“As pequenas coisas às vezes fazem toda a diferença - especialmente se é algo importante para alguém que é importante para você”, conta o diretor do vídeo
Por Da Redação
Atualmente, os jovens colecionam aplicativos, pokémons e likes em redes sociais. Os adultos ambicionam grandes planos. Não sobra tempo para as pequenas coisas.
A agenda é tão cheia que não resta um curto espaço de tempo para viajar um pouco no final de semana. É raro pessoas que ainda se apegam a prazeres simples, como completar um álbum de figurinhas, por exemplo.
Pensando em tudo isso, este comercial criado pela J. Walter Thompson inglesa para o banco HSBC mostra de modo singelo onde as coisas belas da vida residem.
A peça começa com um idoso na porta de casa ligando o rádio. Nele, toca uma antiga música americana, I’ve got my mind set on you. Tudo pacato, em uma rua que podia ser em qualquer lugar do planeta.
Eis que surge correndo a pequena protagonista. Uma menina por volta dos seus 12 anos que só quer saber de completar seu álbum de figurinhas com seu grande ídolo, o fictício jogador de futebol Pegatina Zumo.
Ela tenta de tudo, pede para amigos e seus pais, mas não consegue de forma alguma. O card está caríssimo e não há possibilidade deles comprarem.
A mãe, aflita, pensa numa forma de contornar a situação. Ao usar o aplicativo de internet banking e orçar maneiras de chegar até o jogador, a mãe tem uma ideia.
Em um dia ensolarado, ela e a filha entram em ônibus em direção ao litoral. Mais do que um passeio na praia, a mãe a levaria até a casa do tão procurado Zumo.
Elas batem na porta. Ele abre e a filha não se aguenta de felicidade quando o vê. Finalmente ela encontra o jogador. Para perpetuar o momento de alegria, a menina tira uma foto ao lado dele, cola em seu álbum e volta para casa em júbilo.
“As pequenas coisas às vezes fazem toda a diferença – especialmente se é algo importante para alguém que é importante para você. Este trabalho enfatiza quão grande pode ser o efeito de algo simples “, comentou Russell Ramsey, diretor executivo de criação da J. Walter Thompson Londres.
Matéria publicada na Revista Exame , 25 de agosto de 2016.
Sergio Rodrigues* comenta
Logo na primeira questão da parte 4ª de O Livro dos Espíritos, no capítulo que trata das penas e gozos terrestres, respondendo à pergunta de Allan Kardec, os Espíritos explicam que a completa felicidade na Terra não é possível, dado à natureza do planeta, que tem como destinação possibilitar aos espíritos se submeterem a provas e expiações que apenas na vida corporal podem ser experimentadas.
No entanto, essa realidade é conhecida e compreendida por bem poucos, pois a grande maioria ainda vê a vida na Terra como uma oportunidade de gozos materiais e que deve ser “aproveitada” ao máximo nesse sentido. E para aproveitá-la, necessários são a conquista e o acúmulo de maior quantidade de bens possível. A busca pelos gozos materiais torna-se o objetivo único dessa existência, ficando as questões espirituais relegadas a segundo plano ou a plano nenhum. Poucos são os que se satisfazem com pouco e que se dedicam à busca de seu aprimoramento moral, real objetivo dessa viagem do espírito à Terra. No entanto, a felicidade possível dispensa a conquista e o acúmulo de bens materiais. Ensinam os Espíritos que, em termos materiais, a felicidade se obtém com o necessário e, no campo da moral, ter a consciência tranquila e a fé no futuro.
A criança, na sua inocência de um espírito que está retornando ao corpo e ainda não pode dispor plenamente de todas as suas faculdades, dá um exemplo a todos nós, adultos, de como as coisas mais simples podem ser o bastante para nos fazer felizes. É essa a mensagem que a matéria tenta nos passar. Na maioria das vezes, a nossa vida é ocupada com compromissos profissionais, ligados em redes sociais, muitas vezes com conteúdo desimportante, com obrigações desnecessárias que criamos e que depois temos dificuldades de atender, enfim, nos apegamos em excesso a circunstâncias e coisas que deveríamos primeiro avaliar se nos trazem realmente um resultado positivo para o nosso crescimento, antes de a elas nos apegarmos.
A menina mencionada na matéria mostra como prazeres simples podem nos fazer felizes sem a necessidade de buscarmos algo materialmente mais valioso. Completar um álbum de figurinhas é algo, para a grande maioria, supérfluo, que não merece a nossa atenção nem que nos desviemos dos objetivos que equivocamente consideramos importantes. Para essa menina, contudo, era o que importava naquele momento e o que bastava para fazê-la feliz. Algo não tão difícil de ser alcançado, simples e que, uma vez conseguido, fez a diferença em sua vida.
Outra lição importante que a matéria nos traz é a demonstração de que, mesmo as coisas simples, muitas das vezes, têm um custo para serem conseguidas e devemos persegui-las com perseverança. A figurinha que completaria o álbum não foi facilmente encontrada e exigiu da menina persistência na sua busca até consegui-la. Ela pediu a amigos, pensou em comprá-la, mas o preço estava acima das possibilidades da família, enfim, buscou seu objetivo com os meios de que dispunha. O amor de mãe, contudo, engendrou a solução da ida ao encontro do jogador de futebol retratado na figurinha e por quem a menina nutria grande admiração. Somente assim, contando também com a simpatia e humildade desse jogador, que, sem assumir o papel de “estrela”, como fazem muitos que ganham notoriedade com seus talentos, deixou-se fotografar e fez a menina feliz.
Portanto, a matéria traz várias lições, como a persistência que devemos ter na busca de nossos objetivos, o amor da mãe, que se sacrificou para fazer a filha feliz, a humildade e humanidade do ídolo citado, que atendeu o desejo da menina. Mas a lição maior que fica é que as coisas mais simples podem fazer a diferença em nossa vida, trazendo-nos a felicidade possível de ser gozada na Terra, sem a necessidade da busca insensata de bens materiais.
*Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.