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  • Sem-teto passa em universidade pública e ganha apoio para não desistir do sonho

Estudando sozinho e vencendo a luta contra o crack, o sem-teto Valdemir Bispo de Jesus, 38 anos, passou em Letras na universidade pública Unb – Universidade de Brasília. Hoje, Valdemir está acolhido em uma casa de passagem em Taguatinga Norte (DF), pelo Instituto Inclusão, onde o sonho de ser professor e ajudar outras pessoas só cresce. “Eu cresci lendo e fazendo poesias. Com o suporte da equipe do Instituto, consegui me inscrever para o vestibular na última hora. Eles acreditaram no meu sonho. Estou muito emocionado com todo esse apoio”. Alessandra Belo comenta

  • Data :27/06/2022
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Estudando sozinho e vencendo a luta contra o crack, o sem-teto Valdemir Bispo de Jesus, 38 anos, passou em Letras na universidade pública Unb – Universidade de Brasília.

Hoje, Valdemir está acolhido em uma casa de passagem em Taguatinga Norte (DF), pelo Instituto Inclusão, onde o sonho de ser professor e ajudar outras pessoas só cresce. “Eu cresci lendo e fazendo poesias. Com o suporte da equipe do Instituto, consegui me inscrever para o vestibular na última hora. Eles acreditaram no meu sonho. Estou muito emocionado com todo esse apoio”, disse o mais novo universitário ao Só Vaquinha Boa/ Só Notícia Boa.

Agora ele precisa de ajuda financeira para não perder a grande chance de mudar de vida. Para apoiá-lo nesse início das aulas com custos do transporte e alimentação, você pode contribuir pelo PIX: sem-teto-faculdade@sovaquinhaboa.com.br .

Paixão pela leitura e luta contra o crack

Foi a paixão pela leitura e pela escrita que fez o baiano, nascido em Itaberaba, não desistir de tudo. Ele passou a conhecer pessoalmente grandes nomes da literatura brasiliense e a divulgar vários poemas de autoria própria até que, por volta de 2012, conheceu o crack. “Passei por esse pesadelo”, disse.

Foram nessas idas e vindas com o crack que Valdemir conheceu o Instituto Inclusão, que ajuda no encaminhamento de pessoas para casas de passagem mantidas pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).

Com o apoio da equipe, ele contou do sonho de cursar uma universidade e fez a inscrição no final de 2021 para o vestibular.

Apoio financeiro para início das aulas

Por isso, em conjunto com o Instituto que o acolheu, estamos com a vaquinha para ajudá-lo com os custos do estudo. As aulas têm início no próximo semestre e Valdemir não tem nem roupa para poder ir às aulas.

Com a vaquinha, poderemos garantir o transporte, alimentação, além de roupas e um celular simples para que ele possa acompanhar os materiais e informações da universidade.

“Valdemir vai precisar pegar ônibus todos os dias e pelo menos um celular para acompanhar as aulas. Ele está muito empolgado para o início das aulas”, disse a psicóloga do Instituto, Aline de Sousa Ferreira, que tem dado todo o suporte para que a ajude chegue até o Valdemir.

Todo o esforço valeu a pena. A aprovação para Língua Portuguesa e Respectivas Literaturas veio.

Notícia publicada no sonoticiaboa , em 25 de Maio de 2022



Alessandra Belo comenta*


A reportagem acima nos mostra o poder da vontade e da solidariedade ao relatar o caso de Valdemir, um homem que sem casa e superando um grande vício como o crack, transformou de maneira completa sua própria vida ao conseguir entrar para uma universidade pública.

Em um primeiro momento, a história de Valdemir, sob a luz dos ensinamentos espíritas, nos faz lembrar do poder da vontade que pode comandar o livre-arbítrio dos seres humanos encarnados, como bem nos sugerem os espíritos diversas vezes em o Livro dos Espíritos. Se podemos usar o livre-arbítrio para nos arrastar às más inclinações típicas de um mundo de provas e expiações como a terra, também podemos nos desembaraçar delas pela vontade de progredir e, igualmente, pelo uso do livre-arbítrio. Segundo os espíritos, não há “arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder” (item 845 do Livro dos Espíritos).

O espírito de Emmanuel também nos convida ao bom uso da vontade quando afirmou no “Livro da Esperança” (psicografia de Chico Xavier) que “errados ou inibidos, deficientes ou ignorantes, rebeldes ou faltosos, é necessário aceitar a nós mesmos, tais quais somos, sem acalentar ilusões a nosso respeito, mas conscientes de que a nossa recuperação, melhoria, educação e utilidade no bem dos semelhantes, na sustentação do bem de nós mesmos, podem principiar, desde hoje, se nós quisermos, porquanto é da Lei que a nossa vontade, intimamente livre, disponha de ensejos para renovar o destino, todos os dias”. Este parece ser o caso de Valdemir, que “caiu em si” e remodelou completamente sua existência nos oferecendo um exemplo de coragem e transformação.

Com efeito, se a vontade e o uso disciplinado dela podem operar mudanças significativas, sabemos que sem a lei de cooperação tudo ficaria mais difícil. Nesse sentido, a história de Valdemir também lança luz sobre a importância do trabalho coletivo que enseja a caridade, a solidariedade e fraternidade. Ajudado por uma instituição que se consagrou a auxiliar “os excluídos do mundo”, Valdemir conseguiu as condições materiais para mudar de vida.

Assim, lembramos do item 662 de o Livro dos Espíritos quando Allan Kardec (comentando a resposta dos espíritos) nos informa que “o pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal. A prece que façamos por outrem é um ato dessa vontade”. Nesse item, podemos entender que a prece, além do seu sentido literal de “oração”, são as boas ações que praticamos em auxílio da transformação do outro.

Dessa forma, o relato de caso do vitorioso Valdemir é também um convite à pratica da caridade, pois como bem afirmou o espírito de Joanna de Ângelis, no livro As leis morais da vida (psicografia de Divaldo Franco), “na Terra, a felicidade somente é possível quando alguém se esquece de si mesmo para pensar e fazer tudo que lhe seja possível em favor do seu próximo. A felicidade perfeita, se existisse, no mundo, se diluiria ante uma criança infeliz, um enfermo ao abandono, um velhinho relegado ao esquecimento”.

*Alessandra Belo é colaboradora do Espiritismo.net, pós-graduada e professora de História da Rede Municipal de Praia Grande, em SP.