6 de novembro de 2015
‘Selinho’ nos filhos confunde e deve ser evitado, diz médica
De acordo com a doutora, a boca é uma zona erógena e fácil de ser estimulada A médica Charlotte Reznick vem causando polêmica entre pais ao sugerir que eles evitem dar selinho em seus filhos. De acordo com ela, essa é uma demonstração de afeto “muito sexual” e pode confundir a criança. As informações são do The Independent. Charlotte argumenta que a boca é uma zona erógena do corpo e, assim, as crianças podem associar o beijo com atividades românticas e sexuais entre os pais. O pensamento delas seria: “se minha mãe beija meu pai na boca, o que significa se eu os beijo na boca também?” A opinião da médica foi criticada e combatida por outros médicos e psicólogos, como Sally-Anne McComarck. “Não tem como um selinho confundir a cabeça dos filhos”, argumentou. “É como dizer que amamentar é confuso. Algumas pessoas não lidam bem com esses assuntos, mas isso não é mais sexual do que dar tapinha no bumbum do bebê”. Terra Notícia publicada no Portal Terra , em 21 de agosto de 2015.
Jorge Hessen* comenta Em 2013, Mayim Bialik, que interpreta a cientista Amy Farrah Fowler na série The Big Bang Theory, foi duramente criticada por uma foto em que aparece amamentando o filho de três anos no metrô de Nova York. Apesar de afirmar sentir falta de amamentar o filho, a atriz celebrou o momento em que o filho escolheu desmamar. Há diversos debates em torno do infantilismo psicossexual - Apesar da mãe ser o parente que gratifica principalmente os desejos infantis, a criança começa a formar uma identidade discreta sexual - “menino”, “menina” - que altera a dinâmica do relacionamento entre pais e filhos; os pais tornam-se objetos de energia libidinal infantil. Na teoria clássica da psicanálise, o complexo de Édipo ocorre durante o estágio fálico do desenvolvimento psicossexual (a idade de 3 até 6 anos), quando ocorre também a formação do libido e do ego; no entanto, pode se manifestar em idade mais precoce.(1) As chamadas complicações edipianas outra coisa não representam senão os laços obscuros que entretecemos, ao enlear almas queridas no nosso carro sentimental – laços esses que passam a reclamar-nos o preciso desfazimento, para que a mútua libertação nos felicite. Emmanuel nos instrui afirmando que o filho excessivamente vinculado à mãe, na maioria das ocasiões, é aquele mesmo companheiro que a genitora jungiu à própria senda, no passado, a suplicar-lhe agora o apoio necessário, a fim de exonerar-se das algemas psicológicas que o prendem à insegurança. E a filha imensamente ligada ao pai, habitualmente é a mesma companheira que ele acorrentou ao próprio destino em experiências do passado, a implorar-lhe hoje o auxílio indispensável, a fim de se desembaraçar do egoísmo com que se lhe enviscou à influência, em nome do amor.(2) Baseando-nos no trabalho biológico de construção do ser, assente em milênios numerosos, é indubitável que surpreenderemos na criança todo o equipamento dos impulsos sexuais prontos à manifestação, quando a puberdade lhe assegure mais amplo controle do carro físico. E, com esses impulsos, eis que lhe despontam do espírito as inclinações para maior ou menor ligação com esse ou aquele companheiro do núcleo familiar. O jogo afetivo, porém, via de regra se desenrola mais intensivamente entre a criança e os pais, reconhecendo-se para logo se os laços das existências passadas estão mais fortemente entretecidos com o genitor ou a genitora.(3) Debitando-se ao impulso sexual quase todos os alicerces da evolução sobre os quais se nos levanta a formação de espírito, é compreensível que o sexo apareça nas cogitações das crianças em seu desenvolvimento natural, e, nesse território de criações da mente infantil, ser-nos-á fácil definir a direção dos arrastamentos da criança, se para os ascendentes paternos ou maternos, porquanto aí revelará precisamente as tendências trazidas de estâncias outras que o passado arquivou.(4) Apreciando isso, recordemos o cipoal das relações poligâmicas de que somos egressos, quanto aos evos transcorridos, e entenderemos com absoluta naturalidade, os complexos da personalidade infantil. Assim sucede, porque herdamos espiritualmente de nós mesmos, pelas raízes do renascimento físico, reencontrando, matematicamente, na posição de filhos e filhas, aqueles mesmos companheiros de experiência sentimental, com os quais tenhamos contas por acertar. Atentos a semelhante realidade, somos logicamente impulsionados a concluir que os vínculos da criança, de uma forma ou de outra, em qualquer distrito de progresso e em qualquer clima afetivo, solicitam providências e previdências, que sintetizaremos tão-somente numa palavra única: educação.(5) A inquietação da Dra. Charlotte Reznick sobre os “inocentes selinhos” é corroborada pelo Mentor de Chico Xavier quando afiança que no fundo da personalidade paterna ou do maternal coração, descansam os remanescentes de grandes afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidos de outras estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o instinto sexual na forma de energia psíquica, tendente à conservação da vida, permanece, em muitos casos, na carícia dos pais, vestida em veludíneo manto de carinho e beleza, mas o amor é ainda, no adito do espírito, qual fogo de vida que se nutre do próprio lenho.(6) Toda criatura consciente traz consigo, devidamente estratificada, a herança incomensurável das experiências sexuais, vividas nos reinos inferiores da Natureza. De existência a existência, de lição em lição e de passo em passo, por séculos de séculos, na esfera animal, a individualidade, erguida à razão, surpreende em si mesma todo um mundo de impulsos genésicos por educar e ajustar às leis superiores que governam a vida.(7) Cada homem e cada mulher que ainda não se angelizou ou que não se encontre em processo de bloqueio das possibilidades criativas, no corpo ou na alma, traz, evidentemente, maior ou menor percentagem de anseios sexuais, a se expressarem por sede de apoio afetivo, e é claramente, nas lavras da experiência, errando e acertando e tornando a errar para acertar com mais segurança, que cada um de nós - os filhos de Deus em evolução na Terra - conseguirá sublimar os sentimentos que nos são próprios, de modo a erguer-nos em definitivo para a conquista da felicidade celeste e do Amor Universal. Como vemos, temos que entronizar na discussão a importância da teoria da reencarnação para uma compreensão melhor e mais humana dos chamados “complexos parentais”. As ainda raras pesquisas científicas sobre a reencarnação abrem novas possibilidades de compreensão dos conflitos entre pais e filhos. O Espiritismo, por isso mesmo, se torna mais apto a ajudar a psicologia profunda na descoberta das raízes verdadeiras das situações parentais conflitivas.
Nota e referências bibliográficas: (1) Joseph Childers, Gary Hentzi eds. Columbia Dictionary of Modern Literary and Cultural Criticism (New York: Columbia University Press, 1995); (2) Artigo publicado na coluna dominical “Chico Xavier pede licença” do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970; (3) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espirito Emmanuel , RJ: Ed. FEB 1970, cap. 14; (4) Idem; (5) Idem; (6) Idem; (7) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espirito Emmanuel, RJ: Ed. FEB 1970, cap. 24.