Ocorrido há algum tempo, o desmoronamento de três edifícios na Cinelândia, no Rio de Janeiro, além de susto e tristeza, nos obrigou a refletir sobre a morte. De um segundo para o outro, prédios que as décadas asseguravam, romperam-se qual composições de cartas de baralho que mãos distraídas tentam edificar. A perplexidade tomou conta de todos: “como? Por que? Não é possível!” Em meio aos escombros, pessoas de várias idades, de todos os tipos e profissões, reunidas ali para um mesmo desfecho da existência. Entre elas uma jovem de 28 anos, que dias antes deixou para a mãe um recado gravado em mensagem do celular, que dizia, “Mãe, fique comigo, não morra!”
A morte do corpo físico é para todos! Ninguém fugirá desta realidade. O que nos desafia é o que existe após a morte. “Ou será que existe algo?” Interrogam os materialistas. Com o Espiritismo, temos a consoladora certeza de que somos Espíritos imortais e de que voltamos à Terra, periodicamente, para o aprimoramento que se faz indispensável à evolução integral a que somos destinados. Nossa Pátria de origem é a espiritual e permanecemos ali nos intervalos entre as reencarnações. Quando nos despimos da incredulidade, percebemos que todos trazemos para cada vivência física a intuição da nossa imortalidade e a notícia de que existe vida após a morte do corpo físico. Em grande parte dos graves acidentes, vítimas deixam um sinal ou outro que nos diz: “ele sabia”. O recado deixado no celular da mãe, pela jovem que desencarnou, revela o pressentimento de uma separação. Era o que a vida no Mundo Espiritual lhe dera a conhecer, antes de sua encarnação.
A maior mensagem de Jesus foi desta realidade. Mostrou-se vivo após sua dolorosa crucificação, para que fosse apagado o medo da morte e passássemos a dar primazia à responsabilidade de melhoria espiritual. Mas, não. Os homens preferem taxar de milagre exclusivo tal ensinamento e a preciosa lição deixou de render os frutos a que se destinava.
O materialismo exacerbado, fruto das teorias incipientes e inócuas das religiões dogmáticas, manteve no homem, inclusive no do terceiro milênio, o pânico da morte, o que concorre para a cristalização da ignorância sobre as razões da vida na Terra, cegando-o para os valores eternos, fixando-o na busca dos tesouros que a traça corrói, a ferrugem consome e o ladrão rouba.
A revista Veja, na edição de 15 de fevereiro de 2012, em uma matéria intitulada “Cérebro, por que a ideia de vida após a morte, não morre?” manteve o já ultrapassado conceito de que “Nunca ninguém voltou do lado de lá para dizer que existe vida após a morte…” como nunca ninguém voltou? A história da Humanidade, em todos os tempos, está apinhada de avisos, alertas, assertivas e situações que, no mínimo, merecem respeito e estudo. Como ignorar a vida do Chico Xavier? Fingir que ele não existiu e de que nunca trouxe mensagens de um Mundo que é Espiritual e que jamais foram desmentidas? O orgulho e o preconceito, pilares do materialismo, são peças poderosas nesta esteira de desinformações que nos confundem a caminhada, fomentando misérias de todos os matizes, comprometendo-nos ante a Lei de Causa e Efeito.
Felizmente, a Ciência já tem um braço que envolve o estudo das leis espirituais, quando profissionais competentes e dedicados esforçam-se em pesquisas reveladoras que falam da vida após a morte, considerando situações que, até bem pouco tempo, passariam em branco, sufocadas por interesses imediatistas e utilitários, aprisionando o homem entre o berço e o túmulo, cegos de pavor.
Quanto a nós, simples mortais e espíritas, cumpre-nos o esforço individual de estudarmos a morte, refletirmos sobre ela, prepararmo-nos para ela, sustentados pelos estudos lógicos e lúcidos do Espiritismo, que nos ajudam a ter “olhos de ver e ouvidos de ouvir”.
Assim agindo, receberemos a morte sem medo e como ela é: natural. E entenderemos porque o Apóstolo Paulo indagou com segurança, “Morte, ó morte?! Onde está o teu aguilhão?!”