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Baseado nas palavras da Bíblia, o pastor Justino Apolinário de Oliveira, 50, do Espírito Santo, defende que cada homem possa ter sete mulheres. André Luiz Rodrigues dos Santos comenta.

  • Data :26/03/2008
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Pastor do ES prega que cada homem deve ter sete mulheres

Da Redação Em São Paulo

Baseado nas palavras da Bíblia, o pastor Justino Apolinário de Oliveira, 50, que atua em Vila Nova de Colares, no Espírito Santo, defende que cada homem possa ter sete mulheres.

O pastor, que pertence à pequena igreja conhecida como Tabernáculo, cita uma passagem bíblica, do profeta Isaías, para defender a prática. Em entrevista ao jornal “A Tribuna”, Oliveira afirmou que já manteve relações extraconjugais após uma suposta revelação que lhe veio durante um sonho. “Só liguei e disse: Olha, estou vendo desse jeito, você aceita? Se aceitar, vou até seu pai para conversar com ele. E ela aceitou”, lembrou Oliveira, que vive com esta nova companheira há quase três anos após sua ex-mulher o abandonar.

Trocas

Uma dona-de-casa de 24 anos, que mora em Vila Nova de Colares e segue a doutrina da mesma igreja, admitiu que teve relações sexuais com o pastor.

Casada há sete anos e mãe de quatro filhos, ela contou à reportagem de “A Tribuna” que seu marido concordou e o pastor teria mandado duas mulheres para o companheiro dela “não ficar sozinho”.

Ela disse que dormiu na mesma cama com o pastor e sua mulher, mas que nos momentos íntimos os dois ficavam sozinhos. “Não senti prazer. Fui tudo pelo espírito. Foi de Deus”, disse a dona-de-casa.

Pela cidade, alguns fiéis discordaram da suposta troca de casais e abandonaram a igreja. Um deles foi o porteiro Carlos Robson dos Santos, 46: “Ele dizia que estava tudo na Bíblia. Falava, ainda, que os homens tinham que ter sete mulheres virgens ou viúvas”, contou.

Passagens da Bíblia

O relacionamento do homem com mais de uma mulher aparece em trechos do Velho Testamento. Mas pastores alertam que a interpretação deve levar em conta o contexto histórico e cultural das épocas.

O presidente da Associação de Pastores Evangélicos de Vitória, Abílio Rodrigues, condena a prática. “Quando se fala em sete mulheres para cada homem, no livro de Isaías, é uma profecia específica para o povo de Israel, que iria viver um tempo de guerra, em que não haveria homens para casarem com as mulheres. Não se pode firmar uma doutrina em cima disso. O apóstolo Paulo explica que o pastor tem que ser marido de uma só mulher”, afirmou.

Notícia publicada no Portal UOL , em 5 de dezembro de 2007.

André Luiz Rodrigues dos Santos comenta*

O Livro dos Espíritos – Das Leis Morais

Conhecimento das lei natural.

  1. A todos os homens facultou Deus os meios de conhecerem Sua lei?

“Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.”

Sendo orientado ao estudo, cada indivíduo deve esforçar-se para não só adquirir informações, medido pela quantidade de textos e livros lidos (e relidos), mas ter entendimento sobre elas.

Nas questões religiosas, onde o homem é movido de acordo com suas crenças e sua capacidade de interpretá-las, depara-se normalmente com passagens enigmáticas, emblemáticas, realidades histórico/culturais das mais diversas, opiniões subjetivas, etc, tudo encoberto pelo manto caloroso do “sagrado”, acrescentando um ingrediente, tido como um dos mais perigosos: a fé.

Quando se trata de valores e interesses pessoais, faz-se das informações com as quais se satisfaz uma verdade, muitas vezes sem a ousadia de questioná-las sobre sua autenticidade. Nesse ponto, “O Evangelho segundo o Espiritismo” esclarece que “Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana.”

A crença do homem na divindade foi, desde os tempos mais remotos, sustentada no medo e nos mistérios. Como conseqüência, tudo o que recebe o crédito de divino ou sagrado gera o medo. Na atualidade, quase nada se modificou.

A Bíblia é, indubitavelmente, a norteadora de um sem número de mentes que buscam a aproximação com Deus. De linguagem complexa e figurativa, deve ser estudada com profundidade e de forma irrestrita para que atinja o objetivo proposto: levar o homem ao esclarecimento e à evolução espiritual a que é destinado. Entretanto, grande parte dos fiéis que deixam conduzir seus raciocínios por textos encontra-se com pouca instrução, sendo influenciados pelas frias e taxativas letras das escrituras, lidas com temor e paixão, como que admirando a caligrafia de Deus em cada linha.

Segundo o Censo Demográfico realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano de 2000, envolvendo as características gerais da população brasileira, analisando, em especial, o aspecto religioso, observa-se que o maior grupo de fiéis de algumas escolas religiosas baseadas nas diretrizes bíblicas registra o tempo de 4 a 7 anos de instrução escolar. A relevância dessa informação está no fato de que o senso investigativo das questões religiosas nos aspectos históricos, filosóficos, culturais, científicos, sociais, além do próprio domínio da linguagem e interpretação dos textos, se depara com consideráveis obstáculos para o real entendimento da mensagem transmitida.

Outro fator a ser considerado é o requisito básico para professar uma determinada fé: conhecer os livros que contém seus fundamentos. A princípio, esse detalhe parece ser valoroso, mas vê-se mundo afora planejamentos dos mais diversos sendo elaborados para que tais livros sejam lidos em determinados prazos, sem qualquer preocupação com o entendimento do seu conteúdo. O credenciamento religioso exige apenas o contato. Dentro do próprio Espiritismo esse sistema já foi oferecido: “Leia os cinco livros da Codificação em um ano!” Conveniente, certamente, mas pouco produtivo em termos de aquisição de conhecimento.

O fervor religioso que envolve os grupos de profitentes durante leituras das escrituras sagradas, sejam de quais religiões, filosofias ou doutrinas forem, entorpece seus espíritos racionais, que devem estar alertas, prontos para a argumentação sobre os fatos e, principalmente, sobre a versão desses fatos.

Portanto, a instrução é fundamental em qualquer área da existência humana, inclusive na religiosa. O desenvolvimento intelectual permite o exercício do raciocínio claro e ilimitado, ampliando os horizontes do indivíduo e libertando-o dos dogmatismos, fantasias e medos que o encarcera na ignorância e despertando-lhe a fé raciocinada. Da mesma forma, reconhecer-se incapaz de aprofundar-se em determinada revelação vai eximi-lo do erro. Humildade, curiosidade e perseverança – princípios básicos do bom aluno.

Jesus, em uma de suas passagens esclarece: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)

*André Luiz Rodrigues dos Santos é paulista, espírita desde 1991, militar e professor. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de Atendimento Fraterno, divulgação e estudos doutrinários no meio virtual.