que a seus olhos são normais, como os subornos e as adulterações, é vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós.
Essa situação realmente nos leva a meditar, e nos dirige a uma pergunta que não quer calar; grande parte de nós nos dizemos honestos, mas será que verdadeiramente o somos? Podemos julgar com mais severidade as atitudes do outro? “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra”, disse Jesus.(6)
O Mestre compassivo, diante da mulher adúltera e do povo sedento de fazer “justiça” com as próprias mãos, segundo a lei mosaica, se dispersa, e cada um daqueles homens, idosos e jovens, impactados pela autoridade moral do Rabi, a sós com sua consciência e certamente envergonhados, voltam para seus afazeres; e nós, podemos atirar a primeira pedra? Através dessa passagem de Jesus descrita no Evangelho de João, entendemos que “a autoridade para censurar alguém está na razão direta da autoridade moral daquele que que censura”.(7)
Devemos verificar em nossas ações, em nosso íntimo aquilo que obscurece nossa alma, antes de recriminarmos alguém; e para sair do charco lodoso do interesse pessoal, ao qual ainda nos encontramos afundados, imprescindível se faz a aquisição de consciência. Allan Kardec perguntou aos Espíritos superiores onde está escrita a lei de Deus? E eles responderam: “Na consciência”.(8) Mas nem todos conseguem ler, interpretar e praticá-las, para isso é necessário o desenvolvimento do senso moral.
Diante disso, é dever da criatura para consigo mesma essa conquista, “desafio da vida, que merece exame, consideração e trabalho”.(9) Trabalho do autoconhecimento, o “conhece-te a ti mesmo”, realizado através do estudo, da meditação e dos pensamentos elevados, é revivido pelos Espíritos Superiores em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, quando Santo Agostinho, Espírito, nos esclarece que “o conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual”.(10)
Consequência natural do processo evolutivo, essa conquista da consciência nos “permitirá avaliar fatores profundos como bem e o mal, o certo e o errado, o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem”.(11)
Segundo os Espíritos Superiores nos esclarecem, os períodos de renovação se fazem acompanhar de inumeráveis acontecimentos devastadores nos mais diversos aspectos da natureza. Acontecendo o mesmo na área moral da humanidade.
Ligado ao mundo através das mídias, o homem do terceiro milênio perturba-se e convulsiona-se com os acontecimentos nefastos que lhe chegam como um furacão e lhe destroem as esperanças, e então mergulha em profunda depressão, pessimismo, desconfiança, lamentações…
Não nos entreguemos e nem nos deixemos arrastar pelas ondas de lamentações e queixas sistemáticas diante dos fatos e situações que se apresentam nesse momento de transição, onde a Terra, mundo de expiações e provas, passará a ser mundo de regeneração; portanto, com coragem, desnudemos o nosso ser e verifiquemos o que trazemos em nós, vícios e paixões más, que nos prendem à inferioridade e trabalhemos por nos libertar. Somos espíritas, temos uma missão a cumprir como obreiros da última hora, empreguemos o tempo que ainda nos resta para auxiliar o progresso do nosso planeta, nossa Terra.
Nós também fazemos parte da mudança. Fazemos parte dessa transformação.
“Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! O arado está pronto; a Terra espera; arai!”(12)
Referências bibliográficas:
(1) LE – Das Leis Morais – Q. 629;
(2) Idem (1) - Q. 630;
(3) ESE – Cap. V - item 5;
(4) S. Mateus, 26:27;
(5) “Obras Póstumas” - Allan Kardec;
(6) S. João, 8:7;
(7) Idem (3) - Cap. X – item 13;
(8) Idem (1) - Q. 621;
(9) “Momentos de Consciência” – Joanna de Ângelis – Divaldo Franco;
(10) LE – Q. 919 (a);
(11) idem (9);
(12) Idem (3) - Cap. XX – item 4.
** Glória Alves nasceu em 1º de agosto de 1956, na cidade do Rio de Janeiro. Bacharel e licenciada em Física. É espírita e trabalhadora do Grupo Espírita Auta de Souza (GEAS). Colaboradora do Espiritismo.net no Serviço de Atendimento Fraterno off-line e estudos das Obras de André Luiz, no Paltalk.