por Diogo Camilo
Antoine Sassine diz ter visto o pai, que havia morrido quatro anos antes, durante as três semanas em que esteve em coma induzido. O urologista de 58 anos vai agora recuperar da doenças a partir de casa.
** ** Depois de três semanas em coma devido à Covid-19, Antoine Sassine pensava que nunca mais ia acordar. “Vi o meu fim”, diz à Reuters, confessando que julgava que ia morrer.
O urologista belga de 58 anos foi infetado, assim como toda a sua equipa médica, no mesmo hospital onde ficou internado, o Delta Chirec, e chegou à unidade de cuidados intensivos depois dos sintomas se terem agravado.
Em coma induzido durante três semanas, disse ter visto o pai, que havia morrido quatro anos antes. “Falei com ele”, conta, descrevendo a experiência como “incrível”.
“A minha maior alegria foi acordar e ver as caras dos meus amigos, foi indescritível”.
Retirado dos mesmos cuidados intensivos do hospital onde trabalha, Antoine espera agora abraçar a família, que não vê desde que foi diagnosticado com o novo coronavírus, e recuperar da doença em casa.
A Covid-19 já fez mais de cinco mil mortes na Bélgica, com mais de 38 mil casos confirmados da doença no país.
Notícia publicada na Sabado.pt , em 19 de abril de 2020
Fenômenos como esse ocorrido com o médico belga, Antoine Sassine, são registrado desde a antiguidade, como é o caso do famoso mito de Er, narrado na República de Platão, no seu livro X. Descrita de maneira mitológica, Platão narra a morte aparente do guerreiro Er e sua peregrinação pelo mundo espiritual até o seu retorno e despertar no seu corpo.
Sabiamente, Allan Kardec investiga esses fenômenos desde o Livro dos Espíritos. Ocorrências como essa, sofrida pelo médico belga, o mestre lionês classificou como os fenômenos emancipatórios da alma. Ou seja, um conjunto de eventos que retira a alma do corpo momentaneamente. Como sono, um problema de saúde, um transe mediúnico ou anímico e etc.
A título de exemplo, vejamos o que os espíritos superiores respondem a Allan Kardec sobre no caso da letargia, na questão 423 de O Livro dos Espíritos:
Na letargia, pode o Espírito separar-se inteiramente do corpo, de modo a imprimir-lhe todas as aparências da morte e voltar depois a habitá-lo?
“Na letargia, o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, como na crisálida, porém não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desagregação dos órgãos, os laços que prendem um ao outro, integral se torna a separação e o Espírito não volta mais ao seu envoltório. Desde que um homem, aparentemente morto, volve à vida, é que não era completa a morte.”*
Muitos cientistas têm investigados fenômenos análogos a esse, como é o caso do psiquiatra estadunidense Raymond Moody Jr. e a psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross. Ambos investigaram o fenômeno chamado EQM, ou seja, experiência de quase morte. Nesse caso, a alma alcançando um estágio próximo da morte, devido ao problema grave com seu corpo, que coloca a sua vida em risco, se emancipa e após a recuperação do corpo retorna conservando muitas das lembranças. Não rara vezes, relatando questões que ocorreram na sala médica ou na cercanias do hospital, como no caso de acidentes de carro ou procedimentos médicos realizados em outras salas, mesmo em estado grave, em que a área cerebral da consciência está comprometida. Mesmo assim, as descrições são incrivelmente precisas.
Como vemos, a alma, ou seja, o espírito encarnado, desafia a ciência a cada dia, sobre a sua realidade ,independência e sobrevivência ao corpo.