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A pequena proporção de estudantes de classe média baixa em universidades é ‘resultado de uma diferença de QI entre classes sociais’, afirma Bruce Charlton. Pedro Vieira comenta.

  • Data :22/07/2008
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Acadêmico inglês diz que os ricos têm QI mais alto

A pequena proporção de estudantes de classe média baixa em universidades renomadas é o “resultado natural de uma diferença de QI entre classes sociais”, afirma o acadêmico inglês Bruce Charlton na edição desta quinta-feira da revista especializada em educação Times Higher Education .

“O governo britânico gastou tempo e esforço em afirmar que as universidades, especialmente Oxford e Cambridge, estariam excluindo pessoas de classes sociais mais baixas e privilegiando as de classes mais altas”, disse o professor.

“No entanto, neste debate um fato vital foi esquecido: classes sociais mais altas têm uma média de QI maior do que as classes baixas”, afirmou Charlton em artigo publicado na revista.

Segundo o acadêmico, professor de psiquiatria evolutiva na Universidade de Newcastle, na Inglaterra, a dominação das classes altas é “natural” e uma questão de “mérito”.

“A distribuição desigual de classes observada em universidades renomadas, comparada com a população geral, dificilmente acontece devido a preconceito ou corrupção no processo de admissão. Ao contrário, o padrão observado é o resultado natural do mérito”, escreveu Charlton no artigo.

Críticas

A afirmação provocou reações no setor educacional no país. Em um comunicado, a União Nacional dos Estudantes (NUS, na sigla em inglês) afirmou que os argumentos de Charlton são “equivocados, irresponsáveis e insultantes”.

“Certamente a desigualdade social define a vida das pessoas antes mesmo de entrarem para a universidade, mas o setor de ensino superior não pode ser absolvido de sua responsabilidade de garantir que estudantes de todos os níveis sociais tenham a oportunidade de desenvolver seu potencial”, disse Gemma Tumelty, presidente da NUS.

Outra crítica, também publicada pela revista, foi do ministro do Ensino Superior Bill Rammell. Segundo ele, os argumentos de Bruce Charlton dão um tom de que “as pessoas devem saber seu lugar”.

“Apesar de muitos jovens pouco privilegiados conquistarem as qualificações para chegar ao ensino superior, eles ainda ficam atrás dos colegas mais privilegiados. Portanto, é vital que continuemos a preparar e apoiar os estudantes de maneira adequada para que cheguem à universidade”, disse o ministro à revista.

Robert Sternberg, diretor de artes e ciências da Universidade de Tufts, admitiu a relação entre o QI e a questão social, mas descorda da posição de Charlton.

“Certamente há uma correlação entre o QI e a classe social. Pessoas de classes mais altas têm vantagens educacionais, sociais e econômicas e as transmitem aos seus filhos”, disse ele.

Ao adotar o sistema que Charlton recomenda, afirmou, “garantimos que as classes mais altas continuarão a transmitir estas vantagens e iremos congelar aqueles de classes mais baixas”.

“Desta forma, criaremos profecias que se cumprem sozinhas”, disse Sternberg.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 22 de maio de 2008.

Pedro Vieira comenta*

A reportagem levanta uma série de argumentos sociológicos que são da alçada científica das ciências sociais.

O Espiritismo, entretanto, pode lançar nova luz aos fatos.

A desigualdade do quociente de inteligência é função exclusiva do contato social, da melhor alimentação, de melhores noites de sono, do maior tempo livre para estudo, características típicas de famílias de maior nível econômico?

Embora admita as influências do meio, estudadas pelas ciências humanas, os Espíritos, em “O Livro dos Espíritos”, dizem que as diferenças de aptidões dos homens são função primordialmente “do grau de aperfeiçoamento a que tenham chegado os Espíritos encarnados neles” (comentário do Prof. Allan Kardec à questão 805).

Isso não justifica, entretanto, as desigualdades sociais. Na questão subseqüente, lemos: “É lei da Natureza a desigualdade das condições sociais?” “Não; é obra do homem e não de Deus”.

Vemos então que qualquer esforço no sentido de buscar as verdadeiras aptidões dos Espíritos encarnados e desenvolvê-las segundo sua capacidade é justo, mas o parâmetro deve ser o do ser inteligente encarnado no homem e não meramente sua condição social, produto do homem, que pode mascarar as tendências do Espírito. Seria como se julgar uma jóia pela maior ou menor quantidade de poeira que se depositou sobre ela, em razão do local onde foi colocada pela mão de alguém.

Ao lado, entretanto, dessas considerações, o Espiritismo nos mostra o dever maior de todos nós com a Lei de Amor e de Caridade ao lado da Justiça, ou seja, com o oferecimento justo de oportunidades a todos, com o toque de amor. No comentário da questão 886 de “O Livro dos Espíritos”, o Mestre de Lyon nos diz que: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejaríamos nos fosse feito”.

Tudo isso considerado, a preocupação dos educadores seria oferecer a cada um segundo suas aptidões, com amor e interesse em seu desenvolvimento, todo o possível para que crescessem, intelectual e moralmente.

Será que é esse seu principal objetivo?"

  • Pedro Vieira é expositor e médium espírita. Colabora com o centenário Centro Espírita Cristófilos e com o Centro Espírita Léon Denis, no Rio de Janeiro, além de algumas outras casas.