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  • Bebê é resgatado por policiais após ser enterrado vivo no MT

Na delegacia, a bisavó da criança disse que enterrou o bebê por acreditar que ela estava morta, já que ao cortar seu cordão umbilical não ouviu choro e tampouco percebeu algum tipo reação. Glória Alves comenta.

  • Data :23/07/2018
  • Categoria :

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL

Uma índia recém-nascida foi resgatada após ser enterrada viva no quintal de casa pela própria bisavó, em Canarana, a 838 km de Cuiabá, no Mato Grosso. Em relato ao UOL , a Polícia Militar informou que a menina, que pertence à tribo Tamayura, ficou sete horas debaixo da terra até ser encontrada. A mãe da criança foi liberada, já a bisavó está presa.

O bebê foi encaminhado, nesta terça-feira (5), para o Hospital Regional de Água Boa, com suspeita de duas fraturas no crânio. Já nesta quarta (6), segundo os médicos da unidade de saúde, a menina apresentou insuficiência respiratória. Ela, no entanto, não corre risco de morrer.

Na delegacia, a bisavó da criança disse que enterrou o bebê por acreditar que ela estava morta, já que ao cortar seu cordão umbilical não ouviu choro e tampouco percebeu algum tipo reação. Segundo a Polícia Civil, a índia afirmou que é costume da tribo enterrar parentes mortos sem avisar à polícia ou qualquer autoridade.

O resgate da recém-nascida, realizado após denúncia anônima, foi filmado pelos próprios policiais militares. Enquanto tentava cavar a terra para retirar a criança, um dos agentes pedia cuidado.

“Não puxa muito não. Chama a ambulância, liga pro hospital. Ela está chorando”, disse um major. A bebê foi enterrada viva por volta das 14h e salva às 21h. Aos policiais, a avó disse que a criança teria nascido morta, de um parto prematuro. Mas segundo avaliação médica, a criança não é prematura, e sim, de uma gestação normal.

Ao UOL , a Polícia Militar disse que uma denúncia anônima levou as autoridades ao local. O relato era que uma criança havia nascido morta e enterrada no quintal da casa.

“Não dá para descrever a sensação ao começar cavar e ouvir o choro da criança. Deu um desespero para cavar ainda mais depressa, com as mãos, com cuidado. A bebezinha é tão pequenina, coube nas duas mãos. Tantas horas depois de enterrada, é um milagre”, relatou o major João Paulo Bezerra do Nascimento, comandante da 5º Companhia, a reportagem.

A bisavó da criança, Kutz Amin, 57, foi presa e está em poder da Polícia Civil, pontuou o major. A mãe, identificada como M.P.T., 15, prestou depoimento, passou por avaliação médica e foi liberada. O pai do bebê, K.K, de idade não-revelada, também é suspeito de participação no crime. Segundo a PM, ele não teria assumido a paternidade e já estaria morando em outra aldeia com outra índia.

“A mãe e a avó do bebê contaram que a jovem sentiu fortes dores (contrações) e foi ao banheiro sozinha, momento em que deu a luz à menina. Ao nascer, a criança teria batido a cabeça no vaso sanitário, ocasionando sangramento”, disse o delegado Deuel Paixão de Santana. Segundo ele, foi a bisavó da criança quem cortou o cordão umbilical do bebê e enterrou a recém-nascida.

Notícia publicada no BOL Notícias , em 6 de junho de 2018.

Glória Alves* comenta

“Eles deixaram o costume deles falar mais alto e enterraram a criança por acreditaram que estivesse morta.”

Não nos cabe em nosso comentário julgar e condenar quem quer que seja nesse caso. O fato ocorrido em Mato Grosso é oportuno para relembrarmos, sob a luz da Doutrina Espírita, a Lei de Deus: Lei de Justiça, Amor e Caridade.

O caso ocorreu em uma comunidade indígena, a criança sobreviveu, aliás sobrevive, ainda inspirando cuidados, internada na UTI da Santa Casa de Misericórdia, de Cuiabá, o que sabemos até agora. E a pergunta que muita gente faz: como é que a bebê conseguiu sobreviver enterrada 7 horas, segundo o relato dos policiais? Para muitos trata-se de um verdadeiro milagre.

“Eu imagino que na hora que fizeram o buraco e enterraram ela deve ter ficado alguma câmara de ar. Eu não acredito que ela tenha sobrevivido este tempo todo sem oxigênio, por isso eu acho que deve ter ficado algum buraquinho ali, eu imagino isso, fora isso só milagre mesmo”, disse o médico pediatra Euze Marcio Souza Carvalho.(1) “Não! milagres não há no sentido que comumente emprestam a essa palavra, porque tudo decorre das leis eternas da criação, leis essas perfeitas.”(2)

Esse fato, nos remete a seguinte questão: temos um dia marcado para a nossa volta ao Mundo dos Espíritos? Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, o Insigne Codificador da Doutrina Espírita, examinando a fatalidade, perguntou aos Espíritos Benfeitores da Humanidade: “qualquer que seja o perigo que nos ameace, não morreremos, se não tiver chegado a hora?”

E eles responderam: “Não, não perecerás e disso tens milhares de exemplos; porém, quando chegar tua hora de partir, nada poderá impedi-lo. Deus sabe, antecipadamente, por que gênero de morte partirás daqui e, com frequência, teu espírito também o sabe, pois isto lhe foi revelado, quando fez a escolha dessa ou daquela existência.”(3) “No verdadeiro sentido da palavra, apenas o instante da morte é fatal; quando este momento chega, seja de uma forma ou de outra, não podeis a eles vos subtrair.”(4)

Isso, porém, não quer dizer que sejam inúteis as precauções ou os cuidados que devamos ter, de modo a evitar a morte; as precauções que venhamos a tomar nos são sugeridas por nossos protetores espirituais com vistas a evitarmos a morte que nos ameaça, constituindo dessa maneira um dos meios para que ela não ocorra.

Na reportagem, vimos que a menina recém-nascida foi enterrada viva e resgatada por equipes das polícias Civil e Militar. Segundo a família, todos acreditaram que ela estava morta. Kutz Amin, a bisavó, conta que a criança não chorou e por isso acreditou que estivesse morta e segundo costume de sua comunidade enterrou o corpo no quintal, sem acionar os órgãos oficiais. Bisavó e avó estão presas e respondem por tentativa de homicídio.

A menina, que é da etnia Kamayurá, é filha de mãe adolescente e solteira, o pai não prometeu assumir a criança, e nessas condições, segundo a cultura de algumas tribos indígenas do Xingu, o filho de mãe solteira deve morrer; da mesma maneira os gêmeos e deficientes correm o risco de serem enterrados vivos.

“O infanticídio indígena é um ato sem testemunha. As mulheres vão sozinhas para a floresta. Lá, depois do parto, examinam a criança. Se ela tiver alguma deficiência, a mãe volta sozinha para a aldeia. A prática acontece em pelos menos 13 etnias indígenas do Brasil, principalmente nas tribos isoladas, como os suruwahas, ianomâmis e kamaiurás. Cada etnia tem uma crença que leva a mãe a matar o bebê recém-nascido.”(5)

Infanticídio praticado por raças semicivilizadas, período de aprendizado vivido por nós em épocas remotas, que convivem conosco no clima da Terra, crescendo e se desenvolvendo espiritual e materialmente como qualquer um de nós, dito homens civilizados. Sua cultura vem ainda da falta de desenvolvimento do senso moral, do progresso moral e intelectual até agora alcançados.

Aprendemos com a Doutrina Espírita que as raças que chamamos selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância espiritual, Espíritos jovens que estão começando seu processo evolutivo e que “na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contato com Espíritos mais adiantados”, e há ainda, um grau acima delas, “as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos Espíritos em via de progresso, as quais são, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aqui se elevaram pouco a pouco, em longos períodos seculares das quais algumas puderam atingir a perfeição intelectual dos povos mais esclarecidos”.(6)

Tanto o infanticídio, como o homicídio e o aborto são praticados não só pelos indígenas, mas por uma civilização moderna, de ciência e tecnologia avançadas, que ainda está desenvolvendo faculdades morais em gérmen existentes em todos os seres humanos criados pelo Supremo Senhor da Vida. Esses são pontos em que a Doutrina Espírita vem nos trazer a luz da compreensão sobre os fatos narrados nessa e em outras reportagens sobre o assunto.

Países ditos desenvolvidos, de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) alto, legalizaram o aborto como um direito de a mulher poder escolher se irá ter aquele filho ou não. Em outros países, como a China, as mulheres são obrigadas a abortar, segundo uma política egoísta do filho único, que em 2012, estarreceu o mundo obrigando a uma jovem mãe de 23 anos a abortar o filho que trazia no ventre em seu sétimo mês de gestação. “A preferência tradicional por filhos homens levou a um alto índice de abandono de meninas em orfanatos, a abortos seletivos de acordo com o sexo do feto e até a casos de infanticídio feminino”, e em 2015, após 30 anos, o Partido Comunista da China anunciou o fim da política do filho único, permitindo que agora que cada casal tenha até dois filhos.(7) É o homem brincando de Deus!

Os homens “frequentemente, têm criado direitos e deveres imaginários, que a lei natural condena, e que os povos apagam de seus códigos, à proporção que progridem. A lei natural é imutável e a mesma para todos; a lei humana é variável e progressiva e só ela pôde ter consagrado, na infância das sociedades, o direito do mais forte”.(8)

Na reportagem em questão, além de crianças deficientes, a prática também abrange gêmeos, que são tidos como um mau-presságio, filhos de mães solteiras e crianças frutos de adultério que são vistas como amaldiçoadas. “O assassínio é um grande crime diante dos olhos de Deus, pois que aquele que tira a vida ao seu semelhante corta o fio de uma existência de expiação ou de missão. Aí é que está o mal.”(9)

Em nosso mundo domina o mal; e Allan Kardec, buscando o entendimento a respeito do bem e do mal, perguntou aos Espíritos Superiores: “o bem e o mal são absolutos para todos os homens?” Resposta dos Espíritos: “a lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade.”(10)

O Estatuto do Índio, promulgado em 1973, dividiu as tribos indígenas em três categorias: aquelas que vivem em completo isolamento; as que têm um limitado contato com o mundo exterior; e as que estão totalmente integradas na sociedade em geral. Portanto, quanto ao grau de responsabilidade “tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz”.(11)

“As circunstâncias dão relativa gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes, comete o homem faltas, que, nem por serem consequência da posição em que a sociedade o colocou, se tornam menos repreensíveis. Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos.”(12) Sendo Deus soberanamente justo, julga mais pela intenção do que pelo fato.

A lei humana diz: “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”.(13) A lei de Deus diz: “Não matarás”(14). E os Benfeitores da Humanidade, dirigidos pelo Espírito de Verdade, reafirmam que “o primeiro de todos os direitos naturais do homem é o de viver, por isso ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer a sua existência corporal”.(15)

Somos ainda Espíritos Imperfeitos, criados simples e ignorantes, sem saber, e Deus deu a cada um de nós uma missão, a fim de que progressivamente possamos chegar ao objetivo por Ele traçado, que é atingirmos a perfeição, (perfeição relativa, pois somente Deus é perfeito), pelo conhecimento da Verdade, e dessa maneira aproximarmo-nos dEle.

Mas o que é que nos impede de alçar voo em direção à perfeição? O egoísmo, filho do orgulho, negação da caridade, causador de todas as misérias humanas, o maior obstáculo à felicidade dos homens. Enquanto o egoísmo estiver enraizado nos corações dos homens, haverá infanticídios, abortos, homicídios, corrupção, violência… Nenhum de nós será verdadeiramente feliz.

Todos desejamos a paz e a fraternidade, saímos às ruas com bandeiras brancas pedindo paz, todavia, o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade; ele neutraliza todas as outras qualidades. A paz começa primeiramente em nós, a paz da consciência do dever cumprido, do respeito aos direitos do próximo, a paz da justiça, do desejo do melhor para meu semelhante. É necessário que se reformem as instituições humanas que entretêm e excitam o egoísmo, e o caminho está na educação, na educação moral dos indivíduos.

E finalmente, para atingirmos a plena felicidade, um mundo melhor, justo, onde o direito de cada um é respeitado, sem distinção de etnias, de grupos religiosos, seja criança, idoso, deficiente, enfim, de quem quer que seja, a prática absoluta da caridade deve ser a meta, porque implica a prática de todas as outras virtudes. Fora da Caridade não há Salvação!

Bibliografia:

(1) Olhar Direito <http://olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=446800&noticia=pediatra-avalia-que-bebe-indigena-enterrada-viva-pode-ter-habilidades-motoras-prejudicadas >;

(2) “A Gênese” - Cap. 14 - Os fluidos;

(3) “O Livro dos Espíritos” - Allan Kardec - Q. 853;

(4) Idem (3) - Q. 853a;

(5) <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/12/tradicao-indigena-faz-pais-tirarem-vida-de-crianca-com-deficiencia-fisica.html >;

(6) “O Evangelho segundo o Espiritismo” - Allan Kardec - Cap. III - Há muitas moradas - Mundos de expiações e de provas, item 14;

(7) <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/10/china-acaba-com-politica-do-filho-unico-e-permitira-dois-filhos-por-casal.html >;

(8) “O Livro dos Espíritos” - Progresso da Legislação Humana - Q. 795 (Comentário de Allan Kardec);

(9) “O Livro dos Espíritos” - Q. 746;

(10) “O Livro dos Espíritos” - Q. 636;

(11) “O Livro dos Espíritos” - Q. 637;

(12) “O Livro dos Espíritos” - Q. 637 (comentário de Allan Kardec);

(13) Declaração Universal dos Direitos Humanos - Artigo III;

(14) Decálogo - 5º Mandamento;

(15) “O Livro dos Espíritos” - Capítulo X - Lei de Justiça, Amor e Caridade - Q.880.

  • Glória Alves nasceu em 1º de agosto de 1956, na cidade do Rio de Janeiro. Bacharel e licenciada em Física. É espírita e trabalhadora do Grupo Espírita Auta de Souza (GEAS). Colaboradora do Espiritismo.net no Serviço de Atendimento Fraterno off-line e estudos das Obras de André Luiz, no Paltalk.