Americano procura a mãe e descobre: ela é mulher barbada
Um americano finalmente conseguiu reencontrar a mãe após 30 anos. E a surpresa foi grande: ela ganhava a vida como mulher barbada em circos!
Richard Lorenc, de 33 anos, reuniu-se a Vivian Wheeler, de 62, depois de seis semanas de investigação feita pelo Departamento de Serviço Social do estado do Kansas. Ele foi retirado da mãe quando tinha 3 anos e adotado por outra família aos 7.
O filho herdou da mãe a “síndrome de lobisomem”, que provoca grande crescimento de pelos faciais em homens e mulheres.
Vivian nasceu hermafrodita. Sua mãe, ao notar a condição após o parto, pediu que o médico removesse os órgãos genitais masculinos - ela queria uma menina!
Incomodado com a filha, o pai de Vivian a forçou a trabalhar em circos de horrores desde os 5 anos. A menina ajudava bastante no orçamento familiar.
A mulher barbada agora deve deixar Bakersfield, na Califórnia, e morar perto do filho, no Kansas.
Notícia publicada no Jornal O Globo , em 24 de novembro de 2010.
Claudia Cardamone comenta*
O “Circo dos Horrores” foi criado com a intenção de explorar comercialmente tudo o que é diferente do dito normal por uma sociedade, aquilo que muitos não querem ver, mas que ao mesmo tempo não conseguem parar de olhar.
Barbas e bigodes são características secundárias do sexo masculino, ou seja, dos homens. Porém, devido a um desequilíbrio hormonal, uma causa genética, entre outras causas, algumas mulheres podem desenvolver pelos nos rostos. Normalmente, elas são pressionadas socialmente para retirá-los, pois a sua existência pode gerar um estigma social, isto é, uma forte desaprovação de características pessoais, que vão contra normas culturais, e que levam o indivíduo à marginalização.
João Francisco Duarte Jr. destaca um ponto interessante em sua obra O Que é Beleza :
“[…] a beleza é uma maneira de nos relacionarmos com o mundo. Não tem a ver com formas, medidas, proporções, tonalidades e arranjos pretensamente ideais que definem algo como belo. Acabou-se o tempo em que os estudos estéticos ditavam regras de beleza; um objeto podia ser considerado belo apenas e tão somente se se conformasse com os parâmetros traçados pela corrente estética em voga na época”.
“Beleza não diz respeito às qualidades dos objetos, mensuráveis, quantificáveis e normatizáveis. Diz respeito à forma como nos relacionamos com eles. Beleza é relação (entre sujeito e objeto)”.
Talvez este tipo de espetáculo exista ainda nos dias de hoje porque ainda não aprendemos a lidar com as diferenças e igualdades. O pai explorou o problema da filha pelo incômodo que lhe causava, transformou este sentimento em algo útil, em seu ponto de vista. O filho, compreendendo o problema da mãe, consegue se relacionar amorosamente com ela.
Porém, será mesmo que acabou-se o tempo em que a estética ditava as regras de beleza? Ainda consideramos belo aquilo ou aquele que se encaixa num padrão de forma, comportamento ou outros parâmetros? Ainda estamos tão apegados à matéria física?