Carregando...

  • Início
  • Ex-primeiro-ministro do Butao veio ao Brasil para falar sobre as lições do país da felicidade

Ex-primeiro-ministro do Butão, Thsering Tobgay esteve no Brasil para participar do encontro ‘As lições do país da felicidade para as lideranças brasileiras’. Neste episódio do CBN Especial, Cássia Godoy traz os detalhes da entrevista com Tobay em sua visita ao país. Elaine Bayma comenta.

  • Data :16/01/2024
  • Categoria :

Ouça a entrevista do Ex-primeiro-ministro do Butão no link abaixo:


Link da página.
Ex-primeiro-ministro do Butão veio ao Brasil para falar sobre as lições do país da felicidade

Elaine Bayma* comenta

“Bem-aventurados os que choram porque serão consolados; Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados.

Encontramos estas máximas de Jesus no Evangelho de Mateus, capítulo V, v.4 a 6 e O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, intitula seu capítulo V como Bem-aventurados os aflitos. Este capítulo aborda as dores e os sofrimentos dos seres encarnados na Terra, com ênfase na justiça das aflições que tanto podem ter origem na vida presente como em existências pregressas.

São de vários tipos as vicissitudes que o ser humano experimenta em suas encarnações, sejam causadas por enfermidades e doenças, por perda de seres amados, por problemas ligados à saúde mental ou emocional, ou ainda por dores morais, o que nos leva a concluir que apenas podemos ter momentos felizes e que não é possível ser plenamente feliz neste mundo de provas e expiações. Conclusão essa que se baseia no item 20 do capítulo citado – A felicidade não é deste mundo –, como expôs o Cardeal Morlot, na Paris de 1863.

No entanto, Jesus nos diz que os que choram são felizes, assim como os famintos e sequiosos de justiça (todas as bem-aventuranças estão no cap. V de Mateus, v.3-11). Mas como se pode ser feliz sofrendo? É que o Mestre da Galileia promete a felicidade para os que creem na vida futura.

E o que dizer de um lugar aqui no planeta em que as pessoas são pobres mas felizes? Falamos de uma felicidade coletiva, em que os governantes garantem os direitos básicos da população e os habitantes têm acesso à educação e à saúde de forma totalmente gratuita, incluindo consultas, tratamentos e medicamentos; em que há pessoas profundamente felizes e extremamente felizes. Com certeza se trata de algum seriado de televisão ou novela, certamente é ficção. Não, não é.

Este lugar existe, é um pequeno país, o Butão, conhecido como o “país da felicidade” e o seu ex-primeiro-ministro, Tshering Tobgay, esteve no Brasil para falar sobre as lições da felicidade às lideranças brasileiras no mundo corporativo, como está reportado na matéria da rádio CBN. Parece que toda regra tem mesmo exceção, que o diga o Butão, um país de cerca de um milhão de habitantes, situado entre a China e a Índia, no continente asiático.

Neste país, ao invés de se dar tanta importância ao Produto Interno Bruto, como é habitual na maioria das nações, se prioriza o Índice de Felicidade Bruta, que é a aferição do bem-estar da população. No Butão, a felicidade é política de estado. A cada cinco anos, se faz nova pesquisa sobre itens como saúde, educação, padrão de vida, e são computados os que são felizes e principalmente os que ainda não são felizes.

Então o Butão vem contradizer o pensamento dos que acreditam ser a felicidade uma utopia? Talvez… No entanto, a maioria dos habitantes do planeta parece correr atrás da felicidade sem encontrá-la. Mas temos de levar em conta que a felicidade é um conceito subjetivo. Grande parte dos seres humanos creem que ser feliz é ter sucesso material, é amealhar bens, recursos amoedados. E, quando não conseguem, se frustram e se sentem muito infelizes.

Lembramos a passagem do mancebo rico, que indaga a Jesus o que deveria fazer para ter a vida eterna e Jesus responde: “Vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Vem e segue-me” (ESE, cap. XVI, Não se pode servir a Deus e a Mamon). Mas o jovem não estava preparado para se desfazer de seus inúmeros bens. Entretanto, essa resposta do Mestre não sugere que tenhamos que abandonar tudo quanto possuímos e viver em penúria, apenas mostra que o apego aos bens terrenos é obstáculo à entrada no Reino dos Céus ou à salvação.

Contudo, os seres humanos da Terra ainda valorizam muito os bens materiais, embora os ensinos de Jesus sejam voltados a dar importância aos bens imperecíveis — o desenvolvimento das virtudes, estas, sim, o passaporte para a entrada no Reino de Deus.

Pela ótica espírita, se um aspecto da busca da verdadeira felicidade vai na contramão do apego aos bens materiais, há também as dores e aflições que topamos em nossa jornada terrena e que temos de enfrentar, como por exemplo as dores decorrentes da perda de seres amados e das enfermidades que tanto nos afligem. Como resistir a tudo isso?

O espírito Lacordaire esclarece que “poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus” (ESE, cap.V, item 18). A conclusão é que sim, são felizes os aflitos que são resignados, pois a máxima de Jesus é bem explicada pelo mesmo Lacordaire: “Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra.”

Por outro lado, se queremos ser felizes na existência presente devemos lembrar que a felicidade é decorrente principalmente de nossos atos e atitudes na interação com nossos semelhantes. Relembramos aqui o que o espírito Hammed nos diz a respeito: “Felicidade não é simplesmente a realização de todos os nossos desejos, é a noção de que podemos nos satisfazer com nossas reais possibilidades(…) Para ser feliz basta entender que a felicidade alheia é também a nossa felicidade, pois somos todos filhos de Deus” (livro Renovando atitudes, psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto).

No entanto, se os governantes dos países de nosso globo fizerem a parte que lhes cabe neste mundo material, ainda que de provas e expiações, priorizando o acesso das populações à saúde, à educação, à moradia, ou seja, aos itens básicos que podem garantir o bem-estar dos habitantes, grande passo será dado rumo à felicidade, como exemplifica o Butão.
Paralelamente a isso, o que nos cabe, enquanto seres encarnados, é priorizar os valores significativos aos espíritos imortais que somos em uma experiência terrena. Se este for o nosso foco, quem sabe já possamos ser um pouco felizes…

Elaine Bayma é espírita e colaboradora do Espiritismo.net.