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Mais uma vez Carlinhos de Jesus está com a missão especial de descobrir a importância da arte e da cultura no dia a dia dos cariocas. Veja a reportagem de estreia da Coluna ‘Arte pra Vida’, do RJTV. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :19/09/2009
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Dança transforma a vida de muitos jovens na Favela da Maré

Mais uma vez Carlinhos de Jesus está com a missão especial de descobrir a importância da arte e da cultura no dia a dia dos cariocas. Veja a reportagem de estreia.

Vocês se lembram da Coluna Passo a Passo da Folia, que mostrava surpresas do carnaval? Dá saudade. Quem está de volta ao RJTV é o dançarino Carlinhos de Jesus. Mais uma vez ele está com uma missão especial, que é descobrir a importância da arte e da cultura no dia a dia dos cariocas. O nome da Coluna é ‘Arte pra Vida’.

“Eu estou entrando nas comunidades, como eu já entrei na Maré, na Vila Aliança. Nós estivemos lá preparando a matéria dentro da comunidade. Estamos descobrindo que o carioca é muito voltado para a arte, para a arte de um modo geral. Desde garoto, houve uma coincidência muito grande nesta coluna, com a minha própria história de vida, em que a arte foi uma ferramenta de transformação na minha vida e na vida de todo brasileiro”, afirma o dançarino Carlinhos de Jesus.

RJTV - 1ª edição – Se não fosse a arte, você não seria a pessoa que você é hoje, conhecida e querida por todo mundo?

Carlinhos de Jesus, dançarino – Eu acho que não, eu teria seguido outro caminho. Eu me formei, estudei e, de repente, com a dança eu descobri que eu estava no caminho errado, que o caminho meu era esse mesmo.

Na reportagem, você descobriu talentos, que se não fossem pela arte, talvez nunca saíssem dali.

Descobrimos também o quanto essas pessoas têm de ações, de forma de contribuir para a sociedade e mostrar que, lá dentro das comunidades, existem pessoas de bem, pessoas que têm talento e condições de oferecer para nós coisas muito boas.

‘Arte pra vida’ visita uma escola de dança na Vila Olímpica da Maré

Eu estou na comunidade da Maré e descobri a Vila Olímpica, que tem um projeto de dança muito interessante e como isso transformou a vida de muita gente aqui dentro.

“Cultura transforma mesmo a vida das pessoas, vocês que lidam com os meninos da comunidade”, questiona o dançarino Carlinhos de Jesus.

“Com certeza há essa transformação”, diz a professora.

“Quantas pessoas chegaram para a gente e falaram assim: ‘Nossa, eu nunca fui a um teatro. Quem bom que vocês me deram esta oportunidade de conhecer’. “Elas adoraram a própria apresentação das crianças aqui, então não transforma somente o aluno”, afirma professora de balé Patrícia Mota.

“Quando ele sai daqui, vai para um teatro, vai de cabeça erguida e se mostra, e se apresenta, ele sabe o valor que ele tem. É todo mundo aplaudindo ele, então ele é um cidadão que tem grande valor. Ele é o protagonista da história dele. Isso faz com que ele cresça na vida escolar, na vida familiar. O convívio com os outros melhora, porque a auto-estima vai melhorando”, diz a professora de teatro Naiamara Bonfim.

“Como é a história do bailarino?”, pergunta o dançarino Carlinhos de Jesus.

“É um menino e ele era muito esforçado, era um talento, uma joia. A gente resolveu fazer audição para o Bolshoi. A gente não sabia que só tinha uma vaga e a vaga foi dele, concorrendo com mais de 550 candidatos. O nome dele é Davi”, conta Naiamara Bonfim.

O Arte pra Vida preparou uma surpresa para a galera do projeto. Procuramos o Davi e a Jordana, que saíram daqui e hoje estão em uma das maiores companhias de balé do mundo, o Bolshoi, que tem um escola em Joinville, Santa Catarina. A equipe promoveu um encontro pela internet, do Davi e da Jordana, com os colegas da Maré. Eles não se falavam há mais de três meses.

“Qual é a sua perspectiva de vida?”, pergunta Carlinhos de Jesus.

“Vou levar isso para a minha vida, eu quero ser um grande bailarino e está sendo uma experiência muito boa”, afirma Davi.

“Você desbravou com todo o seu empenho, com toda a sua luta, dando uma demonstração de que a cultura tem que estar em todos os lugares, não só lá na sociedade da alta, mas também dentro das comunidades de baixa renda”, afirma o diretor da Vila Olímpica da Maré Amaro Domingues.

“Todo mundo pensa que na favela só tem gente que não estuda, que só tem vândalos, e são poucas as pessoas que saem daqui para fazer coisas diferentes, coisas bacanas. Meu pai é mecânico, pintor. Minha mãe era vendedora, mas agora ela está trabalhando como doméstica mesmo. Ela faz faxina”, fala a estudante Diana da Costa Bezerra.

“Como é que eles viram a filha deles, através de um projeto, traçando um rumo?”, pergunta Carlinhos.

“Neste sentido, meus pais sempre foram muito tranquilos, porque eles sempre investiram muito na minha educação. Sempre foi assim: ‘Diana, estuda!’, porque eles não tiveram. Eles trabalharam desde muito cedo”, se emociona Diana.

Notícia publicada no site do RJTV , em 3 de junho de 2009.

Claudia Cardamone comenta*

O ser humano, e aqui vou entender pelo espírito encarnado, tem a propensão, ou talvez a necessidade, de rotular tudo o que está ao seu redor e, neste sentido, uma das suas propriedades psíquicas, do ponto de vista psicológico, faz com que esta rotulação seja mais destrutiva do que se imagina. Esta propriedade é a generalização.

Os telejornais sempre estão noticiando os conflitos e a guerra que existem nas favelas, mas não é culpa da imprensa a nossa imperfeição. William Bonner falou algo sobre o assunto, de que só tem notícia ruim nos telejornais, e ele esclareceu que esta é infelizmente uma das funções da imprensa. Se ela passasse a mostrar apenas o que há de bom, poderia criar a falsa ilusão de que melhorou. É necessário que ela aponte também aquilo que precisa melhorar.

Mas o maior erro é o nosso, que generalizamos as coisas baseados na nossa ignorância. Isto não é uma desvalorização, e sim uma constatação. Entre aqueles que acreditam que uma favela é um local onde estão pessoas marginalizadas, pessoas de índole má, fracas ao vício e incapazes de viver pacificamente em sociedade, quantos realmente conhecem uma favela, que conhecem a realidade de uma favela?

A Doutrina Espírita nos diz que esta desigualdade social é obra do homem e irá desaparecer juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo, restando apenas a desigualdade de mérito. Quando as pessoas compreenderem que todos somos iguais em criação, diferentes na caminhada, mas que seremos iguais novamente ao alcançarmos a evolução espiritual, tornando-nos espíritos perfeitos, independente do caminho trilhado, elas passarão a entender porque muito dizem que somos todos irmãos.

E esta reportagem nos mostra que todas as encarnações estão interligadas. Uns que alcançaram destaque social e econômico têm a missão de auxiliar os que ainda não o alcançaram. Estes, ao percorrer o caminho e progredir, têm a missão de retornar para auxiliar os demais, e todos, independente de suas condições terrenas, condições estas temporárias e úteis. E é assim que o espírito progride lentamente, avançando um pouco e parando para que outros possam, apoiados nele, avançar também.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.