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  • Doação de medula une homem e família do bebê que ele salvou

Estatisticamente falando, eles eram um par improvável. Mas depois que Michael Menafee doou sua medula para o pequeno Jaxson Slade, três anos atrás, os dois criaram uma conexão que hoje vai além de sangue e osso. Marcia Leal Jek comenta.

  • Data :14/09/2017
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Robin Levinson-King

Da BBC News em Toronto

Estatisticamente falando, eles eram um par improvável. Mas depois que Michael Menafee doou sua medula para o pequeno Jaxson Slade, três anos atrás, os dois criaram uma conexão que hoje vai além de sangue e osso.

Quando Menafee chegou ao aeroporto de St John, na ilha canadense de Newfoundland, em abril, ele não sabia o que esperar. O homem de 32 anos, natural de Chicago (EUA), havia viajado mais de 4 mil km para passar a Páscoa com uma família que ele nunca havia conhecido.

Ao ser recebido por estranhos no aeroporto, porém, ele rapidamente percebeu que já era parte da família Slade.

“Eu me senti muito confortável, foi como se nos conhecêssemos há anos”, disse ele à BBC em sua casa na Guatemala, onde ele trabalha para o Corpo da Paz dos Estados Unidos.

Em 2014, Menafee doou parte de sua medula para Jaxson Slade, que foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda quando ele tinha apenas 13 meses de idade.

Apesar de o procedimento de doação ser doloroso, Menafee disse que é “viável” e que ele se recuperou em duas semanas.

Sua doação foi feita ao hospital da Universidade de Georgetown, em Washington, e Jaxson recebeu o transplante no Hospital Infantil de Toronto. Doador e receptor sequer sabiam o nome um do outro.

Menafee só soube que Jaxson havia sobrevivido ao transplante quando a mãe do menino, Melissa Slade, pediu seus contatos ao programa responsável pela doação, DKMS, em 2016. Segundo as regras de doação, os participantes precisam esperar dois anos para revelar suas identidades, e apenas se o doador concordar.

Para Melissa Slade, agradecer a Menafee foi tão importante quanto o próprio transplante no processo de cura do filho.

“Eu sou a mãe dele, mas eu não conseguia lhe dar a vida de fato. Foi Michael quem lhe deu o dom da vida”, diz a mãe. “Como você agradece a alguém por isso?”

Quando Jaxson foi diagnosticado com leucemia, em 2013, os médicos disseram que a única coisa que poderia curá-lo seria um transplante de medula. Mas, na ausência de um doador compatível em sua família, Jaxson precisou recorrer a um desconhecido.

Cerca de metade das pessoas na lista de doação não encontram um doador com compatibilidade, mas Jaxson teve sorte. Menafee havia visto um cartaz sobre doação de medula óssea na Universidade do Estado de Indiana, onde ele cursava sua graduação em Saúde Pública.

Menafee sabia quão importante é ser doador voluntário: sua mãe morreu de leucemia em 2006. Mas a maioria das pessoas que doam uma amostra de sangue não são chamadas para doar a medula, de acordo com o DKMS.

Quando Menafee ficou sabendo que havia um menino de um ano de idade precisando de sua medula no Canadá, ficou entusiasmado. Sua compatibilidade surpreendeu os médicos porque Menafee é negro e Jaxson, branco.

Os médicos medem a compatibilidade de medula óssea de acordo com proteínas chamadas de antígenos leucocitários humanos (HLA, na sigla em inglês). Com tantos marcadores HLA diferentes, pode ser especialmente difícil conseguir compatibilidade entre pessoas de raças diferentes.

“Os pacientes têm mais chances de encontrar compatibilidade com um doador da mesma origem étnica”, diz David Means, diretor de logística médica do DKMS.

Essa é uma das razões pelas quais os programas de doação estão sempre buscando diversidade entre os voluntários.

Ao descobrir que Jaxson estava vivo e saudável, Menafee diz ter sentido um alívio enorme. Sua própria mãe morreu devido a complicações resultantes de um transplante de células-tronco e ele temia que sua doação não fosse suficiente para salvar Jaxson.

Mas no final os dois eram um “par perfeito”, disse Means à BBC.

“Eu estava surpreso e grato por descobrir que eu tinha uma compatibilidade 10/10, o que é extremamente raro em raças diferentes”, diz Menafee.

Depois de os dois lados terem se comunicado regularmente por e-mail, os Slades convidaram Menafee para visitar a família em Newfoundland na Páscoa.

E fez uma festa em casa para recebê-lo. Menafee foi levado para as cidades litorâneas da região, viu icebergs e experimentou a culinária típica da parte atlântica do Canadá.

“Ele realmente se sentiu parte da família, foi uma conexão imediata”, diz Slade.

E Jaxson - que agora já tem quase cinco anos - pôde conhecer o homem que salvou sua vida, mesmo sem entender realmente como. Segurando um ursinho de pelúcia branco, Jaxson deu um abraço apertado em Menafee e sorriu, especialmente quando viu que Menafee carregava uma sacola de Mario Brothers com um presente para ele.

Agora, seu câncer está em remissão e há uma chance muito pequena de voltar, diz Slade.

“Você jamais imaginaria isso ao vê-lo hoje. Ele é uma bola de energia que não para nunca”.

Menafee e a família Slade não sabiam da existência um do outro até o ano passado e agora eles se falam toda semana. Quando Menafee deixou Newfoundland depois do feriado, ele prometeu voltar.

“Isso não é um adeus, é um até logo”, disse.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 15 de junho de 2017.

Marcia Leal Jek* comenta

O livro “O Espiritismo em sua Expressão mais Simples” esclarece-nos que em cada existência corpórea o Espírito deve cumprir uma missão proporcional a seu desenvolvimento; quanto mais ela for rude e laboriosa, maior seu mérito em cumpri-la. Cada existência é, assim, uma prova que o aproxima do alvo. O número de suas existências é indeterminado. Depende da vontade do Espírito, quer dizer, da nossa vontade, de abreviá-las, trabalhando ativamente em seu aperfeiçoamento moral.

Contudo, todas as coisas que vivemos hoje são resultado de nossas escolhas e ações no passado e na existência atual. Para alcançarmos uma vida melhor é necessário esforço para vencer as dificuldades e resignação nas lutas que a vida nos impõe.

A nossa missão maior neste mundo é trabalhar pelo nosso próprio aperfeiçoamento moral. Este trabalho se dá à medida que vamos identificando em nós imperfeições e más inclinações e vamos trabalhando para superá-las, iluminados pela luz dos ensinamentos de Jesus.

Somos favoráveis pela doação de órgãos. Não há maior dádiva do que vai oferecer algo que não é mais útil e que vai salvar uma vida.

Perguntaram a Chico Xavier se os espíritos consideram os transplantes de órgãos prática contrária às leis naturais e Chico respondeu: “Não, eles dizem que assim como nós aproveitamos uma peça de roupa que não tem utilidade para determinado amigo e esse amigo, considerando a nossa penúria material, nos cede essa peça de roupa, é muito natural, aos nos desvencilharmos do corpo físico, tenhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados dele, que possam utilizá-los com segurança e proveito.”

Todos podemos doar órgãos. A extração de um órgão não produz reflexos traumatizantes no perispírito do doador. O que lesa o perispírito, que é o nosso corpo espiritual, são as atitudes incorretas perpetradas pelo indivíduo, e não o que é feito a ele ou ao seu corpo por outras pessoas.

“Em princípio, a doação de órgãos é ato sublime, que denota clara evolução espiritual. Assim, para quem a faz movido pela compaixão, pelo puro desejo de ajudar seu semelhante, a remoção em nada lhe afetará, colhendo a alegria de quem faz o bem.” (1)

O Evangelho de Jesus dá a base para a verdadeira caridade e amplia o conceito de amor ao próximo, conforme foi feito por Menafee.

A vida compõe-se de mil desafios, e bem vivê-los é treinamento difícil, mas a cada dia estamos tentando a fim de aprendermos a nos instruir nesse complicado ofício. Não é raro pensarmos que os sofrimentos, as decepções, as experiências sofridas, são as que nos derrotam e abatem. Esquecemos que é justamente o contrário. A Doutrina Espírita nos esclarece que essas experiências, muitas vezes sofridas e complicadas, são exercícios diários de enriquecimento e aprendizado. Oportunidades abençoadas de nos reequilibrarmos perante as Leis de Deus, que são de Amor, Equilíbrio e Harmonia.

Deus é dentro de nós, e nos deu o livre-arbítrio para que tenhamos o poder de decisão.

Bibliografia:

(1) “Descobrindo o Espiritismo” - Zalmino Zimmermann - Editora Allan Kardec.

  • Marcia Leal Jek é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.