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Centro espírita de São Paulo é o único do Brasil que se tem notícia que oferece tratamento espiritual a animais de estimação. No entanto, o tratamento não dispensa ida ao veterinário. Márcia do Vale Cordeiro comenta.

  • Data :15/02/2009
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Tratamento espírita vira esperança para donos de animais doentes

Centro espírita na Zona Norte de SP cuida de animais. Tratamento espiritual, no entanto, não dispensa ida ao veterinário.

Donos de animais com fraturas, câncer ou que sofrem de ansiedade têm encontrado no centro espírita Vicente Cerverizo, na Vila Medeiros, na Zona Norte de São Paulo, uma ajuda para atravessar o momento difícil. O lugar é o único do Brasil que se tem notícia que oferece tratamento espiritual a animais de estimação. A afirmação é do veterinário Marcel Benedeti, presidente da Associação Espírita Amigos dos Animais (Asseama).

Segundo ele, quaisquer animais são passíveis de tratamento espírita “uma vez que todos são seres que merecem atenção. Não importa se são cães, gatos, aves, suínos, bovinos ou equinos”, afirma Benedeti, que, apesar de ser veterinário, não mistura o trabalho do médico com o do espírita.

“Não é permitido tocar no assunto relacionado à medicina veterinária nem que alguém ali no trabalho é veterinário. Não lemos receitas e nem damos opiniões a respeito de tratamentos médicos que os animais recebem. Portanto, ali dentro, não existem veterinários e pacientes veterinários, mas apenas espíritos necessitados de auxílio”, esclarece.

Benedeti conta que todos no grupo espírita são vegetarianos. Os donos dos animais são chamados de tutores. “Não chamamos de donos, pois acreditamos que os animais não são objetos para terem donos”, justifica.

Em busca de quê

O perfil dos mascotes que são levados ao centro é bem parecido. Eles chegam lá depois de terem passado por diversos tratamentos “físicos” sem sucesso. “As pessoas recorrem ao tratamento espiritual como meio de aliviar o sofrimento dos animais”, diz Benedeti, que costuma receber principalmente animais desenganados ou que foram recomendados para eutanásia. “É o último recurso”, diz ele.

Os donos também têm algo em comum. “São pessoas sensíveis, que se preocupam com o bem-estar de seus animais”, observa Benedeti, que complementa: “Não fazemos distinção entre tutores quanto à religião”, diz. No local, são bem-vindos católicos, evangélicos, judeus, umbandistas e, naturalmente, os espíritas.

O veterinário Francisco Cavalcanti de Almeida, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, não vê problemas em o dono submeter o seu bichinho de estimação a um tratamento espiritual. O que não pode, afirma ele, é o animal deixar de ser levado ao veterinário.

‘Para qualquer ser vivo, existe uma enfermidade e o seu tratamento médico específico. O veterinário é o profissional capacitado para detectar qualquer sintoma ou doença e até realizar a prevenção”, afirma Almeida.

Animais desenganados

O aposentado Mário da Conceição, de 75 anos, conheceu o tratamento espiritual depois que encontrou na rua o setter irlandês Caramelo. “Levei ele para o veterinário, que constatou que Caramelo tinha problema no coração, no fígado, não enxergava e não ouvia direito e também não se firmava nas patas traseiras. Ele viveria por pouco tempo”, relembra.

O cachorro, que já devia ter cerca de 12 anos quando foi achado, foi tratado com um veterinário homeopata e, com o tempo, apresentou melhora. Paralelamente ao tratamento, Mário levava Caramelo ao centro espírita.

“A fila do passe depende do estado de saúde do animal. No começo, ele passava na frente. Depois, ele passou a entrar na fila como todos os outros. Antes, eu carregava ele no colo do carro até a sala. No fim, ele já descia do carro sozinho”, relembra.

Caramelo morreu em outubro do ano passado, mas Mário não deixou de frequentar o centro. O aposentado é responsável por outros três cães: Judite, que mora com ele, e Pretinho e Branquinho, que moram em uma pet shop mas saem para passear todos os dias com o tutor.

Quem também costuma frequentar o centro é o aposentado Antônio de Andrade, de 81 anos, dono de Diana e Juruna, um casal de fila brasileiro. A fêmea vem sendo submetida a um tratamento veterinário contra câncer há seis meses, período em que também passou a ir ao centro na Zona Norte.

Na semana passada, no entanto, Diana perdeu o movimento das pernas. “Tentei erguê-la, mas não adiantou”. Agora, o tratamento espiritual da cadela será à distância. Sim, o grupo espírita também atende, a pedido do tutor, animais doentes que não podem ir até o centro.

Por onde começar

Tutores que se interessaram pelo tratamento devem começar fazendo um cadastro na Asseama. É preciso informar nome, endereço, raça, sexo e idade do bicho de estimação, para, depois, dar detalhes sobre o problema que aflige o animal. Neste momento, a pessoa se compromete a não comer carne nem oferecê-la ao mascote no dia marcado para o tratamento.

Chegando ao centro, o tutor passa por nova entrevista e, em seguida, é encaminhado à sala de palestras. “Esta é a parte mais importante do tratamento. É neste intervalo de reserva e reflexão, quando as pessoas ouvem do palestrante orientações evangélicas, que a equipe espiritual procede ao tratamento dos animais e do tutor”, descreve Benedeti.

Após a palestra, que dura cerca de 30 minutos, o animal e o seu acompanhante entram em uma sala onde são submetidos a um tratamento por imposição de mãos durante um minuto. “Geralmente, pede-se para retornarem depois de algum tempo, que pode ser entre sete a 30 dias”.

Serviço:

Associação Espírita Amigos dos Animais (Asseama), tel. (11) 2071-2590.

Notícia publicada no Portal G1 , em 8 de fevereiro de 2009.

Márcia do Vale Cordeiro comenta*

Para refletirmos sobre a notícia, vamos reler, em “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, em seu Cap. XXII, “Da Mediunidade nos Animais”?

As judiciosas ponderações de Allan Kardec e a mensagem do Espírito Erasto, discípulo de São Paulo nos ensinam:

“(…) Os semelhantes atuam com seus semelhantes e como seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos, encarnados ou não? Será preciso que vo-lo repitamos incessantemente? Pois bem! repeti-lo-ei ainda: o vosso perispírito e o nosso procedem do mesmo meio, são de natureza idêntoca, são, numa palavra, semelhantes. Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que nos permite a nós, Espíritos desencarnados e encarnados, pormo-nos muito pronta e facilmente em comunicação. Enfim, o que é peculiar aos médiuns, o que é da essência mesma da individualidade deles, é uma afinidade especial e, ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que lhes suprimem toda refratariedade e estabelecem, entre eles e nós, uma espécie de corrente, uma espécie de fusão, que nos facilita as comunicações. É, em suma, essa refratareiedade da matéria que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade, na maior parte dos que não são médiuns.

“Os homens se mostram sempre propensos a tudo exagerar: uns, não falo aqui dos materialistas, negam alma aos animais, outros de boa mente lhes atribuem uma, igual, por assim dizer, à nossa. Por que hão de pretender deste modo confundir o perfectível com o imperfectível? Não, não, convencei-vos, o fogo que anima os irracionais, o sopro que os faz agir, mover e falar na linguagem que lhes é própria, não tem, quanto ao presente, nenhuma aptidão para se mesclar, unir, fundir com o sopro divino, a alma etérea, o Espírito em uma palavra, que anima o ser essencialmente perfectível: o homem, o rei da criação. Ora, não é essa condição fundamental de perfectibilidade o que constitui a superioridade da espécie humana sobre as outras espécies terrestres? Reconhecei, então, que não se pode assimilar ao homem, que só ele é perfectível em si mesmo e nas suas obras, nenhum indivíduo das outras raças que vivem na Terra.

“(…) Deus colocou os animais ao vosso lado como auxiliares, para vos alimentarem, para vos vestirem, para vos secundarem. Deu-lhes uma certa dose de inteligência, porque, para vos ajudarem, precisavam compreender, porém lhes outorgou inteligência apenas proporcionada aos serviços que são chamados a prestar. Mas, em sua sabedoria, não quis que estivessem sujeitos à mesma lei do progresso. Tais como foram criados se conservaram e se conservarão até à extinção de suas raças.

“(…) Não mediunizamos diretamente nem os animais, nem a matéria inerte. É-nos sempre necessário o concurso consciente , ou insconsciente , de um médium humano, porque precisamos da união de fluidos similares, o que não achamos nem nos animais, nem na matéria bruta.

“O Sr. T…, diz-se, magnetizou o seu cão. A que resultado chegou? Matou-o, porquanto o infeliz animal morreu, depois de haver caído numa espécie de atonia, de langor, consequentes à sua magnetização. Com efeito, saturando-o de um fluido haurido numa essência superior à essência especial da sua natureza de cão, ele o esmagou, agindo sobre o animal à semelhança do raio, ainda que mais lentamente. Assim, pois, como não há assimilação possível entre o nosso perispírito e o envoltório fluídico dos animais, propriamente ditos, aniquilá-los-íamos instantaneamente, se os mediunizássemos.”

Assim sendo, como compreender um “tratamento espiritual” para os animais, realizado por médiuns humanos?

Como compreender “que todos os animais são passíveis de tratamento espírita”?

Como entender “a fila do passe”?

Como entender a “imposição de mãos” por um minuto, “na sala de passes” que atende ao animal e o tutor?

Como classificar na Escala Espírita (“O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, pergunta 100 e seguintes) a “equipe espiritual que procede o tratamento dos animais e do tutor”?

Como se processa o “tratamento espiritual da cadela à distância”?

Allan Kardec nos advertiu, em “O Livro dos Médiuns”, item 135:

As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. (…) Em torno de nós pululam os Espíritos levianos, que de todas as ocasiões aproveitam para se intrometerem nas comunicações. A verdade é o que menos os preocupa; daí o maligno encanto que acham em mistificar os que têm a fraqueza e mesmo a presunção de neles crer sob palavra. As pessoas que se comprazem nesse gênero de comunicações naturalmente dão acesso aos Espíritos levianos e falaciosos. Delas se afastam os Espíritos sérios, do mesmo modo que na sociedade humana os homens sérios evitam a companhia dos doidivanas.”

Em “O Livro dos Médiuns”, item 28, parágrafo 4º, Allan Kardec analisa:

“Há, finalmente, os espíritas exaltados . A espécie humana seria perfeita, se sempre tomasse o lado bom das coisas. Em tudo, o exagero é prejudicial. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado cega e frequentemente pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e sem verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a reflexão eo exame demonstrariam. O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espíritismo. São os menos aptos para convencer a quem quer que seja, porque todos, com razão, desconfiam dos julgamentos deles. Graças à sua boa-fé, são iludidos, assim, por Espíritos mistificadores, como por homens que procuram explorar-lhes a credulidade…”

  • Márcia do Vale Cordeiro é médica, titulada em Ginecologia e Obstetrícia pela Associação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, assim como especialista em Patologia do Trato Genital Inferior e Genitoscopia pela Associação Brasileira de Genitoscopia. É trabalhadora do Centro Espírita Léon Denis e da Obra Social Antonio de Aquino, no Rio de Janeiro, além de colaboradora regular do portal Espiritismo.net.