2 de novembro de 2015
‘Como é que você vai botar o pobre ali?’, diz bilionário ‘dono da Barra de Tijuca’
Jefferson Puff - @_jeffersonpuffDa BBC Brasil no Rio de Janeiro Dono de mais de 10 milhões de metros quadrados de terras na Barra da Tijuca – bairro que sediará grande parte das instalações da Olimpíada do Rio 2016 – , o engenheiro Carlos Carvalho, conhecido como “dono da Barra”, classifica os Jogos como uma “benesse de Deus” para o Rio de Janeiro. Aos 91 anos e, desde 1951, único acionista à frente da empreiteira Carvalho Hosken (avaliada em R$ 15 bilhões), ele participa de obras no Parque Olímpico, ao lado da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, onde, por meio de uma Parceria Público Privada (PPP), o consórcio construirá empreendimentos imobiliários a partir de 2018, em troca de quase R$ 1 bilhão de investimentos para custear a Olimpíada. Além disso, a Vila dos Atletas, com 31 edifícios, está sendo erguida em suas terras, e caberá a ele comercializar 3.604 apartamentos no já batizado condomínio Ilha Pura, tão logo o Comitê Olímpico Internacional libere as acomodações dos mais de 17 mil competidores e equipes técnicas após os Jogos. Ao contrário de Londres, onde a hospedagem dos atletas deu lugar a moradias acessíveis numa área revitalizada da capital britânica, no Rio os prédios seguirão a lógica do alto padrão, com direito aos “Jardins do Rei”, com mais de 70 mil metros quadrados, e apartamentos que podem valer mais de R$ 1 milhão. Quarenta anos depois de ter apostado na direção contrária ao desenvolvimento tradicional do Rio, quando começou a comprar terras na Barra (ainda um grande areal cercado de lagoas e manguezais e distante da Zona Sul), Carvalho vem colhendo os frutos da “aventura”, após construir condomínios, shoppings e hotéis de sucesso – e há espaço para expansão, já que 2,5 milhões de metros quadrados de suas terras ainda estão vazios. Sem papas na língua, em entrevista à BBC Brasil na sede de sua empresa, ele falou sobre sua história, os impactos da Olimpíada para o Rio, e respondeu a críticas sobre remoções e declarações dadas recentemente ao jornal britânico The Guardian, quando disse que a Barra representa o “novo Rio de Janeiro” como uma “cidade da elite, do bom gosto” e que, por esta razão, a Ilha Pura “precisava ser moradia nobre, e não moradia para os pobres”. Questionado pela BBC Brasil, disse que gosta dos ricos porque precisa deles, mas “prefere os pobres”. Ele afirma que foi do povo e “continua sendo povo”, embora admita que prefira “encher de rico” seu novo empreendimento na Vila dos Atletas. “Você não pode pensar em tirar um favelado de onde ele vive, do habitat dele, para que ele venha a pagar aluguel e condomínio. Se ele não for preparado e se não houver um apoio correto para ensiná-lo sobre o seu novo habitat, o plano realmente não vai poder dar certo.”
Veja os principais trechos da entrevista: BBC Brasil - Uma das críticas ao destino da Vila dos Atletas após os Jogos Olímpicos é a de que os 3.604 apartamentos serão todos parte de um empreendimento de alto padrão, ao contrário do que ocorreu em outras cidades, como Londres. Por que não dividir o espaço, contemplando também a necessidade de moradia popular no Rio de Janeiro? O senhor acredita que a Barra deva ser um bairro somente para a elite? Carlos Carvalho - Nós já temos aqui o Conjunto Habitacional Bandeirantes, onde mora uma população de apoio, que depende muito desse centro de negócios, de gente que tem dinheiro para gastar. Aqueles que tiverem a chance de poder morar nessa região serão privilegiados. Se não puderem morar ali, vão para o Bandeirantes, senão vão mais para frente, pegando o BRT. A cidade está aberta para eles. Nós dependemos muito do jardineiro, do pedreiro, e mantemos escolas para formação desse pessoal. Para botar tubulação de água e de luz há um custo alto, e quem mora paga. Como é que você vai botar o pobre ali? Ele tem que morar perto porque presta serviço e ganha dinheiro com quem pode, mas você só deve botar ali quem pode, senão você estraga tudo, joga o dinheiro fora. Há muitos bairros que agasalham pessoas com poder aquisitivo mais modesto. Foi o meu caso. Eu vim morar em Jacarepaguá porque era onde meu pai podia morar. Nasci ali, fiz escola pública e fiz minha vida. Cada um pode fazer a mesma coisa. Eles (Comitê Rio 2016 e Comitê Olímpico Internacional) vão usar e devolver depois de um ano. Daí em diante, teremos ali apartamentos com serviços, em tamanhos maiores e menores. A área é do tamanho de Ipanema. Vou ter que resolver comercialmente e ver as coisas que a gente precisa fazer para que as pessoas se interessem a ir para lá. Tenho que conquistar o cliente. E nós achamos que isso é que é fazer o lado social: ter a inteligência de gerar conforto para aqueles que podem usufruir dele. Se não as pessoas ficam só desejando, mas nunca chegam lá. Temos que fazer com que aquilo seja um encantamento, que faça com que muitas pessoas melhorem de vida para poderem usufruir. A Ilha Pura vai ter os Jardins do Rei. Nós vamos transformar todo mundo em rei. Estamos partindo para criar as bases para que uma nova cidade se desenvolva com condições satisfatórias para os moradores. Agora, se vai morar o pobre ou o rico, o problema é do governo. Que subsidiem os pobres e os botem lá então. BBC Brasil - Após o término dos Jogos, o consórcio formado por Carvalho Hosken, Odebrecht e Andrade Gutierrez poderá explorar grande parte das terras do Parque Olímpico para empreendimentos imobiliários. Onde devem estar localizados estes prédios? Como vê a questão da Vila Autódromo, comunidade atualmente em polêmico processo de remoção, localizada às margens do parque? Carvalho - O Parque Olímpico é o local onde depois as crianças vão brincar e se divertir. Na área remanescente, que o município nos vendeu por cerca de R$ 1 bilhão, vamos construir empreendimentos imobiliários a partir de 2018. Alguns dos prédios vão ser construídos aqui nesta área (apontando para a faixa de terra em frente à Vila Autódromo, transformada em área verde no plano, diante dos condomínios de alto padrão). Mas tem gente que não concorda, que acha que isso não é bom, e que tinha que deixar os que estavam lá, mas esse problema não é meu. É um problema político, que eles sabem como resolver. Quem está dando o tom é o prefeito, e nós naturalmente estamos juntos, e achamos que as providências são adequadas. É uma opinião técnica, e não política. Ali tem muita área que não pode ser habitada, e tudo depende de como você organiza. Você só não consegue organizar com favela, até porque você não pode pensar em tirar um favelado de onde ele vive, do habitat dele, para que ele venha a pagar aluguel e condomínio. Se ele não for preparado e se não houver um apoio correto para ensiná-lo sobre o seu novo habitat, o plano realmente não vai poder dar certo. Você não pode ficar morando num apartamento e convivendo com índio do lado, por exemplo. Nós não temos nada contra o índio, mas tem certas coisas que não dá. Você está fedendo. O que eu vou fazer? Vou ficar perto de você? Eu não, vou procurar outro lugar para ficar. BBC Brasil - Um dos pontos polêmicos dos Jogos Olímpicos é o legado que deve ficar para o Rio. Na sua visão, quais devem ser os principais benefícios herdados pela população? Carvalho - A Olimpíada está trazendo essa cidade para todos, estão integrando o Rio. As obras vão trazer toda a Baixada para cá, o que vai desafogar a cidade. O legado é incomensurável. Este espaço privilegiado está recebendo uma infraestrutura que permitirá um desenvolvimento urbano ordenado, que evite que o povo sofra por erros urbanos. Tenho a convicção de que a solução que está sendo dada, se não é a melhor que poderia ser, sem sombra de dúvidas já alivia em 1.000% o sofrimento que o povo vinha tendo no exercício de usar a cidade. Na Baixada Fluminense você tem mais de 6 mil almas que levavam mais de duas horas para chegar aqui na Barra e agora, com o BRT e a Transolímpica, já estão chegando em 40 minutos. Os Jogos criaram um legado para a cidade que eu acho que R$ 100 bilhões não pagam o que vai se traduzir em benefícios que todos vão ter. Há os BRTs, o metrô, e isso vai ajudar a arrumar o espaço do lado de lá (Zona Sul). A Olimpíada, da forma como chegou, e com as definições que trouxe aqui para o Rio, foi uma benesse de Deus para a cidade. Os Jogos vão dar a essa cidade aquilo que ela realmente representa no contexto nacional e internacional. BBC Brasil - Na sua visão, a Barra deverá ser “o novo centro do Rio de Janeiro”. Por que o senhor acredita nesta transição do desenvolvimento urbano da cidade? Quais devem ser os desafios? Carvalho - Isso aqui virou o centro da cidade que cresce, porque do lado de lá (Zona Sul) parou, não se anda mais. E as pessoas ainda acham que tem que botar mais gente lá. Essa área aqui é cinco vezes maior do que a Zona Sul. Lá tem 25 milhões de metros quadrados, e aqui são 125 milhões. A Barra é do tamanho de Cingapura, um dos países mais ricos do mundo. Se souberem organizar, há muito futuro. Mas se não souberem, vai voltar a ser o que Cingapura era nas suas origens: lugar de marginal, de falta de educação, de tudo que era lixo que se mandava para lá. E chegou lá o inglês e deu um jeito naquilo. Mas vamos precisar de obras de mobilidade interna. A nossa estrutura viária vai ter dificuldade de suportar o pêndulo que vai se formar de gente entrando e saindo, e essa população aumentando exponencialmente. Quando se construiu a Linha Amarela, foi igual ao Rio Nilo desenvolvendo o Egito às suas margens. Tudo veio junto. BBC Brasil - No mapa que decora sua sala, é possível ver a Barra da Tijuca cobrindo toda uma parede, e vê-se que algumas de suas terras fazem fronteira com favelas. Houve tentativas de ocupação, ao longo dos anos? Como enxerga a questão? Carvalho - Desde os anos 1970, quiseram transformar muitas dessas áreas em ocupação de baixa renda. Mas em termos de favela, não de baixa renda arrumada. Todo o tempo foi uma luta de defesa do patrimônio. Houve tentativa de invasão em muitas terras. Um exemplo delas é a atual favela de Rio das Pedras, mas a minha terra é a que está ao lado, limpa. A verdade é que o processo político aqui na Barra é dividido entre os que querem arrumar e se eleger, e os que querem destruir e se eleger através dos pobres, sendo pai dos pobres, fazendo um discurso falso, sem fazer aquilo que deveria ser feito. Usam o pobre para dizer que são políticos a favor do pobre. E é nisso que não quero me envolver, porque esse problema não é meu. Se houvesse a invasão de todas as áreas, que era o que iam fazer em 1982, isso aqui ia ser um bairro para o populismo, para eleger gente de esquerda, prometendo aos pobres o que não iam dar. Quando eu digo pobre, é porque todo mundo é pobre no Brasil. Rico mesmo há apenas uma meia dúzia. Eu não posso dizer que sou pobre, mas posso dizer que vivo como todo mundo. Saio de casa, trabalho, pago contas, pago empregada, me preocupo com dinheiro. Eu sou rico por dentro, mas por fora não sei se sou rico. BBC Brasil - Atualmente em crise, o mercado imobiliário está em processo de retração, acompanhando as dificuldades econômicas vividas pelo país. Como estão as vendas dos apartamentos na Ilha Pura? Carvalho - Para mim não interessa agora. Está tudo suspenso. Temos que esperar o Brasil se definir, porque isso nos dará a postura comercial que podemos vir a tomar. Não adianta você brigar com os fatos. De repente a solução seja encher aquilo lá de favelados, ou encher de rico. Eu prefiro encher de rico, até porque se enchermos de favelados vai criar um bocado de problemas para eles. BBC Brasil - As obras das quais o senhor participa no Parque Olímpico ocorrem em parceria com a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, investigadas na Operacão Lava Jato. Há temor de impactos na conclusão dos trabalhos? Carvalho - Não temo impactos. Até agora eles têm sido perfeitos. Não há nenhuma queixa, e não tenha dúvidas de que se for necessário eu ajudá-los de alguma forma, eu o farei com muita alegria, porque os objetivos estão praticamente cumpridos. Só quem gosta de ser pessimista é que fica vendo risco. Eu não estou vendo risco nenhum. Estamos na reta final, e eles vêm honrando com todos os compromissos. São companheiros de luta e estão sempre de acordo com a linha que estou seguindo. BBC Brasil - Em entrevista recente ao jornal britânico The Guardian, o senhor afirmou que a Barra seria um local destinado à “elite e ao bom gosto”, e não aos pobres. Como foi a repercussão? Carvalho - Eu me senti confrontado com os interesses da mídia. E a mídia precisa ter assuntos provocativos, que chamem a atenção do público. Precisa da polêmica. E eu não posso nem entrar na polêmica, porque eu não faço o que eu quero. Eu faço o que me dão liberdade de fazer. Não tenho dúvidas de que vou ser sempre muito bem interpretado e também muito mal interpretado. Fiz uma aposta comigo mesmo, de que eu poderia ser útil. Pode ser que eu não seja útil e seja um criminoso. Se me acharem um criminoso, o que eu posso fazer? Eu procurei fazer o que era melhor, e tive que me curvar à realidade da vida. Não estou aqui com a ilusão de que todo mundo está achando que eu estou fazendo um bem. Tem gente que vai achar que eu estou fazendo um bem, tem gente que vai achar que eu estou fazendo um mal. Eu não posso fazer nada. Não estou preocupado com opiniões. BBC Brasil - Muitos dos seus planos para o que considera ser “o novo Rio de Janeiro” ainda estão em curso, como o Centro Metropolitano e a Ilha Pura. Como imagina a Barra como o “centro do Rio”, e como encaminha o futuro de sua empresa? Carvalho - Com 91 anos, não me resta muito tempo, mas morrerei feliz se conseguir ver a cidade numa melhor posição. Acho que Deus nos deu uma oportunidade de ouro, mas evidentemente o povo e os políticos resolverão isso melhor do que nós. Eu tenho projeto de vida para 150 anos, se vou chegar lá, não sei. Para mim estou começando a vida, então não tem problema. Tenho dois filhos que se interessam no futuro da minha empresa. Eles acreditam no que eu digo e no que eu estou fazendo, e tenho carta branca deles para agir. Eles têm estado de acordo, assim como os meus colaboradores. E se não estiverem de acordo ou pensarem diferente, eles saem, ou eu mesmo peço para saírem. Se eu só tenho mais 49 anos de vida, tenho que estar preocupado, porque ela está curta. Se ela se encerrar antes, eu já fiz o que eu gostaria de fazer na vida. Estou feliz e vou embora feliz. Mas agora, preciso continuar nesse “rame rame”, porque virou um vício, é igual cocaína. Notícia publicada na BBC Brasil , em 10 de agosto de 2015.
Jorge Hessen* comenta É óbvio que o dinheiro não é instrumento do mal; ao contrário, o dinheiro é suor convertido em cifrão. É importante que lhe demos funções nobres, lembrando que a moeda no bem faz prodígios de amor. Porém, vale refletir o preceito de Paulo, qual seja: “tendo sustento e com o que nos cobrirmos, estejamos, com isso, contentes”.(1) Essa lição deve ser sempre ponderada quando nos faltam recursos financeiros. O Espiritismo anuncia o regime da responsabilidade, em que cada Espírito deve enriquecer a catalogação dos seus próprios valores. Não se engana com as alucinações da igualdade absoluta [comunismo], em vista dos conhecimentos da lei do esforço e do trabalho individual, e não se transforma em instrumento de opressão dos magnatas da economia e do poder [capitalismo], por consciente dos imperativos da solidariedade humana. Os espíritas, embora compreendamos e expliquemos muitos fenômenos sociais e econômicos através da tese reencarnacionista, somos evolucionários, porque propomos mudanças estruturais do ser humano; não contemporizamos com a concentração de riqueza e com a ausência de fraternidade, que significam a manutenção de privilégios e de excessos no uso dos bens, das riquezas e do poder de uns poucos em detrimento do infortúnio da maioria. Importa esclarecer aos emissários do ódio político que a desigualdade das riquezas não se resolve com falácias e cartilhas de ideologia materialista. As pessoas não são ao mesmo tempo ricas em face de não serem igualmente inteligentes, ativas e laboriosas para adquirir, nem sóbrias e previdentes para conservar. Considerando a pluralidade das existências, a pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação, razão pela qual o pobre não tem, portanto, motivo para acusar a Providência, nem para invejar os ricos, e estes não têm para se vangloriar do que possuem. Se, por outro lado, estes abusam da fortuna, não será através de decretos nem de leis suntuárias que se poderá remediar o mal.(2) A variedade das aptidões, ao contrário do ideal igualitário, é um meio propulsor do progresso social, já que cada homem contribui com sua parcela de conhecimento. As desigualdades que apresentamos entre nós, seja em inteligência ou moralidade, não derivam de privilégios de uns em detrimento de outros, mas do maior ou menor aproveitamento desse “tempo cósmico”, no esforço do alargamento das habilidades e virtudes que nos são inerentes, consoante o melhor uso do livre-arbítrio por parte de cada um. Destarte, as desigualdades naturais das aptidões humanas são os degraus das múltiplas experiências do passado. E cremos que essas diferenças constituem os agentes do progresso e paz social. Reconhecemos que os benefícios do desenvolvimento material não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre afortunados e deserdados (ricos x pobres) é gigantesco. Essa tendência é ameaçadora para o equilíbrio social, por isso é urgente corrigi-la. Caso contrário, as bases da segurança global estarão seriamente ameaçadas. Temos o conhecimento e a tecnologia a nosso favor, necessários para sustentar toda a população e reduzir os impactos das desigualdades, até porque os desafios econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e, juntos, podemos criar, de início, soluções emergenciais para que evitemos o caos absoluto em pouco tempo. A Mensagem de Jesus não preconiza que os ricos do mundo se façam pobres, e sim que todos os homens se façam ricos de conhecimento, porque somente nas aquisições de ordem moral descansa a verdadeira fortuna. E mais: “a concepção igualitária absoluta é um erro grave dos estudiosos, em qualquer departamento da vida. A tirania política poderá tentar uma imposição nesse sentido, mas não passará das espetaculosas uniformizações simbólicas para efeitos exteriores, porquanto o verdadeiro valor de um homem está no seu íntimo, onde cada espírito tem sua posição definida pelo próprio esforço”.(3) Urge que se crie uma mentalidade crítica, que permita estabelecer novos comportamentos, reduzindo os extremismos, mormente dos discursos vazios dos que se fantasiam de “pais dos pobres” (no Brasil isso é tradição) e entronizar-se entre nós a solidariedade legítima. A sociedade deve formatar novos modelos de convivência lastreados na fraternidade e no amor. A falta de percepção da interdependência e complementaridade entre os cidadãos gera uma visão individualista, materialista, separatista. Isso não é alvissareiro. É imperioso que se criem serviços necessários para uma vida humana decente. O crescimento desordenado da população, o desemprego estrutural, a pobreza, a miséria, a exclusão social, a falta de atendimento às necessidades básicas, o não reconhecimento dos direitos do cidadão, o desrespeito aos direitos humanos, a facilidade de acesso às drogas e às armas, a falta de Deus nos corações, a influência nociva das mídias e novas tecnologias, o uso abusivo de bebidas alcoólicas e outras drogas favorecerão todo tipo de desequilíbrio social. Em face disso, urge um alto grau de trabalho de todos. Desapego, oração, sim! Muita rogativa ao Criador, a fim de conquistarmos decisivamente a paz social na Terra.
Referências bibliográficas: (1) 1Timóteo, 6:6-10; (2) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, “Desigualdades das Riquezas”; RJ: Ed. FEB, 2000; (3) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB 2001, pergs. 55, 56 e 57.