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A Defensoria Pública apresentou pedido de liberdade em favor da idosa… Ela foi abrigada pela Fundação de Ação Social. M. A. L. teria tentado furtar de uma loja uma ferramenta elétrica avaliada em cerca de duzentos reais. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :26/09/2015
  • Categoria :

27 de setembro de 2015

Idosa teria furtado ferramenta para ser presa e fugir da fome e frio

A Defensoria Pública apresentou pedido de liberdade em favor da idosa…

Curitiba | Maycon Corazza | Paraná Portal

Uma idosa que furtou uma ferramenta de uma loja em Curitiba teria cometido o crime para fugir da fome e do frio. Ela foi abrigada na última sexta-feira pela Fundação de Ação Social. A Defensoria Pública divulgou nesta terça-feira (23) que recebeu no dia 17 de junho a comunicação da prisão em flagrante de uma mulher, que teria tentado furtar de uma loja uma ferramenta elétrica avaliada em cerca de duzentos reais.

A ação foi monitorada por câmeras de segurança do local e a mulher, identificada por M. A. L., foi abordada quando estava saindo do estabelecimento sem pagar. Ela é idosa, com mais de 60 anos, e pesava aproximadamente 45 kg, e declarou que estava em situação de rua. Segundo a mesma, ela praticou o delito justamente para ser presa, pois estava passando muita fome e frio.

A autoridade judiciária competente homologou a prisão e a fiança arbitrada em sede policial, no valor de um salário mínimo, bem como condicionou a expedição de alvará de soltura à apresentação de comprovante de residência.

Na manhã do dia 18 de junho, o defensor público Caio Watkins e a assistente social Tania Moreira estiveram na carceragem do 12º Distrito Policial, onde M. A. L. estava custodiada, para prestar atendimento a todas as presas.

A carceragem da referida delegacia tem uma das piores condições estruturais do Estado, com paredes úmidas, repletas de infiltrações e mofo, falta de iluminação natural e ventilação adequada, dentre diversos outros problemas, estando há muitos anos interditada. Embora tal estabelecimento tivesse sido esvaziado e fechado no ano passado, quando abrigava presos do sexo masculino, acabou sendo reativado há poucos meses, sem qualquer obra ou melhoramento, para a custódia de mulheres presas em flagrante.

Realizado o atendimento social e jurídico, foi constatado que a idosa, que continuava passando frio, tremia e sofria com fortes tosses, não tinha o telefone de seus familiares e tampouco sabia onde encontrá-los. Além disso, não tinha como recolher fiança ou fornecer comprovante de residência para atender às condições impostas pelo juiz para a sua colocação em liberdade. Foi declarado, ainda, o desejo de sair da prisão e ser atendida pela rede de proteção e assistência social do Município de Curitiba.

Feitos contatos com a Rede de Proteção e Assistência Social municipais, articulou-se a visita da equipe “Consultório na Rua” ao 12º Distrito Policial, sendo examinadas M. A. L. e as demais presas, entre as quais duas gestantes. Além disso, com a participação do Grupo de Trabalho de Direitos Humanos da DPPR – representado, nesse caso, pelas defensoras públicas Camille Vieira da Costa e Mariana Martins Nunes e pelo defensor público Antonio Vitor Barbosa de Almeida – e a cooperação da Prefeitura de Curitiba e da Fundação de Ação Social (FAS), foi garantida vaga para acolhimento de M. A. L., bem como a sua busca e condução para o abrigo, após a sua soltura.

Nesse cenário, a Defensoria Pública apresentou pedido de liberdade em favor da idosa, discutindo aspectos referentes à legalidade da prisão e à irrazoabilidade das condições estipuladas para a soltura, o qual foi acolhido em 19 de junho. O alvará de soltura foi cumprido por volta das 20h30 da última sexta-feira, e uma equipe da FAS já estava aguardando M. A. L. para encaminhá-la da delegacia até local de acolhida.

As informações são do Paraná Portal.

Notícia publicada no Portal CGN , em 23 de junho de 2015.

Breno Henrique de Sousa comenta*

Estrutura Social

“Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome.” (Questão 930 de O Livro dos Espíritos .)

Todos os dias, no Brasil e pelo mundo afora, nos chegam notícias de casos de injustiças sociais e sobre a cegueira das leis humanas e do sistema repressor policial que, apesar de cumprir com o seu importante papel, frequentemente pune a quem não deve e permite a impunidade quando caberia a aplicação da lei.

De fato, estamos longe de um sistema justo e capaz de ser aplicado de maneira precisa, sem distorções e imprecisões. A única justiça capaz de abranger toda a complexidade da existência humana, estejamos no plano físico ou espiritual, é a justiça divina, por ser Deus onisciente, soberanamente justo e bom.

Certamente devemos trabalhar para aperfeiçoar as nossas leis e os mecanismos sociais capazes de identificar situações como essas, evitando injustiças e sofrimentos desnecessários a cidadãos que deveriam ser amparados e não punidos. Neste caso específico, algumas instituições conseguiram identificar essa distorção e corrigi-la, porém, quantos padecem injustamente sem socorro? A existência dessas instituições já demarca algum progresso em nossa sociedade. A defesa dos direitos humanos, apesar das críticas apressadas e preconceituosas dos que dizem que eles defendem apenas os criminosos, é indispensável em uma sociedade democrática e que procure a verdadeira justiça.

É certo que nos mecanismos das leis divinas não existem vítimas inocentes atingidas pela má sorte ou pelo acaso. O fato de nos encontrarmos em um mundo de provas e expiações nos nivela na condição própria desse estágio evolutivo imperfeito. Porém, o trabalho de regeneração e estabelecimento de um mundo melhor é responsabilidade nossa. Se ainda somos devedores da justiça divina, é o trabalho no bem que nos permitirá desfrutar de uma condição mais feliz.

Somos os artífices de um novo tempo, somos o sal da terra, os trabalhadores da última hora chamados à vinha do Senhor para a construção de uma sociedade regida pelas leis do cristo. Avancemos laboriosos e confiantes!

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano, professor da Universidade Federal da Paraíba nas áreas de Ciências Agrárias e Meio Ambiente. Está no movimento Espírita desde 1994, sendo articulista e expositor. Atualmente faz parte da Federação Espírita Paraibana e atua em diversas instituições na sua região.