O amado Rabi da Galileia, ao acercar-se da multidão, à beira do lago, entrou no barco e começou a falar-lhes em parábolas. Neste momento, descrito no Evangelho de Mateus, no capítulo 13, o Mestre Jesus conta a Parábola do Semeador e, ao finalizá-la, dizendo “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça., vê os discípulos aproximarem-se e lhe questionarem o motivo pelo qual falava nesta linguagem.
Nenhuma fala do Mestre se dava ao acaso. A perfeição de suas colocações era o fruto que revelava a Árvore. Na Parábola, o Senhor faz uso de ações cotidianas e familiares para aqueles Espíritos (encarnados e desencarnados) que ali se encontravam para ouvi-lo. Por meio delas, demonstraria as possíveis diferentes reações de uma mesma ação, a depender das circunstâncias.
As sementes espalhadas pelo Semeador caem em diversos locais e as qualidades do solo ditam seus futuros. Isso, apenas, porém, para aquelas que não foram comidas rapidamente pelas aves. No solo pedregoso e raso, a semente nasceu, mas logo secou-se pelo calor do sol. Já no solo que continha espinhos, eles a sufocaram. No entanto, no solo fértil, deu fruto que se reproduziu em efeitos multiplicadores, pois que, em cada semente, outras dezenas eram geradas.
Em nosso humilde e restrito ponto de vista, entendemos que o Semeador é o próprio Jesus, ou qualquer outro Espírito que venha em seu nome, isto é, em nome do Amor. A terra na qual as sementes são lançadas representa o nosso coração. Nele estão os nossos tesouros: os sentimentos!
O exemplo do Caminho e da Vida é a semente amorosa lançada em todos os corações terrenos, pois “Só a luz do amor divino é bastante forte para converter uma alma à Verdade”. Pergunta, então, você, por que esta força tão grande e única não conseguiu mover as pedras e os espinhos para frutificar?
Acontece que esta força somente atua quando uma outra é previamente existente, a força da Vontade. O solo que é preenchido da Vontade direcionada para produzir o bem, dá vida a força do amor dentro de si e esta semente se reproduz de tal forma em pensamentos, ações e hábitos que quem seria capaz de dizer quantos outros frutos uma única semente poderia gerar?
O Filho do Altíssimo havia vindo para cumprir a lei e a lei, para os hebreus, era a lei e os profetas, a Torah escrita por Moisés e as escrituras sagradas dos profetas. Dentre eles, estava o inspirado Isaías profetizando que “Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis”. Sendo assim, ainda que o Cristo tornasse a linguagem acessível, somente aqueles que tivessem desenvolvido suficientemente em sabedoria e amor poderiam compreendê-la em profundidade.
Nesse sentido, podemos depreender que quando Nosso Senhor Jesus terminava as suas belíssimas e suaves falas com a advertência “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”, era então aos discípulos a quem Ele se dirigia. Não somente aos doze discípulos, mas a qualquer Espírito que de coração aberto já estaria sequioso de segui-Lo e pronto para penetrar em seus mais profundos sentimentos e pensamentos para torná-los, assim como Ele, em Luz.
Portanto, quem tem olhos de ver, que veja.
REFERÊNCIAS
XAVIER, Francisco Cândido. Capítulo 7: A luta contra o mal. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 37. ed. – 10. imp. Brasília: FEB, 2018.