8 de agosto de 2015
Acusado de roubo chora ao reconhecer juíza como sua amiga de infância
Suspeito de roubar um carro usado no assalto a uma residência se emocionou ao reconhecer Mindy Glazer, com quem estudou no ensino fundamental. “Nós jogávamos futebol [americano] juntos e olha o que aconteceu”, afirmou a americana
O julgamento de um homem suspeito de roubar um carro nos Estados Unidos se tornou um reencontro emocionante depois que a juíza Mindy Glazer reconheceu o réu, Arthur Booth, 49, como sendo um velho amigo de infância.
“Senhor Booth, tenho uma pergunta. Você frequentou [a escola] Nautilus?”, questionou a juíza enquanto tentava conter a emoção. “Oh meu Deus! Oh meu Deus!”, disse o homem ao olhar para ela. O caso aconteceu na terça-feira (30).
Booth, detido na segunda-feira por roubo qualificado de um veículo e resistência à prisão, não conteve as lágrimas, abaixou-se sobre uma mesa à sua frente e levou as mãos à cabeça.
“Sinto muito vê-lo aí. Sempre me perguntei o que teria acontecido com o senhor”, disse Glazer, enquanto Booth continuava a chorar. “Ele era o garoto mais legal da escola, foi o melhor menino do ensino fundamental”, afirmou. “Eu costumava jogar futebol [americano] com ele, e olha o que aconteceu.”
A juíza, triste com o destino de seu amigo, deu conselhos para que o homem aprendesse a lição e mudasse de vida. “Sr. Booth, espero que você seja capaz de mudar seu comportamento. Boa sorte”, disse ela. “Triste é que na idade em que chegamos…”, comentou. “Espero que você seja capaz de sair desta situação bem e tenha uma vida boa.”
Depois das palavras da juíza, o homem tentou falar, mas recebeu o chamado dos seguranças para deixar o local.
De acordo com um relatório sobre a prisão, Booth foi flagrado dirigindo um Honda Accord dourado que teria sido usado no assalto a uma residência. Quando um policial tentou parar o veículo, Booth acelerou, dando início a uma perseguição, informou o site “NBC News”.
O acusado deve permanecer preso enquanto não pagar uma fiança de quase R$ 135 mil.
Matéria publicada na Revista Marie Claire , em 3 de julho de 2015.
Jorge Hessen comenta*
Pesquisando aqui e ali esbarrei com histórias curiosas. Uma delas foi o recente reencontro entre dois amigos (ex-jogadores de futebol) que se uniram deslumbrados pela bola e após abandonarem os gramados seguiram rumos opostos. Seus nomes? Ronaldo Souza e Carlos Eduardo, ambos se conheceram na década de 1990 no pequeno time da Portuguesa da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, porém a vida dos dois tomou rumos diferentes: Carlos virou magistrado e Ronaldo traficante de drogas. Decorridos quase 20 anos, o caminho dos dois se cruzou outra vez e, graças à intervenção de Carlos (o magistrado), Ronaldo (o criminoso) ganhou o benefício de trabalhar fora da cadeia.(1)
A história dos dois começou na juventude. Além da Portuguesa, a dupla jogou junta em outros times pequenos do Rio. Carlos jogava mais pela ala esquerda e Ronaldo era centroavante. Posteriormente, separados, eles passaram por vários clubes do Brasil. Carlos atuou no Vila Nova, Aracruz e União Barbarense, mas percebeu que o futebol não lhe daria equilíbrio financeiro. Estudou muito e se formou em direito e em seguida passou para o concurso de juiz. Hoje, é o titular da vara de Execuções Penais e cuida dos cerca de 25 mil presos do Estado do Rio.
Ronaldo, porém, nos últimos anos de carreira, já desmotivado, começou a se envolver no submundo do crime. Em 2003 a polícia o prendeu. O processo criminal de Ronaldo caiu na mesa de Carlos em dezembro de 2014. Com um atestado de bom comportamento na prisão, Ronaldo solicitava o benefício de trabalhar fora da cadeia. Carlos, impedido de decidir por ter laços de amizade com Ronaldo, deixou o processo nas mãos de outro juiz. Mas, como titular da vara, foi ele quem assinou o documento que oficializou o benefício.
No dia do reencontro no fórum, Ronaldo parecia tenso, constrangido, mas a gratidão no rosto e nas palavras prevaleceram. Pronunciou ao amigo e agora meritíssimo juiz que “na lei da semeadura colhemos o que semeamos, então temos que procurar plantar coisa boa, pra colher coisa boa, sei que infelizmente não plantei o melhor”. Após agradecer a oportunidade e relembrar os momentos de jogador, o tão esperado momento de sair da carceragem enfim aconteceu.
Outro episódio singular ocorreu na corte de justiça de Miami nos EUA, quando dois ex-colegas do “ginasial” se reencontraram em situações de vida bastante adversas. Em uma sessão, a juíza Mindy Glazer reconheceu Andy Booth (acusado de assalto e distúrbios na ordem de trânsito) – como seu ex-colega de turma. O acontecimento (difundido pelo YouTube) e citado pela imprensa internacional foi ainda mais impactante quando a juíza pronunciou, em palavras francas, que Booth era “o cara mais legal da escola”. Entretanto, diferente do desfecho entre o juiz Carlos e o traficante Ronaldo, ocorrido no Rio de Janeiro, lá nos EUA o assaltante Booth chorou muito diante da ex-colega de ginásio quando a reconheceu. A juíza Glazer lastimou a situação do ex-colega de escola e aplicou-lhe a penalidade cabível, emitindo sinceros votos para que Andy consiga mudar o próprio futuro.(2)
Tais fatos incomuns e inesperados foram amplamente divulgados, e valem como uma sentença para reflexões: a todo momento devemos fazer opções na vida e as alternativas cotidianas edificam nossa história. Gradativamente vamos bancando nossa caminhada e cada dia em que preenchemos os espaços da experiência com boas decisões precisa ser celebrado. A conquista de uma situação social digna e segura é erigida palmo a palmo, dia após dia, insistindo no caminho do esforço e do bem.
Na Lei de Causa e Efeito está compendiada as dinâmicas que harmonizam as demandas ético-morais. Compreendemos que a justiça humana está apoiada na legislação terrestre, sob códigos judiciais instituídos pelos juristas. Quando há uma demanda qualquer, os conhecedores desses códigos analisam o processo, julgam e decidem os corretivos aplicáveis ao réu. A justiça dos homens se alicerça no arbítrio, segundo a visão dos meritíssimos.
Contudo, considerando a justiça divina, a apreciação das infrações tem outra conotação. Os efeitos dos atos se dão de forma direta e natural, sem intercessores. Numa falta, a punição se situa de modo adequado e interrompe espontaneamente, com os mecanismos do arrependimento eficaz, da expiação e da reparação do erro.
Nos códigos da justiça divina não há dois pesos e duas medidas. Inexiste espaço para injustiças e as leis são inabaláveis e não podem ser burladas. As leis divinas não admitem exceções, nem concessões. Todavia, como reconhecer essas leis? Ora, auscultando a consciência, que é onde está escrito o código divino.
Se sabemos que as consequências dos nossos atos ocorrerão, que somos herdeiros das nossas obras, podemos suscitar, se quisermos, efeitos suaves para o futuro. Se hoje padecemos as sequelas de atos equivocados já cometidos, basta enfrentar os efeitos, sem nos queixar dos sofrimento, e agir com um comportamento ético-moral harmônico com o resultado que aspiramos conseguir amanhã.
No campo moral a justiça divina rege a vida humana, distribuindo a cada um segundo as próprias obras, sem intermediários. Destarte, se desejamos um futuro próspero, procuremos acertar nossos passos em consonância com a consciência, que é sempre um guia infalível onde estão grafadas as leis do Criador.
E, se não tivermos certeza de como agir corretamente, recordemos aquela regra de ouro: “façamos aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem”(3), e não há como errar.
Referências:
(1) Disponível em http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/08/o-traficante-e-o-juiz-um-reencontro-anos-apos-abandonarem-o-futebol.html> , acessado em 28/07/2015;
(2) Disponível em http://revistamarieclaire.globo.com/web/noticia/2015/07/suspeito-de-roubo-chora-em-julgamento-ao-reconhecer-que-juiza-era-sua-amiga-de-escola-assista.html> , acessado em 28/07/2015;
(3) Mateus, 7:12.